WEG: Descubra a história da gigante brasileira de motores elétricos. De Jaraguá do Sul para o mundo, veja a trajetória de sucesso e inovação da empresa.
Contrariando a ideia de que o Brasil vive apenas de commodities, a WEG se estabeleceu como uma potência industrial brasileira de alcance mundial. Fundada nos anos 60 em Jaraguá do Sul (SC) por três empreendedores visionários, a empresa hoje fatura bilhões, emprega dezenas de milhares e exporta tecnologia para os cinco continentes, sendo uma referência global.
Os fundadores da WEG: Werner Ricardo Voigt, Egon João da Silva e Geraldo Werninghaus unem forças em Jaraguá do Sul
A história da WEG começa com a união de três homens com habilidades complementares em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Werner Ricardo Voigt, um eletricista apaixonado pela área desde criança; Egon João da Silva, um administrador com experiência bancária e empresarial; e Geraldo Werninghaus, um mecânico talentoso vindo da oficina do pai. Percebendo a alta demanda e a demora na entrega de motores elétricos na região, eles viram uma oportunidade.
Em 16 de setembro de 1961, fundaram a Eletromotores Jaraguá. O capital inicial era modesto, equivalente a cerca de três Fuscas na época. Egon tornou-se o presidente devido aos seus conhecimentos administrativos. Logo, a empresa adotou o nome WEG, formado pelas iniciais dos sobrenomes dos fundadores (Werner, Egon, Geraldo), nome que também significa “caminho” em alemão e pelo qual os clientes já chamavam seus produtos.
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Do interior catarinense ao Brasil: superando desafios e construindo qualidade
O início foi desafiador. A WEG enfrentava grandes concorrentes, principalmente importados, e lidava com as dificuldades de comunicação e logística de uma cidade pequena como Jaraguá do Sul, que tinha apenas 12 mil habitantes. O mercado brasileiro ainda não estava acostumado a produtos industrializados nacionais. Determinados, os fundadores viajavam de ônibus pelas cidades vizinhas, carregando motores debaixo do braço para vendê-los.
O esforço começou a dar resultados. Em 1964, a WEG iniciou a construção de sua sede própria, o Parque Fabril 1. Logo surgiu outro desafio: a falta de mão de obra qualificada. A solução foi investir na formação interna: em 1968, inauguraram o Centro de Treinamento WEG (Centroweg). Buscando aprimoramento, os fundadores viajaram à Alemanha para estudar processos e tecnologias, trazendo conhecimento que se tornou vantagem competitiva. Em 1970, inspirada nesse aprendizado, a empresa criou sua política de qualidade e produziu seu primeiro motor conforme as normas da ABNT, um grande sucesso.
Diversificação, verticalização e conquista internacional
Aproveitando o “milagre econômico” brasileiro, os produtos WEG ganharam o país. Em 1970, numa decisão ousada para a época, a empresa começou a exportar para países vizinhos como Guatemala e Uruguai. Em 1971, abriu seu capital na Bovespa. No final da década de 70, já havia produzido um milhão de motores e exportava para mais de 20 países.
A crise econômica brasileira dos anos 80 trouxe dificuldades, mas a WEG respondeu com estratégia: diversificou seus produtos, criando novas frentes de negócio (WEG Acionamentos, Máquinas, Transformadores, Química, Automação), e iniciou a verticalização, passando a produzir internamente muitos dos componentes necessários. Essas estratégias impulsionaram o crescimento. Em 1989, após quase 30 anos, Egon passou a presidência para seu filho, Décio da Silva, e os fundadores foram para o Conselho de Administração.
Sob a liderança de Décio, a WEG intensificou sua expansão internacional nos anos 90, mirando os grandes mercados dos Estados Unidos e Europa, abrindo filiais em diversos países. No final da década, dominava 79% do mercado brasileiro de motores e exportava 29% de sua produção para 55 países. O novo milênio trouxe mais marcos: em 2000, adquiriu as primeiras fábricas no exterior (México e Argentina); em 2001, atingiu R$ 1 bilhão de faturamento anual; e em 2006, produziu o motor número 100 milhões.
Potência global e fábrica de bilionários: a WEG hoje
Após Décio assumir a presidência do Conselho, Harry Schmelzer Jr., um funcionário de carreira, tornou-se CEO e continuou o ritmo acelerado, focando em aquisições (mais de 25 empresas) e novos mercados. A entrada na geração de energia eólica em 2011 foi um passo importante. Em 2012, as vendas no mercado externo superaram as domésticas, alcançando 51% do faturamento e consolidando o sucesso internacional da WEG.
Hoje (Maio de 2025), a WEG é uma gigante global. Possui filiais em 37 países e fábricas em 15. Em 2022, seu faturamento atingiu R$ 29,9 bilhões (56% do exterior) e o lucro líquido foi de R$ 4,2 bilhões. Com mais de 38 mil funcionários, produz anualmente mais de 19 milhões de motores e oferece mais de 1.500 linhas de produtos. Atua em quatro divisões: Equipamentos Eletrônicos Industriais; Geração, Transmissão e Distribuição (GTD); Motores Comerciais e Appliance; e Tintas. Seu sucesso estrondoso na bolsa de valores e a valorização de mais de 1000% na década passada lhe renderam o apelido de “Fábrica de Bilionários”, com 29 herdeiros dos fundadores figurando na lista da Forbes.
O legado da WEG
O foco histórico em inovação continua sendo um pilar da WEG. A empresa investe fortemente em energia renovável, inteligência artificial (com aquisição de startups) e mobilidade elétrica, fechando contratos para fornecer carregadores para montadoras como Volvo e Renault. O objetivo de oferecer soluções elétricas completas, de ponta a ponta, guia a estratégia da empresa. A trajetória de Werner, Egon e Geraldo, que transformaram uma oportunidade em um império industrial, segue como uma grande fonte de inspiração para o empreendedorismo no Brasil.