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O preço dos carros vai disparar? Entenda por que o Fiat Mobi subiu 148%, como o aumento do peso, o custo do aço e as novas exigências de segurança estão pressionando o mercado

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/09/2025 às 14:29
Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança.
Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança.
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A escalada dos preços dos carros no Brasil revela mudanças estruturais na indústria, combinando exigências de segurança, encarecimento do aço e novas regras tributárias que afetam diretamente o consumidor.

Em vídeo publicado nesta terça-feira (9), o investidor Thiago Nigro, do canal Primo Rico, afirmou que “existe uma grande chance de, nos próximos meses, os preços dos carros começarem a disparar”.

Para sustentar o alerta, ele comparou a trajetória do Fiat Mobi desde o lançamento, em abril de 2016, até hoje, e relacionou três vetores de pressão: carros mais pesados por causa de equipamentos de segurança, encarecimento do aço e novas regras tributárias.

Segundo ele, a combinação desses fatores tende a manter os valores em alta.

Fiat Mobi exemplifica a escalada de preços

Nigro usou o Mobi como termômetro.

Quando chegou às lojas, em 13 de abril de 2016, o subcompacto partia de R$ 31.900.

No site oficial da marca, o preço de entrada hoje aparece “a partir de R$ 80.060”, valor que tem sido repetido em comunicações e ofertas de concessionárias.

Na prática, trata-se de um avanço de cerca de 151% desde o lançamento.

Em seu vídeo, o criador compara esse salto com a inflação oficial do período e diz que o IPCA acumulado de abril de 2016 até agora ficou na casa de pouco mais de 60%, ou seja, bem abaixo do avanço do Mobi.

Ainda que cada modelo tenha dinâmica própria de preço, a defasagem reforça a percepção de que o mercado automotivo encareceu acima da média da economia, avaliação recorrente entre especialistas.

“Os preços subiram e não voltaram ao normal”, resume Nigro, ao defender que a alta é estrutural, não apenas conjuntural.

Para ele, três motores explicam o movimento, sendo o primeiro o aumento de massa dos veículos por conta das exigências de segurança.

Carros mais pesados e exigências de segurança

O argumento do aumento de peso aparece vinculado a marcos regulatórios.

Airbags frontais duplos e freios ABS passaram a ser obrigatórios em todos os carros novos em 2014, por decisão do Contran.

Anos depois, o controle eletrônico de estabilidade (ESC) e as luzes de rodagem diurna (DRL) também se tornaram itens compulsórios: a implantação plena para todos os modelos vendidos no Brasil ocorreu em janeiro de 2024, após um cronograma iniciado em 2020 para novos projetos.

Nigro sustenta que, para acomodar sistemas ativos e passivos de segurança, as montadoras reforçam carrocerias e estruturas, o que acrescenta quilos e amplia o uso de materiais como o aço.

A evolução do Fiat Uno ilustra a tendência: o Uno Mille 2000 tinha peso de catálogo em torno de 765 kg.

Em 2010, a versão Mille Fire chegava perto de 830 kg.

Já o Uno 2020 (linhas Attractive/Drive 1.0) supera 950 kg e pode alcançar 1.010 kg, a depender da configuração.

Na Europa, o pacote de segurança conhecido como GSR2 elevou a barra a partir de julho de 2022, com a inclusão de tecnologias como frenagem autônoma de emergência e assistentes de permanência em faixa.

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Custo do aço pressiona a indústria automotiva

O segundo vetor apontado por Nigro é o custo do aço, insumo central na fabricação de veículos.

No mercado internacional, a commodity passou por forte volatilidade desde a pandemia, com picos em 2021 e oscilações recentes.

No Brasil, indicadores de construção mostram o quilo do aço comum próximo a R$ 9 em 2024/2025, com variações por estado e por tipo de produto.

O setor automotivo, no entanto, utiliza ligas específicas e de maior valor agregado.

De acordo com o analista, quando o aço sobe, as montadoras tendem a repassar parte do aumento ao preço final, sobretudo em segmentos de margem estreita.

Essa pressão se soma ao encarecimento de sistemas eletrônicos e sensores embarcados, que ampliaram a participação de componentes de maior valor tecnológico no custo total dos veículos.

Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança. (Imagem: car.blog.br)
Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança. (Imagem: car.blog.br)

Novas regras do IPI e impacto no consumidor

O terceiro eixo citado por Nigro envolve regras tributárias.

Em 10 de julho de 2025, o governo federal regulamentou no âmbito do programa MOVER um novo modelo de IPI para o setor automotivo.

O decreto zerou o IPI para a categoria de “Carro Sustentável”, isto é, compactos fabricados no Brasil que atendam requisitos como baixa emissão de CO₂, nível mínimo de reciclabilidade e padrões de segurança.

Para os demais, foi definida uma alíquota-base de 6,3%, ajustada por critérios de eficiência, tipo de propulsão, potência, segurança e reciclabilidade, com validade até dezembro de 2026.

“Alguns modelos podem ficar mais baratos; outros, mais caros”, diz Nigro, avaliando que o efeito líquido para o consumidor não é automático e depende de repasses pelas montadoras.

O governo estima que cerca de 60% dos veículos vendidos em 2024 tendam a obter redução de IPI com as novas regras.

O benefício pleno, no entanto, se concentra nos compactos altamente eficientes e produzidos localmente.

Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança. (Imagem: car.blog.br)
Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança. (Imagem: car.blog.br)

Tarifas dos EUA e reflexos no mercado brasileiro

Nigro também menciona o “tarifaço do Trump” como um elemento adicional de incerteza.

Em fevereiro de 2025, os Estados Unidos voltaram a impor 25% de tarifa sobre importações de aço e alumínio, medida que atingiu parceiros como o Brasil.

Meses depois, o MDIC registrou que uma tarifa adicional de 50% foi aplicada a uma lista ampla de produtos, com algumas exceções.

Além disso, a Suprema Corte americana decidiu revisar a legalidade do pacote tarifário em julgamento marcado para novembro de 2025.

O impacto não se limita ao comércio de veículos.

Os EUA absorvem parcela relevante do aço brasileiro — em 2022, foram cerca de 49% das exportações do setor — e o Brasil é grande fornecedor de semiacabados para a indústria siderúrgica norte-americana.

Alterações tarifárias tendem a redirecionar fluxos e mexer nos preços internos de insumos, o que pode refletir no custo dos carros vendidos no país.

Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança. (Imagem: car.blog.br)
Preço dos carros dispara no Brasil: entenda por que o Fiat Mobi subiu 148% com aço mais caro, peso maior e novas exigências de segurança. (Imagem: car.blog.br)

O que esperar do mercado automotivo

Na avaliação de Nigro, mesmo com eventuais descontos tributários em nichos específicos, a soma de exigências de segurança, maior conteúdo de aço e volatilidade externa mantém a pressão de alta sobre os carros 0 km.

Ele acrescenta que, quando o novo tende a encarecer, o mercado de usados fica mais demandado — e os preços de seminovos sobem na esteira.

“Se o custo de produção aumenta, o valor final ao consumidor também sobe”, resumiu.

O vídeo foi publicado no dia 9 de setembro de 2025, no canal Primo Rico, e alterna dados históricos, marcos regulatórios e efeitos esperados das medidas tarifárias sobre a cadeia automotiva.

Para o público que já possui veículo ou planeja comprar, a recomendação do influenciador é acompanhar promoções pontuais e condições de fábrica, que podem atenuar parte da alta, mas não mudam a tendência de fundo.

Diante desse cenário, como o consumidor deve se planejar para lidar com um carro novo cada vez mais caro?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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