Plenária virtual ouviu relatos de medo e denúncias após cortes de cerca de 1.000 trabalhadores remotos do Itaú. Banco nega demissão em massa e fala em revisão individual.
Na noite de 24 de setembro, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região realizou uma plenária virtual com funcionários do Itaú para discutir o futuro do home office e os efeitos das recentes dispensas. O encontro reuniu relatos de clima de pânico, denúncias e propostas de mobilização.
A plenária foi convocada após o dia 8 de setembro, quando o banco promoveu cortes estimados em cerca de 1.000 pessoas que atuavam em regime remoto ou híbrido, segundo o sindicato. O Itaú afirmou que as decisões decorreram de “revisão criteriosa de condutas” ligadas ao trabalho remoto e ao registro de jornada, sem confirmar números. “Não foi demissão em massa”, disse a instituição em nota à imprensa.
Reportagens detalharam que o banco utilizou telemetria e monitoramento de cliques/teclado para embasar as decisões, sem informar previamente todos os trabalhadores, o que especialistas consideram controverso do ponto de vista de transparência e LGPD.
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O tema ganhou escala nacional. Na terça (23/9), uma audiência pública em Brasília discutiu saúde e condições de trabalho na categoria, com o deputado federal Vicentinho (PT-SP) incluindo o caso do Itaú na pauta.
Por que o Itaú demitiu e o que está em disputa
Segundo o banco, os desligamentos foram individuais após uma revisão de condutas no home office e padrões “incompatíveis” com princípios de confiança. A versão oficial ressalta que não se tratou de layoff coletivo e que houve “gestão responsável”. O número de desligados não foi confirmado pelo Itaú.
O sindicato contesta critérios e falta de transparência. Alega que a métrica de atividade digital desconsidera a natureza de tarefas técnicas, períodos de raciocínio, testes de sistemas e falhas de registro, o que pode distorcer produtividade. A entidade cobra acesso às regras e dados que fundamentaram os cortes e pede revisão caso a caso.
Investigações jornalísticas informaram uso de softwares de vigilância que registram cliques, teclado e navegação, o que abre debate sobre consentimento e finalidade do tratamento. Juristas ouvidos na imprensa apontam risco jurídico se não houver base legal adequada e comunicação prévia.
Plenária de 24/9 teve relatos de pânico, denúncias e propostas
Na plenária, dirigentes do sindicato reforçaram mobilização coletiva e relataram insegurança entre bancários após os cortes. Foram citadas queixas sobre vigilância intensificada e alterações contratuais unilaterais para quem foi contratado como full remote, além de preocupação com neurodivergentes dispensados.
Entre as pautas apresentadas ao banco estão: direito à desconexão, fornecimento de equipamentos, transparência em métricas, respeito à LGPD e saúde no trabalho remoto. A entidade também relatou que, em reuniões, o Itaú não indicou recomposição imediata do quadro afetado.
O sindicato informou que compilará denúncias e reivindicações para negociação e manterá atos em locais de trabalho e redes. Há um Canal de Denúncias aberto a trabalhadores que se sentirem ameaçados ou desrespeitados.
Impactos para o home office, LGPD e a automação no setor bancário
O caso reacendeu o debate sobre gestão por dados no home office. Especialistas defendem indicadores combinados (entregas, qualidade e prazos) em vez de telemetria bruta. O sindicato argumenta que o monitoramento opaco fere confiança e pode adoecer equipes.
Há ainda o temor de aceleração da automação/IA no setor bancário, com redução do quadro em áreas de backoffice. Dirigentes sindicais citaram a necessidade de critérios de avaliação mais adequados nos próximos acordos, para evitar novas ondas de demissões associadas a algoritmos.
Para trabalhadores e empresas, a conformidade com a LGPD exige finalidade clara, base legal apropriada e transparência sobre os dados coletados. Comunicação prévia e governança de dados são pontos críticos em políticas de monitoramento remoto.
O que diz o banco e o que esperar das negociações
Em comunicados à imprensa, o Itaú sustenta que os desligamentos foram pontuais e individuais, baseados em revisão criteriosa do trabalho remoto e do registro de jornada; evita números e nega “demissão em massa”. A controvérsia persiste porque relatos e estimativas do sindicato apontam cerca de 1.000 cortes.
O sindicato, por sua vez, pressiona por transparência, reintegração de casos sensíveis e negociação de salvaguardas no home office. Atos e reuniões setoriais seguem em São Paulo e na Fenaban.
No pano de fundo, o Itaú é o maior banco privado do país, com cerca de 96 mil empregados no total e ampla adoção de regimes híbridos, estimativas da imprensa internacional falam em cerca de 60% do quadro em alguma modalidade de híbrido. O banco não confirmou recortes específicos por modalidade no episódio de setembro.
E você, o que acha? O banco errou ao confiar em telemetria de cliques para medir produtividade ou os dados são ferramenta legítima de gestão? Deve haver reintegrações? Deixe seu comentário e argumente se monitoramento digital melhora performance ou fragiliza direitos no home office.