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O que aconteceu com o Zenfone no Brasil? De celular revolucionário e acessível da Asus ao esquecimento diante

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 23/09/2025 às 21:53
A história do Asus Zenfone no Brasil: do sucesso com inovação e custo-benefício ao declínio com concorrência chinesa, preços altos e presença reduzida.
A história do Asus Zenfone no Brasil: do sucesso com inovação e custo-benefício ao declínio com concorrência chinesa, preços altos e presença reduzida.
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Da ascensão meteórica ao desaparecimento silencioso: como a Asus encantou brasileiros com o Zenfone e depois perdeu espaço para concorrentes chineses

Se você viveu o auge da década passada, com certeza já ouviu falar de um Zenfone. Talvez até tenha tido um deles.

Modelos como o Zenfone 5, que brigou de frente com os gigantes mais populares, o Zenfone 2, que surpreendeu ao trazer 4 GB de RAM quando isso era raridade, ou ainda o inovador Zenfone 6 com sua câmera Flip.

Eles conquistaram muitos corações. Mas afinal, onde foi parar essa marca que parecia destinada a revolucionar o mercado de smartphones?

Hoje, vamos revisitar essa história, do sucesso absoluto até o desaparecimento quase silencioso.

E entender como a Asus, que conquistou tantos fãs no Brasil, acabou deixando espaço para os concorrentes.

A chegada ao Brasil

A Asus entrou no mercado brasileiro em 2014, com uma estratégia clara e agressiva.

O objetivo era simples: oferecer celulares com especificações de ponta a preços competitivos, mirando diretamente no público que queria desempenho sem pagar uma fortuna.

O grande divisor de águas foi o Zenfone 5, um dos primeiros modelos a chegar por aqui. Ele trouxe design chamativo, interface otimizada e hardware de respeito, rivalizando com concorrentes muito mais caros.

Naquele ano, o cenário era previsível. Ou você comprava iPhone, ou partia para os Galaxies da Samsung, além de algumas poucas alternativas.

Tudo bom, mas nem todo mundo conseguia pagar. O jogo parecia sempre o mesmo, até que a Asus entrou para mudar essa lógica.

O impacto do Zenfone 5

O Zenfone 5 não chegou tímido. Ele trouxe personalidade forte, design elegante e uma interface que surpreendeu. A ZenUI era otimizada, leve, intuitiva e sem lentidões, coisa que raramente se via em modelos acessíveis.

O hardware encarava os concorrentes mais caros sem dificuldade. E o preço justo mostrava que qualidade não precisava ser luxo. Para muitos, aquele aparelho foi a materialização da ideia de que tecnologia avançada podia ser acessível.

Outro ponto marcante foi a escolha da Asus em usar processadores Intel, enquanto o mercado apostava quase exclusivamente na Qualcomm. Essa parceria trouxe curiosidade, diferenciação e preços mais competitivos para o consumidor. Gamers e entusiastas viam aquilo como novidade ousada.

Disputa com o Moto G

Na mesma época, a Motorola também brilhava com o Moto G. O diferencial ali era o Android quase puro, simples, rápido e com atualizações mais rápidas. Já a Asus apostava na personalização pesada, com dezenas de aplicativos pré-instalados e recursos exclusivos.

A ZenUI era colorida, cheia de atalhos, gestos e funções extras. Isso dava ao usuário um controle maior, mas também tornava o sistema mais pesado em alguns momentos. Ainda assim, o público abraçou a proposta, principalmente com o marketing agressivo da marca, que patrocinava eventos, influenciadores e até equipes de eSports.

O salto do Zenfone 2

O ano de 2015 trouxe o Zenfone 2, outro divisor de águas. Foi o primeiro celular do mundo com 4 GB de RAM, algo raríssimo até em modelos caros da época. Essa jogada consolidou a Asus como marca de inovação acessível.

Entre gamers e entusiastas, o Zenfone 2 virou referência de desempenho. Com isso, a Asus conquistou ainda mais reputação no Brasil, mostrando que não estava de brincadeira.

Os anos seguintes consolidaram essa imagem. Modelos da linha trouxeram câmeras melhores, design sofisticado e suporte local, passando confiança ao consumidor brasileiro.

