Projeto prevê mudanças radicais no centro de São Paulo, com novos modais, parques, investimentos bilionários e promessa de integrar transporte, lazer e habitação. Transformações podem redefinir o cotidiano de moradores e visitantes.
A cidade de São Paulo se prepara para um dos maiores pacotes de intervenções urbanas de sua história, com o lançamento de obras que prometem transformar a dinâmica e a paisagem do centro até o fim da década.
O conjunto de projetos, que somam R$ 6,3 bilhões em investimentos, abrange a implementação de duas linhas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), a criação de um corredor de BRT, novos parques, a revitalização de grandes áreas públicas e a requalificação de avenidas estratégicas.
Essas ações, segundo reportagem publicada pelo jornal Estadão, têm potencial para reverter o quadro de degradação que afeta a região central desde a pandemia, incentivando a volta de moradores, o fortalecimento do comércio e a valorização de espaços históricos.
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Transformar o centro da capital: investimentos bilionários e VLT
Entre as principais iniciativas, destaca-se o investimento de R$ 3,8 bilhões na construção de duas linhas do VLT, um sistema moderno de transporte sobre trilhos que conectará importantes bairros e áreas de interesse do centro paulistano.
Além disso, está prevista a extensão da Avenida Marquês de São Vicente, com a instalação de um boulevard arborizado, ciclovias e faixas exclusivas para o BRT – sistema de ônibus articulados de alta capacidade.
O valor destinado a essa obra é de R$ 1,5 bilhão.
A revitalização urbana ainda contempla a Parceria Público-Privada (PPP) do Parque Dom Pedro II, estimada em R$ 717 milhões, e o projeto da Nova Esplanada da Liberdade, com recursos previstos de R$ 338 milhões.
De acordo com apuração do jornal Estadão, a proposta é integrar soluções de mobilidade, áreas verdes e habitação de interesse social para promover a inclusão social e reduzir desigualdades no centro expandido.
VLT pode impulsionar a revitalização do centro de São Paulo
O projeto do Veículo Leve sobre Trilhos pretende revolucionar o transporte público no centro, ao conectar áreas como Campos Elíseos, Bom Retiro, Parque Dom Pedro II, Brás, o centro histórico e as Avenidas Duque de Caxias, Rio Branco, São João e Ipiranga.
A estimativa da Prefeitura é que o VLT transporte diariamente até 135 mil passageiros, interligando nove estações do Metrô, duas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e cinco terminais de ônibus.
Uma das linhas será circular e fará a ligação entre a Avenida do Estado, Rua José Paulino, Avenida Duque de Caxias, Barão de Limeira, Rua Prates, Estação da Luz, Rua Mauá, Avenida Cásper Líbero, Praça Alfredo Issa, Avenida Rio Branco e Avenida São João.
Já a segunda linha, com trilho duplo, partirá da Avenida São João em direção à Rua Maria Paula, Viaduto Dona Paulina, Praça da Sé e Parque Dom Pedro II, passando pelo Mercado Municipal, Avenida Senador Queiroz e Vale do Anhangabaú, retornando à Avenida São João.
Além da mobilidade, o plano prevê a criação de 50 quilômetros de calçadas acessíveis, a duplicação da área verde no entorno da Sé e a retirada de 20 mil toneladas de dióxido de carbono (CO₂) do ambiente.
A expectativa da Prefeitura é lançar o edital da obra no primeiro semestre de 2026, com prazo de execução estimado em três anos.
A garagem do VLT será implantada na Avenida do Estado, em área atualmente ocupada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Prolongamento da Marquês de São Vicente e desativação do Minhocão
Outro eixo central do pacote de investimentos é o prolongamento da Avenida Marquês de São Vicente, que ligará a região da Barra Funda, na zona oeste, à Avenida Salim Farah Maluf, na zona leste, próximo à Penha.
O novo boulevard, projetado para ser arborizado e dotado de ciclovias, terá em cada sentido uma faixa dedicada ao BRT, duas para veículos comuns e uma faixa azul para motocicletas.
A proposta, segundo informações reunidas pelo jornal Estadão, é permitir a desativação do Elevado João Goulart, o Minhocão, conforme prevê o Plano Diretor do município para 2029.
A hipótese atualmente considerada para o Minhocão é a demolição da estrutura, mas a definição caberá à próxima administração, já que o mandato do atual prefeito se encerra em 2028.
Especialistas avaliam que o novo corredor viário e o sistema de transporte integrado podem reorganizar a circulação de pessoas e incentivar novos investimentos imobiliários e comerciais no centro.
Habitação social e inclusão na revitalização do centro de São Paulo
O plano para o centro de São Paulo inclui ainda a reserva de áreas para a construção de moradias populares.
Entre 2021 e 2025, a administração municipal autorizou a edificação de 71 mil unidades habitacionais de interesse social, especialmente nas regiões próximas à Estação Júlio Prestes e ao corredor da Avenida Rio Branco.
A meta é evitar que o processo de valorização imobiliária resultante das obras exclua populações vulneráveis, deslocando moradores de baixa renda para áreas mais distantes e aumentando custos com transporte e tempo de deslocamento.
PPPs e modernização de áreas estratégicas do centro
A Prefeitura também aposta em parcerias com o setor privado para viabilizar melhorias em espaços públicos.
O projeto do Parque Dom Pedro II, por meio de PPP, prevê a criação de uma galeria comercial e uma nova praça na área do terminal de ônibus.
A concessão será de 30 anos para a empresa vencedora, responsável por implementar as melhorias e explorar comercialmente o local.
O processo de licitação, realizado em maio de 2025, foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), que apontou falhas na modelagem financeira e questionamentos sobre o objetivo da PPP.
A Prefeitura afirma que a licitação foi aprovada após revisões e aguarda resposta para seguir com a homologação.
Já a Nova Esplanada da Liberdade, estimada em R$ 338 milhões, será viabilizada também por PPP, envolvendo a construção de lajes para conexão de viadutos e requalificação de áreas próximas às ruas do Estudante e Américo de Campos.
O objetivo é aproximar bairros históricos e tradicionais, facilitando a mobilidade e ampliando a oferta de espaços de convivência.
Para você, essas obras, de fato, conseguirão promover a requalificação e a inclusão social no centro da capital paulista ou correm o risco de aprofundar desigualdades e transformar a região apenas para alguns grupos?