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O que aconteceu com a BRF? Um dos maiores escândalos alimentares do Brasil e à retomada bilionária

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 28/04/2025 às 21:09
A história da BRF: da rivalidade Sadia/Perdigão aos escândalos (Carne Fraca) e a virada sob comando da Marfrig. Entenda a trajetória da gigante!
A história da BRF: da rivalidade Sadia/Perdigão aos escândalos (Carne Fraca) e a virada sob comando da Marfrig. Entenda a trajetória da gigante!
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A história da BRF: da origem de Sadia e Perdigão em SC, passando pela fusão, crises financeiras, operação Carne Fraca e a recente virada sob comando da Marfrig.

Escândalos financeiros, brigas de conselho e até carne vencida. Todos esses elementos fazem parte da história da BRF. A gigante brasileira de alimentos nasceu da união das rivais Sadia e Perdigão.

Sua trajetória teve reviravoltas dignas de série. Começou no interior de Santa Catarina e virou um conglomerado global, marcado por crises e recuperações.

Sadia e Perdigão: as raízes catarinenses da futura BRF

A origem da BRF está no interior de Santa Catarina. Começou com duas famílias de imigrantes italianos. A Perdigão foi criada em 1934, em Videira, pelas famílias Brandalise e Ponzoni. Focava inicialmente em carne suína. Dez anos depois, em 1944, Attilio Fontana fundou a Sadia em Concórdia.

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A Sadia tinha foco em exportações e tecnologia desde cedo. As duas empresas cresceram e se tornaram grandes rivais nos supermercados. Lançavam produtos concorrentes, como o Peru Temperado (Sadia) e o Chester (Perdigão).

Aposta arriscada e fusão forçada: o nascimento da BRF

Sadia e Perdigão: as raízes catarinenses da futura BRF

No final dos anos 2000, a Sadia enfrentou uma grave crise. A empresa apostou alto na queda do dólar no mercado de câmbio. Veio a crise global de 2008, e o dólar disparou. A Sadia perdeu R$ 1,2 bilhão em um trimestre com derivativos cambiais. A situação ficou insustentável, com saída de diretores.

A única saída foi a união com a rival Perdigão. Em 2009, a Perdigão incorporou a Sadia. Nascia assim a Brasil Foods, que mais tarde foi rebatizada como BRF. A fusão só foi totalmente aprovada pelo CADE (órgão antitruste) em 2013, com exigência de venda de ativos.

Abilio Diniz no Ccmando: o donho (frustrado) da ‘Ambev dos alimentos’

Em 2013, Abilio Diniz, ex-Pão de Açúcar, assumiu influência na BRF junto à gestora Tarpon. O objetivo era transformar a empresa na “Ambev dos alimentos”. A gestão focou em cortar custos e buscar eficiência. No processo, muitos executivos experientes de Sadia e Perdigão foram demitidos.

A empresa perdeu conhecimento técnico importante. Houve erros estratégicos, como apostas erradas no preço de grãos (2015). Tentativas de reposicionar as marcas Sadia (premium) e Perdigão (popular) não funcionaram bem. Em 2016, a BRF registrou seu primeiro prejuízo líquido desde a fusão.

O escândalo que abalou a BRF

Os problemas da BRF se agravaram com escândalos policiais. Em março de 2017, a Operação Carne Fraca investigou um esquema de corrupção em frigoríficos. A BRF foi citada por supostas irregularidades, incluindo uso de alimentos vencidos. Em 2018, a Operação Trapaça mirou diretamente a BRF.

A acusação era de fraudar exames laboratoriais entre 2012 e 2015 para esconder problemas de qualidade. O impacto na imagem e nas finanças foi devastador. As ações despencaram e a empresa acumulou prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2017. A BRF negou as acusações e implementou medidas de conformidade.

Marfrig assume o controle: Marcos Molina e a nova era da BRF

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Em meio à crise, Abilio Diniz deixou a BRF em 2021. Nesse mesmo ano, Marcos Molina, controlador da Marfrig, começou a comprar ações da BRF. Em 2022, a Marfrig tornou-se a maior acionista, com 33,25%. Molina assumiu a presidência do conselho de administração, trazendo sua equipe.

Representantes das famílias fundadoras e fundos de pensão perderam influência. Em dezembro de 2023, a Marfrig aumentou sua participação para 50,6%. Rumores sobre uma fusão total entre BRF e Marfrig ressurgiram, embora não confirmada oficialmente.

Recuperação e novos rumos

Sob a nova gestão, liderada pelo CEO Miguel Gularte e o conselho de Molina, a BRF passou por forte reestruturação. Os resultados financeiros melhoraram significativamente em 2024. A empresa registrou recorde de geração de caixa (R$ 6,5 bilhões) e lucro (R$ 1,1 bilhão no 2º trimestre de 2024), além da menor alavancagem em nove anos.

A BRF também fez movimentos internacionais (Arábia Saudita, China). O foco estratégico atual está em alimentos processados (nuggets, lasanhas, etc.), que têm maior margem. A empresa também voltou a investir no segmento de pet food em 2025. Com caixa robusto, a BRF entrou em 2025 mais enxuta e focada.

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Sergio A. Asfora
Sergio A. Asfora(@sergioasforagmail-com)
Member
29/04/2025 03:13

Se administrar uma empresa fosse algo fácil, não existiriam tantas falências no mundo. Um bom administrador é acima de tudo um grande estrategista, tem que prever com antecedência e virar o jogo ao seu favor, antes mesmo que os problemas aconteçam evitando, crises em sua administração.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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