O primeiro tubarão-laranja do mundo foi descoberto na Costa Rica; espécie rara com brilho metálico intriga cientistas e desafia a biologia marinha.
A natureza voltou a surpreender a ciência. Em fevereiro de 2024, pesquisadores da Universidade de Costa Rica (UCR) e do Museu de História Natural da Flórida confirmaram a descoberta de uma nova espécie de tubarão, o primeiro com coloração naturalmente alaranjada já registrada no planeta. O achado ocorreu durante uma expedição científica no Oceano Pacífico, ao largo da ilha de San Lucas, a cerca de 360 km da costa da Costa Rica, em uma profundidade próxima de 1.000 metros.
Segundo o estudo publicado no Journal of the Ocean Science Foundation, o animal foi batizado de Etmopterus benchleyi, em homenagem ao escritor Peter Benchley- autor de Tubarão, clássico que inspirou o filme de Steven Spielberg. A tonalidade alaranjada e o brilho metálico do corpo chamaram atenção imediata dos pesquisadores, tornando o exemplar um fenômeno biológico único.
Um tubarão diferente de tudo que já se viu
O espécime, com pouco mais de 50 centímetros de comprimento, pertence à família dos tubarões-lanterna (Etmopteridae), conhecidos por emitirem luz própria por meio de órgãos chamados fotóforos. No entanto, o E. benchleyi vai além: sua pele reflete a luz ambiente de uma forma incomum, criando o efeito visual de um tom alaranjado metálico, algo nunca observado antes em tubarões.
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De acordo com o biólogo marinho David Ebert, um dos responsáveis pela pesquisa, a coloração provavelmente tem relação com adaptações evolutivas às profundezas do oceano, onde a luz solar é quase inexistente.
“Os tons de laranja e cobre podem ajudar na camuflagem contra predadores, já que a luz azul do oceano não alcança essas faixas de comprimento de onda”, explicou o especialista ao portal Science News.
O ambiente das profundezas e o desafio da descoberta
O local onde o tubarão foi encontrado é uma das regiões menos exploradas do Pacífico Oriental, com cânions submarinos e temperaturas que variam entre 3°C e 6°C. As coletas foram realizadas com equipamentos de alta pressão e submersíveis operados remotamente.
Os cientistas relatam que o animal foi avistado pela primeira vez em uma filmagem noturna de um veículo subaquático. Ao ser trazido à superfície, a mudança de pressão revelou com mais clareza a coloração intensa que se manteve mesmo após dias preservado em laboratório.

“É uma das descobertas mais visualmente impactantes das últimas décadas”, disse Martha Alfaro, pesquisadora da UCR. “Costumamos ver tubarões cinza, azulados ou negros. Encontrar um com brilho laranja metálico é como encontrar uma joia viva nas profundezas do mar.”
Mistério biológico e impacto na conservação
Os estudos ainda estão em andamento, mas os cientistas acreditam que o tubarão-laranja possa ter uma distribuição limitada nas águas profundas da América Central, especialmente em áreas de difícil acesso próximas ao Golfo do Panamá.
A descoberta também levanta discussões sobre a biodiversidade marinha ameaçada pela pesca de arrasto e pela mineração oceânica, práticas que avançam sobre os ecossistemas abissais.
Segundo o Instituto de Pesquisa Marinha da Costa Rica, cerca de 80% das espécies de tubarões que vivem abaixo de 500 metros ainda não foram formalmente catalogadas. O caso do E. benchleyi reforça o alerta sobre a necessidade de novas políticas de preservação e mapeamento.
Uma descoberta que fascina o mundo científico
O registro do primeiro tubarão-laranja já repercute entre instituições de pesquisa e coleções marinhas de todo o mundo. Amostras de DNA foram enviadas para universidades dos Estados Unidos, Japão e Alemanha, com o objetivo de entender se a cor é causada por pigmentos estruturais ou modificações genéticas.
A descoberta também abriu espaço para discussões sobre luminescência marinha, pois o E. benchleyi apresenta fotóforos ativos, que podem gerar luz biológica. Se confirmado, será a primeira espécie de tubarão a combinar bioluminescência funcional e pigmentação alaranjada natural, uma combinação nunca antes registrada.

Para a comunidade científica, o achado simboliza o quanto ainda desconhecemos das profundezas do oceano. Estima-se que menos de 20% dos ecossistemas submarinos da Terra tenham sido explorados de forma sistemática. O novo tubarão-laranja é, portanto, uma lembrança viva de que o planeta ainda guarda mistérios fascinantes.
“Cada mergulho em regiões abissais pode revelar algo totalmente inesperado”, concluiu o pesquisador Ebert. “E este tubarão é a prova de que a natureza sempre tem uma nova carta escondida nas profundezas.”



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