A confusão dos números

Um detalhe curioso da linha sempre foi a numeração. O primeiro Zenfone 5 chegou em 2014, mas logo depois apareceram modelos chamados Zenfone 2, 3 e 4.

Na prática, a Asus usava números para categorizar posições na linha, e não exatamente para indicar ordem cronológica. O Zenfone 4 era o básico, o Zenfone 5 o intermediário carro-chefe, e o Zenfone 6 o topo de linha. Isso gerou certa confusão, mas não atrapalhou o entusiasmo dos fãs.

O início do declínio

Apesar do sucesso, as coisas começaram a mudar. O aumento gradual dos preços minou o principal diferencial da marca: o custo-benefício.

Ao mesmo tempo, a Asus mudou sua estratégia global e reduziu o foco no Brasil. O investimento em marketing caiu, a distribuição encolheu e os concorrentes chineses aproveitaram o vácuo. Xiaomi, Huawei, Oppo e OnePlus entraram fortes com a mesma fórmula que antes era exclusiva do Zenfone: especificações altas por preços acessíveis.

Para piorar, surgiram problemas de pós-venda. Reclamações sobre suporte demorado e peças difíceis de encontrar afastaram consumidores que buscavam segurança.

Lançamentos esquecidos

Mesmo quando trouxe inovações globais, como a câmera Flip do Zenfone 6, a presença da Asus no Brasil já estava fraca. Os lançamentos chegavam discretos, sem o marketing barulhento do passado.

A pandemia e a crise dos semicondutores agravaram a situação. A Asus reduziu ainda mais o portfólio, focando em mercados estratégicos e abandonando a briga de massa no Brasil.

A virada para os gamers

Diante desse cenário, a empresa mudou o rumo. Decidiu apostar em nichos específicos, especialmente com a linha ROG Phone, dedicada ao público gamer.

O Zenfone, que antes era aposta de massa, perdeu protagonismo.

A Asus preferiu mirar em consumidores dispostos a pagar caro por desempenho e recursos exclusivos. Isso garantiu sobrevida da marca em smartphones, mas afastou o público comum que via no Zenfone um símbolo de custo-benefício.

Zenfone recente: inacessível

Nos últimos anos, a Asus até lançou modelos como Zenfone 8 e Zenfone 9, mas a estratégia já era outra. Preços altos, distribuição limitada e foco restrito os tornaram inacessíveis para quem antes era fã da marca.

O Zenfone 8, por exemplo, apostava em formato compacto e potente. Só que o preço o colocava na mesma faixa dos topos de linha da Samsung e da Apple. Nesse cenário, a Asus perdeu espaço de vez.

O legado

Mesmo fora do radar, o Zenfone deixou legado importante. Ele mostrou ao mercado que era possível popularizar recursos avançados para um público amplo.

Foi pioneiro em trazer 4 GB de RAM, câmeras de alta qualidade e baterias enormes em modelos acessíveis. Exemplos são o Zenfone Zoom, com zoom óptico, o Zenfone Selfie, focado em câmeras frontais, e o Zenfone Max, famoso pela bateria gigante.

Esses modelos não só conquistaram fãs, mas também obrigaram concorrentes a entregar mais por menos.

Lições e lembranças

A trajetória do Zenfone deixa lições. Em tecnologia, não basta ter produto bom. É preciso manter estratégia sólida, marketing consistente e presença constante no mercado.

O Zenfone tinha tudo para ser duradouro, mas o foco da Asus mudou. Hoje, a marca mira em nichos como os gamers, enquanto no Brasil ela virou apenas memória de quem viveu seu auge.

Ainda assim, a lembrança do custo-benefício e da inovação acessível continua viva. Quem teve um Zenfone lembra com carinho do aparelho que marcou época e desafiou gigantes.

O que fica para os fãs

Mesmo com a saída silenciosa, os fãs ainda guardam histórias. Muitos sonhavam com o Zenfone Selfie, outros se impressionavam com o Zenfone 2. A marca criou laços fortes, principalmente porque oferecia algo que parecia impossível: desempenho de ponta sem preço exorbitante.

O futuro é incerto, mas quem viveu aquela fase dificilmente esquece. O Zenfone pode ter saído do mercado de massa, mas não saiu da memória de quem acompanhou sua jornada.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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