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O que há nas polêmicas caixas de comida entregues em Gaza? Especialistas alertam para um outro problema

Publicado em 28/07/2025 às 10:40
Gaza, Israel, Alimentos
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ONU alerta para aumento de mortes por desnutrição em Gaza; caixas com alimentos distribuídas têm calorias, mas não nutrição suficiente

Mais de dois milhões de palestinos em Gaza enfrentam uma grave crise de fome. A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o número de mortes por desnutrição aumenta a cada dia. A situação se agravou com a escassez de água potável e combustível. Além disso, a dificuldade para cozinhar os alimentos tornou-se um obstáculo adicional para a sobrevivência.

Distribuição de caixas alimentares pela FHG

Desde o fim de maio, a Fundação Humanitária de Gaza (FGH) afirma ter distribuído 91 milhões de refeições.

As entregas são feitas por meio de caixas com alimentos. A FGH é apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.

No entanto, a BBC não conseguiu verificar o conteúdo dessas caixas diretamente, já que jornalistas estrangeiros estão impedidos de entrar no território.

Apesar disso, imagens publicadas nas redes sociais começaram a circular. Nesta semana, a própria FHG divulgou fotos do conteúdo das caixas.

As imagens mostram alimentos secos como macarrão, grão-de-bico, lentilhas e farinha de trigo. Também há óleo de cozinha, sal e tahine, além de barras de halva — um doce feito com pasta de gergelim e açúcar.

Alto teor calórico, baixa nutrição

A FHG disponibilizou uma tabela com os dados calóricos de uma “caixa média”. Segundo o grupo, cada unidade tem 42.500 calorias e pode alimentar 5,5 pessoas por 3,5 dias.

Em alguns casos, as caixas incluem chá, biscoitos, batatas, cebolas e chocolate. No entanto, esses itens não estão incluídos nos dados oficiais da tabela.

Especialistas analisaram a lista fornecida. O professor Stuart Gordon, da London School of Economics, disse que a dieta até pode conter calorias suficientes, mas está longe de ser completa. “Enche o estômago, mas oferece uma dieta vazia”, resumiu.

Segundo Gordon, esse tipo de alimentação é típica de emergências, para evitar mortes imediatas. No entanto, ele advertiu que, consumida por semanas, essa dieta causa “fome oculta” e doenças como anemia e escorbuto.

Deficiências severas e riscos à saúde

O professor Andrew Seal, do University College London, também avaliou o conteúdo. Ele identificou deficiências de cálcio, ferro, zinco e das vitaminas C, D, B12 e K. Além disso, apontou a ausência de alimentos apropriados para crianças pequenas.

Seal destacou que o consumo prolongado desses alimentos gera deficiências nutricionais graves. Isso afeta especialmente os grupos mais vulneráveis, como mulheres grávidas e crianças.

Para ele, programas da ONU costumam oferecer alimentos a granel e suplementos direcionados, o que não ocorre com as caixas da FHG.

A BBC Verify tentou questionar a FHG sobre o valor nutricional das caixas. Também perguntou se a organização recebeu conselhos técnicos ou pretende ajustar o conteúdo. Até o momento, não houve resposta.

Cozinhar virou desafio em meio à crise

Mesmo quem recebe as caixas enfrenta dificuldades para preparar os alimentos. Muitos itens exigem cozimento, mas falta água e combustível.

O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (OCHA) alertou que a crise da água se agrava rapidamente.

Sem gás para cozinhar, as famílias recorrem a materiais descartados e métodos inseguros. Em maio, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) informou que o fornecimento de gás havia sido interrompido.

Desde então, o produto é vendido no mercado negro com preços até 4.000% mais altos que antes do conflito.

Cenário é considerado extremo pela ONU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que os habitantes de Gaza enfrentam grave escassez de suprimentos.

Segundo o PMA, quase um terço da população passa dias sem comer. A desnutrição atinge principalmente mulheres e crianças. Estima-se que 90 mil pessoas precisam de tratamento urgente.

Com informações de BBC.

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Romário Pereira de Carvalho

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