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O plano das ferrovias inteligentes é usar 10 mil km de trechos ociosos da malha federal via PPPs híbridas, misturando concessão e autorização, antes nunca aplicado no Brasil

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 13/09/2025 às 11:57
O plano das ferrovias inteligentes no Brasil quer recuperar 10 mil km de trilhos ociosos com modelo híbrido de concessão, tendo a Fiol 2 e a Ferrogrão como projetos estratégicos em leilões previstos para 2026.
O plano das ferrovias inteligentes no Brasil quer recuperar 10 mil km de trilhos ociosos com modelo híbrido de concessão, tendo a Fiol 2 e a Ferrogrão como projetos estratégicos em leilões previstos para 2026.
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Segundo o NeoFeed, o plano das ferrovias inteligentes pretende transformar trechos abandonados da malha federal em ativos logísticos estratégicos, com modelo inédito que mistura concessão e autorização ferroviária, R$ 500 milhões já garantidos na Fiol 2 e sete leilões marcados para 2026.

O plano das ferrovias inteligentes é a nova aposta do governo federal para destravar o setor logístico e aproveitar 10 mil km de trilhos hoje ociosos da malha federal. A proposta, apresentada pelo secretário nacional de Ferrovias, Leonardo Ribeiro, ao NeoFeed, traz uma inovação regulatória: o uso de PPPs híbridas, modelo que combina características de concessão tradicional com autorizações simplificadas.

Na prática, esse formato permite atrair empresas privadas com menos burocracia e menor custo regulatório, sem abrir mão de segurança jurídica. A ideia é dar utilidade a trechos devolvidos ou abandonados, ampliando a capacidade de transporte de cargas e até de passageiros. O governo prevê publicar o primeiro chamamento público em março de 2026, com expectativa de sete leilões no mesmo ano — um movimento ousado e decisivo, já que será o último ano do atual mandato.

O desafio de recuperar 10 mil km parados

Segundo o Ministério dos Transportes, o Brasil convive com milhares de quilômetros de ferrovias inutilizados ou subaproveitados por concessionárias privadas.

Entre os exemplos está o corredor Minas-Rio, com cerca de 500 km entre Arcos (MG) e Barra Mansa (RJ), devolvido pela VLI Logística.

Esse será o primeiro trecho a ser testado no novo modelo, abrindo espaço para transformar passivo em ativo estratégico.

A lógica é clara: sem recuperar os trilhos já existentes, não há como avançar em eficiência logística.

O objetivo central é reduzir a dependência do transporte rodoviário, que responde por mais de 60% da matriz nacional, encarece fretes e aumenta a emissão de gases de efeito estufa.

Sete leilões em 2026: da Ferrogrão às linhas urbanas

O cronograma do plano das ferrovias inteligentes já lista sete projetos estratégicos para 2026.

Entre eles, a Ferrogrão, de 933 km entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), engavetada por mais de uma década por impasses ambientais. Também aparecem no pacote:

Linha Brasília–Luziânia (70 km), voltada ao transporte de passageiros;

Linha Salvador–Feira de Santana (115 km), outra aposta em mobilidade urbana;

Estrada de Ferro Vitória–Rio (EF-118), com potencial para cargas e passageiros;

Malha Oeste, atualmente em relicitação após devolução da Rumo Logística;

Corredor Minas-Rio, citado como projeto-piloto das PPPs híbridas;

Fiol 2, trecho essencial do corredor Fico-Fiol, em fase final de obras.

Esse conjunto cobre desde o agronegócio no Centro-Oeste até a mobilidade urbana no Nordeste, além de conectar o Sudeste industrial e preparar o caminho para a rota bioceânica até o Peru.

Fiol 2: a vitrine do novo modelo

Entre os leilões previstos, o da Fiol 2 é considerado prioritário.

O trecho de 500 km na Bahia tem 70% das obras concluídas e exige R$ 500 milhões em investimentos privados para a finalização de apenas 35 km entre Guanambi e Caetité.

A Fiol 2 integra o corredor Fico-Fiol, que terá 2.700 km ligando Lucas do Rio Verde (MT) ao porto de Ilhéus (BA), cruzando o Brasil de leste a oeste.

O projeto está conectado à rota bioceânica até o porto de Chancay, no Peru, controlado pela chinesa Cosco, com potencial de movimentar até 50 milhões de toneladas de grãos e minério por ano.

A conclusão desse trecho é vital para o escoamento do agronegócio e para a estratégia de integração logística do país.

Financiamento: contas vinculadas e investimento cruzado

Um dos maiores entraves ao setor ferroviário sempre foi o financiamento de longo prazo.

Para viabilizar o plano das ferrovias inteligentes, o Ministério dos Transportes aposta em dois mecanismos novos:

Contas vinculadas, que permitem reinvestir receitas de concessões e autorizações diretamente em novos projetos ferroviários;

Investimento cruzado, em que concessionárias repactuam contratos e aportam recursos em obras prioritárias, em vez de repassar valores diretamente ao Tesouro.

Essas soluções buscam reduzir a dependência do orçamento público, aumentando a liquidez e dando previsibilidade ao setor privado.

Impactos esperados e riscos do projeto

Se executado, o plano pode gerar milhares de empregos regionais, melhorar a competitividade logística do agronegócio e reduzir custos de transporte no médio prazo.

Projetos de passageiros podem trazer impactos positivos em mobilidade urbana, desenvolvimento imobiliário e qualidade de vida em regiões metropolitanas.

Mas os riscos são claros.

O retorno financeiro lento pode afastar investidores, e a execução de sete leilões em um único ano eleitoral levanta dúvidas sobre prazos e capacidade de entrega.

Outro desafio é a infraestrutura de apoio: o porto de Ilhéus, por exemplo, ainda precisa de investimentos robustos após o fracasso da concessão anterior.

O plano das ferrovias inteligentes simboliza a tentativa de transformar 10 mil km de trilhos parados em novos corredores de carga e passageiros, ao mesmo tempo em que resgata megaprojetos como a Ferrogrão e a Fiol 2.

Se dará certo ou não, dependerá da adesão do setor privado e da execução em um calendário apertado.

E você, acredita que esse modelo híbrido pode finalmente destravar a malha ferroviária brasileira? Ou considera que os riscos e a lentidão do setor podem comprometer o plano? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto o impacto da logística no Brasil.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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