Oferta cresce nas Américas enquanto a Índia ultrapassa a China na demanda
A volatilidade crônica do petróleo se tornou a nova realidade dos mercados globais. De acordo com a Argus, em setembro de 2025, as Américas responderão por 85% do aumento da oferta fora da OPEP até 2030.
Mudança estrutural na produção e no consumo
A Agência Internacional de Energia (AIE) confirmou em 2025 que deverá revisar suas estimativas de pico de demanda. Isso porque as tendências recentes mostram alterações permanentes.
Segundo Clyde Russell, da Reuters (setembro de 2025), países como Canadá, Guiana, Brasil, Argentina e Suriname são hoje os motores da nova produção. Os Estados Unidos já atingiram maturidade, mas as demais nações mantêm crescimento consistente.
-
Foco de petroleiras é maior na compensação de perdas do que no aumento da produção de petróleo, alerta relatório publicado pela AIE
-
Petróleo fecha em alta com investidores avaliando ataques a instalações russas
-
O maior achado de petróleo em 25 anos nas águas brasileiras: conheça a megadescoberta da BP e o que ela representa
-
Botijão de gás mais barato? Petrobras analisa retomada da distribuição
Mesmo assim, a OPEP e a OPEP+ continuam controlando quase dois terços do fornecimento global, o que significa que sua influência no mercado segue decisiva.
Índia assume protagonismo na demanda mundial
Segundo a Trafigura (2025), a Índia superará a China no crescimento da demanda já neste ano, desconsiderando os estoques estratégicos acumulados por Pequim desde o início de 2025.
As projeções indicam que a Índia poderá ampliar seu consumo em até 2 milhões de barris diários até 2030. Já o restante da Ásia terá aumento de apenas 600 mil barris por dia.
Em contrapartida, o Oriente Médio crescerá 1 milhão de bpd, enquanto a África terá acréscimo de 600 mil e a América Latina de 500 mil bpd.
Assim, a Índia se torna o novo epicentro da demanda global de petróleo.
Política internacional redireciona o fluxo do petróleo
A interligação entre política e petróleo ficou clara após 2022. Naquele ano, a União Europeia anunciou a redução gradual das importações de energia russa.
A Rússia reagiu redirecionando suas exportações para o leste. Em 2025, firmou acordo para o gasoduto Power of Siberia 2, que permitirá enviar para a China volumes equivalentes aos destinados anteriormente à Alemanha.
O petróleo russo também encontrou destino na Índia. Essa mudança, porém, gerou atritos com os Estados Unidos, que defendem restrições mais severas para acelerar o fim da guerra na Ucrânia.
Tensões comerciais ampliam a volatilidade
Segundo o Financial Times (setembro de 2025), o presidente norte-americano Donald Trump deve pressionar o G7 a impor tarifas sobre Índia e China.
O objetivo é limitar a compra de petróleo russo, já que a União Europeia prefere evitar tarifas por receio de impactos econômicos negativos.
Entretanto, Bruxelas discute sanções contra a China pelo aumento das importações de petróleo e gás russos. Esse cenário demonstra que as disputas comerciais ampliam a instabilidade do setor.
Impactos e perspectivas para o futuro
A combinação entre produção crescente nas Américas, expansão da demanda asiática e tensões políticas internacionais consolidam a volatilidade como característica permanente do mercado de petróleo.
Esse “novo normal” exige atenção de investidores e governos, pois as decisões políticas moldam os fluxos de energia tanto quanto os fundamentos econômicos.
O que esperar para os próximos anos?
Especialistas apontam que a volatilidade não será exceção, mas regra até 2030. O mercado dependerá de decisões geopolíticas, investimentos estratégicos e reconfiguração de alianças energéticas.
Diante desse panorama, surge uma questão inevitável: será que o petróleo continuará sustentando a economia mundial ou perderá espaço diante das transições energéticas?