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O colosso dos mares: conheça o Pioneering Spirit, o navio gigante que levanta plataformas inteiras como se fossem peças de Lego — e é maior que um porta-aviões

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 16/05/2025 às 23:28
Atualizado em 17/05/2025 às 20:13
O navio que era maior que um porta-aviões - conheça o Pioneering Spirit, a embarcação que remove plataformas inteiras do fundo do mar
Foto: Pioneering-Spirit/IAD
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Com 382 metros de comprimento e mais de 124 metros de largura, o Pioneering Spirit é o maior navio de construção pesada já construído. Projetado para içar plataformas inteiras do fundo do mar, ele redefine os limites da engenharia naval e das operações offshore.

O Pioneering Spirit não é apenas um gigante dos mares — é um navio maior que um porta-aviões que transformou completamente a forma como plataformas offshore são instaladas e desmontadas. Construído pela Allseas, o navio foi concebido para ser capaz de remover estruturas inteiras do fundo do mar em um único içamento, algo até então considerado logisticamente inviável. Antes do surgimento do Pioneering Spirit, a desmontagem de uma plataforma offshore envolvia semanas de trabalho, diversos guindastes flutuantes e um alto risco ambiental. Agora, com a tecnologia incorporada a este colosso, é possível fazer isso com precisão, segurança e economia de tempo e recursos. Descubra também: O navio que virou ponte: conheça Blue Marlin, colosso dos mares que carrega plataformas de petróleo, submarinos e cargueiros inteiros desfilando pelos oceanos com até 75 mil toneladas

Navio maior que um porta-aviões — literalmente

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Com um comprimento total de 382 metros e 124 metros de largura, o Pioneering Spirit é significativamente maior que um porta-aviões convencional. Para efeito de comparação, o maior porta-aviões em operação na Marinha dos EUA, o USS Gerald R. Ford, tem cerca de 333 metros de comprimento.

A área de içamento do convés dianteiro é equivalente a sete quadras de tênis lado a lado, e a capacidade de içar até 48 mil toneladas faz dele o único navio do mundo capaz de realizar certos tipos de operações offshore sozinho.

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O nascimento de um titã: de Pieter Schelte a Pioneering Spirit

A construção do Pioneering Spirit começou com um contrato de € 454,5 milhões firmado em 2010 entre a Allseas e o estaleiro sul-coreano Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DSME). A embarcação foi entregue no fim de 2014 e chegou a Roterdã, na Holanda, em janeiro de 2015 para a montagem final.

Inicialmente batizado como Pieter Schelte, em homenagem ao pai do fundador da Allseas, o navio foi renomeado em fevereiro de 2015 após polêmica envolvendo o nome original. Desde então, passou a ser conhecido como Pioneering Spirit, refletindo seu papel pioneiro na indústria.

O navio que era maior que um porta-aviões: conheça o Pioneering Spirit, a embarcação que remove plataformas inteiras do fundo do mar
Foto: Pioneering Spirit reestilizado

Estreia operacional e feitos históricos

O navio entrou oficialmente em serviço em 2016, com sua primeira missão: a remoção da plataforma Yme, da Talisman, no Mar do Norte. Mas o feito mais notável veio em abril de 2017, quando a embarcação removeu os conveses da plataforma Brent Delta, da Shell UK, com um içamento único de 24 mil toneladas — um recorde mundial na época.

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Em 2022, o Pioneering Spirit atingiu a marca impressionante de 330 mil toneladas de plataformas removidas, consolidando-se como a referência absoluta em descomissionamento de infraestrutura offshore.

O segredo da força: design, tecnologia e inovação

O Pioneering Spirit é um catamarã de casco duplo, com uma ranhura entre os cascos na proa, que permite que estruturas enormes sejam “encaixadas” por baixo para posterior içamento.

Especificações principais:

CaracterísticaValor
Comprimento total382 metros
Largura124 metros
Profundidade do casco30 metros
Capacidade de içamento (topside)48.000 toneladas
Capacidade de içamento (jaqueta)25.000 toneladas
AcomodaçãoAté 571 pessoas
Propulsão13 propulsores azimutais
Potência total95.000 kW
Velocidade máxima14 nós (26 km/h)

Além disso, o navio conta com um sistema de posicionamento dinâmico Kongsberg DP-22, que garante precisão milimétrica mesmo em alto-mar, essencial para operações delicadas em plataformas instáveis ou em condições climáticas adversas.

Equipamentos de convés e sistema de içamento inteligente

Na proa, o navio dispõe de uma área de 122 x 59 metros dedicada ao içamento de plataformas. O sistema é composto por oito vigas de elevação horizontais, que distribuem o peso uniformemente durante as operações. Na popa, há vigas basculantes que podem levantar estruturas tipo jaqueta, que servem de base submersa para plataformas.

