Em uma das maiores reduções de pobreza já registradas, o país transformou o cotidiano de milhões com saneamento, energia, água encanada e gás de cozinha, tornando-se referência internacional em políticas públicas de impacto mensurável.
Em comunidades rurais e bairros periféricos que antes enfrentavam escassez de luz, água e infraestrutura, a rotina passou por transformações significativas ao longo de 15 anos.
Famílias que cozinhavam com lenha passaram a utilizar gás, vilarejos ganharam iluminação e a coleta de água deixou de ser uma tarefa diária.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), essas mudanças estão associadas a uma das maiores reduções de pobreza multidimensional já registradas.
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De acordo com o Índice de Pobreza Multidimensional (MPI), desenvolvido pelo PNUD em parceria com o Oxford Poverty and Human Development Initiative (OPHI), 415 milhões de pessoas deixaram a pobreza multidimensional entre 2005/2006 e 2019/2021.
O avanço ocorreu principalmente em áreas rurais e foi relacionado à ampliação do acesso a saneamento básico, eletricidade, abastecimento de água, gás de cozinha e moradia adequada, além de políticas de inclusão produtiva e infraestrutura.
Para organismos multilaterais, o caso se tornou referência na implementação de políticas públicas de grande escala.
O que o MPI mede e por que o resultado é relevante
O MPI avalia privações simultâneas em saúde, educação e padrão de vida, indo além da medição de renda.
O indicador considera, entre outros fatores, o acesso a banheiro, anos de estudo, estado nutricional, eletricidade, água tratada e materiais de construção das moradias.
Especialistas destacam que o índice consegue capturar avanços mais rapidamente quando políticas públicas reduzem carências específicas do cotidiano.
No período analisado, dados oficiais mostram queda consistente do indicador.
Esse movimento coincidiu com a ampliação de redes de saneamento, programas habitacionais, campanhas de higiene e eletrificação de povoados, além da expansão de abastecimento domiciliar de água.
A difusão do GLP (gás liquefeito de petróleo) também teve impacto ao substituir combustíveis poluentes e reduzir doenças respiratórias, segundo avaliações do PNUD e do Banco Mundial.

Saneamento e higiene: impacto medido na saúde e na escola
A política de saneamento se baseou na construção de banheiros domiciliares e comunitários, campanhas educativas e conexão de residências a redes de esgoto.
Relatórios públicos apontam que, ao reduzir a defecação a céu aberto, houve queda em doenças infecciosas e melhoria nos indicadores de saúde infantil.
Pesquisas também mostram aumento da frequência escolar de meninas, em razão do acesso a instalações sanitárias adequadas.
No campo da moradia, programas habitacionais buscaram substituir estruturas precárias por casas com piso, paredes e telhados de melhor qualidade.
Segundo dados oficiais, essa transformação influenciou positivamente os componentes do MPI relacionados ao padrão de vida.
Energia e cozinha limpa: mudanças de acesso
A universalização da eletricidade e a expansão do uso de gás de cozinha modificaram o cotidiano em comunidades rurais.
Programas de eletrificação permitiram acesso a iluminação, refrigeração e meios de comunicação.
Já a ampliação do GLP reduziu a dependência de lenha e carvão, associados a problemas de saúde e baixa produtividade.
O PNUD destaca que a presença de eletricidade e de combustíveis limpos é considerada uma redução de privação dentro do MPI.
Água mais próxima: economia de tempo e melhoria sanitária
A ampliação do acesso a água potável e a fontes próximas às residências também contribuiu para os resultados.
Em áreas rurais, onde a coleta consumia horas diárias, a instalação de sistemas domiciliares reduziu o tempo gasto nessa tarefa e os riscos sanitários, segundo análises de políticas públicas.
Estudos apontam que a proximidade da água aumentou a disponibilidade de tempo para estudo e trabalho, especialmente entre mulheres.
Saúde e nutrição: avanços registrados entre crianças
Políticas de saúde e nutrição completaram o conjunto de ações.
Dados oficiais indicam que a ampliação de postos de atendimento, a distribuição de suplementos e a fortificação de alimentos básicos ajudaram a reduzir privações em indicadores de nutrição infantil.
Segundo o PNUD, programas de transferência de renda e subsídios focalizados atuaram como amortecedores diante de choques econômicos e climáticos, contribuindo para a estabilidade do consumo das famílias.
Educação: permanência e incentivos
O aumento da matrícula escolar, em especial entre meninas, foi outro elemento de destaque.
A melhoria da infraestrutura escolar, a oferta de alimentação e transporte e incentivos financeiros ajudaram a reduzir a evasão.
Como o MPI considera anos de estudo e frequência, esses avanços impactaram diretamente a redução da pobreza multidimensional, de acordo com relatórios do OPHI.
Infraestrutura e inclusão financeira: integração econômica

Além das políticas sociais, o país investiu em estradas rurais e conectividade digital, que facilitaram o acesso de agricultores a mercados e serviços financeiros.
A expansão de contas bancárias e o uso de pagamentos digitais aumentaram a eficiência das transferências governamentais e reduziram custos operacionais.
Segundo o Banco Mundial, essa integração financeira ajudou a fortalecer a previsibilidade de renda e a planejar gastos familiares em saúde e educação.
Avaliação internacional e comparações com o Brasil
Organismos como o PNUD e o Banco Mundial destacam que políticas de larga escala voltadas a serviços básicos podem gerar resultados expressivos quando bem articuladas.
A maioria das pessoas que deixou a pobreza multidimensional vivia em áreas rurais e famílias com crianças, o que reforça, segundo esses órgãos, a importância de investimentos em saneamento, nutrição e educação.
No Brasil, especialistas veem a experiência como referência possível para políticas que combinem metas claras, financiamento estável e monitoramento público.
Diferenças entre as métricas de pobreza
A pobreza por renda avalia o consumo per capita diário e é amplamente usada em comparações internacionais, mas pode não refletir o acesso real a serviços essenciais.
Já a pobreza multidimensional mede privações simultâneas e mostra avanços mais rápidos quando políticas públicas enfrentam carências específicas.
No caso analisado, ambas as métricas indicaram melhora, ainda que em ritmos diferentes, conforme estudos recentes.
Desafios ainda presentes
Apesar dos avanços, relatórios nacionais mostram bolsões de privação em estados historicamente mais pobres e desafios em áreas urbanas marcadas por assentamentos informais.
Também há registros de problemas relacionados à qualidade e regularidade dos serviços de água e energia, especialmente em regiões remotas.
Especialistas apontam que a superação dessas deficiências exige políticas de “segunda geração”, voltadas à manutenção e à melhoria da qualidade dos serviços.
Um modelo observado por outros países
Segundo o PNUD, a experiência se tornou referência global por articular metas verificáveis, indicadores públicos e monitoramento constante.
O recorte de 2005/2006 a 2019/2021 permite identificar o impacto de políticas lançadas nesse período, mostrando que melhorias em saneamento, energia doméstica limpa, água encanada e infraestrutura básica podem reduzir privações de forma mensurável.
Entre as lições destacadas por pesquisadores estão a importância da coordenação entre níveis de governo, do financiamento contínuo e do foco na chamada “última milha”, onde vivem as populações mais vulneráveis.
No caso brasileiro, especialistas avaliam que políticas com esse grau de integração poderiam acelerar a redução das privações em regiões com carência histórica de infraestrutura.



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