Entre os equipamentos adicionais, estão:

  • Três guindastes de 50 toneladas com alcance de 33 metros
  • Um guindaste especial de 600 toneladas
  • Sistemas de soldagem e revestimento de tubos para instalação de dutos submarinos
  • Um heliponto para suporte aéreo

A revolução do Jacket Lift System (JLS)

Em 2021, a Allseas adicionou ao navio uma das tecnologias mais avançadas em engenharia offshore: o Jacket Lift System (JLS). Essa inovação permite içar estruturas do tipo “jaqueta” — aquelas fundações metálicas que sustentam plataformas em alto-mar — de forma rápida, segura e sem desmontagem.

Composto por duas vigas de 170 metros, pesando 6.500 toneladas cada, o JLS usa um sistema push-pull instalado na popa que levanta estruturas com até 20 mil toneladas de uma só vez.

Além de reduzir o tempo e o custo das operações, o sistema minimiza riscos ambientais e elimina a necessidade de barcaças auxiliares.

Operações notáveis com o JLS

Em agosto de 2020, o Pioneering Spirit removeu o convés da plataforma Ninian Northern, da CNR International. Em abril de 2022, concluiu o içamento da jaqueta de 8.100 toneladas da mesma estrutura — a primeira operação oficial com o novo sistema.

Essas ações provaram que o navio não só é capaz de remover uma plataforma inteira, mas também de realizar o descomissionamento completo, do topo até a base.

Sistema de navegação: visão total e manobra precisa

O Pioneering Spirit conta com dois sistemas Kongsberg K-Bridge na proa e na popa. Eles oferecem visão 360º ao redor do navio, utilizando uma rede de oito transceptores de radar interligados.

Essa tecnologia evita pontos cegos e permite compor imagens combinadas dos arredores da embarcação. A bordo, todos os sistemas de navegação, propulsão e controle de máquinas estão integrados por uma única rede, garantindo desempenho e confiabilidade em missões complexas.

Propulsão de precisão com tecnologia Rolls-Royce

Para movimentar uma embarcação desse porte com segurança, foi necessário desenvolver um sistema de propulsão sob medida. A Rolls-Royce forneceu 13 propulsores azimutais de alta potência, capazes de girar 360 graus e direcionar o navio com precisão sem o uso de leme tradicional.

Esses propulsores, junto aos nove motores MAN, fornecem um total de 95.000 kW de potência, o equivalente a cerca de 128 mil cavalos, permitindo manobras estáveis mesmo com cargas imensas a bordo.

Engenharia colaborativa: os bastidores do projeto

O Pioneering Spirit é resultado de uma colaboração global de especialistas em engenharia, automação e estruturas metálicas. Empresas envolvidas:

  • Deltamarin: arquitetura naval e engenharia estrutural
  • Swan Hunter: desenvolvimento conceitual
  • Huisman: sistema de içamento JLS
  • CIMOLAI: fabricação das vigas de 170 m
  • Delta Plus Systems e IN-SAFETY: sistemas de proteção contra quedas
  • Trelleborg Sealing Solutions: vedação industrial
  • Avient: fornecimento de eslingas de elevação em fibra Dyneema

Com o avanço da transição para energias renováveis, cresce também a necessidade de descomissionar estruturas antigas de petróleo e gás, muitas delas com mais de 30 anos em operação. O Pioneering Spirit surge como solução estratégica para acelerar esse processo com segurança e menor impacto ambiental.

Além disso, seu potencial para instalar grandes turbinas offshore para energia eólica o torna peça-chave em projetos da nova economia energética.

Pioneering Spirit, o navio que era maior que um porta-aviões, é mais do que uma obra de engenharia naval: é uma ferramenta essencial para o futuro da energia e da infraestrutura offshore.

Sua capacidade única de remover plataformas inteiras do fundo do mar, aliada à precisão de seus sistemas de navegação e ao poder de seu sistema de içamento, fazem dele um símbolo da inovação técnica do século XXI.

A embarcação que parecia utópica no papel hoje opera com excelência nos mares do norte da Europa e pode, em breve, ser fundamental também em outras regiões estratégicas do planeta.

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Ney Marcelo Carvalho Sena
Ney Marcelo Carvalho Sena
26/05/2025 16:37

Fantástico…

Valdir Filho
Valdir Filho
17/05/2025 20:41

Senhores administradores do site, está se tornando irritante tentar ler qualquer coisa que o site publica devido a quantidade de propagandas que saltam na frente da tela.
Os anúncios cobrem as matérias, atrapalham a leitura ou simplesmente não somem e não permitem que se aproveite o conteúdo veiculado.
Se atentem a isso pois suas matérias são bastante interessantes mas estou quase desistindo de abrir qualquer uma que me seja oferecida para visualização.

Creio que não somem eu tenha percebido isso…

Fica a dica.

Carlos Moro
Carlos Moro
17/05/2025 11:00

Ótima matéria!
Só peço para os tradutores cuidarem do TEMPO verbal… No título e no corpo da matéria aparece que ERA maior que um Porta-aviões… Isso faz muita diferença, direcionando o interesse para fatos passados, históricos, quando deveria direcionar para um fato presente, moderno.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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