A troca do motor 1.6 pelo 1.8 quando o sedã se tornou nacional não foi um corte de custos, mas uma adaptação estratégica. Entenda a engenharia por trás do motor do Corolla.
O Toyota Corolla tem uma reputação de confiabilidade quase lendária no Brasil, uma fama que começou a ser construída com os primeiros modelos importados do Japão na década de 90. Eles estabeleceram um novo padrão de qualidade e durabilidade. Quando a Toyota inaugurou sua fábrica em Indaiatuba (SP) em 1998, uma mudança crucial foi feita no coração do carro: o motor do Corolla.
Essa transição do propulsor 1.6 para o 1.8 no primeiro Corolla nacional não foi uma simplificação, como muitos podem pensar. Pelo contrário, foi uma decisão de engenharia estratégica para “tropicalizar” o carro, adaptando seu desempenho ao gosto e às condições de uso do motorista brasileiro, entregando um motor do Corolla ainda mais adequado ao país.
O motor do Corolla “japonês”: o 4A-FE que construiu a fama de tanque de guerra
No início dos anos 90, com a reabertura das importações, o Corolla de 7ª geração (E100) chegou ao Brasil. Ele era um carro global, focado em conforto e eficiência, e seu propulsor era a materialização da filosofia Toyota.
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O motor do Corolla importado era, em sua maioria, o 1.6 4A-FE. Com quatro cilindros, 16 válvulas e 106 cv, ele era conhecido por ser “oversquare” (diâmetro do pistão maior que o curso), o que favorece o funcionamento em rotações mais altas. Foi este motor que, pela sua extrema robustez e baixa manutenção, criou a imagem de “tanque de guerra” para o Corolla no Brasil, um pilar de confiança que abriu caminho para a produção local.
A nacionalização em 1998: a chegada do motor do Corolla 1.8 7A-FE
Com o sucesso das importações, a Toyota decidiu produzir o Corolla no Brasil a partir de setembro de 1998. O modelo escolhido foi o de 8ª geração (E110), mas ele veio com uma mudança fundamental: a adoção exclusiva do motor 1.8 7A-FE.
Essa troca foi uma adaptação inteligente ao mercado brasileiro. A Toyota entendeu que o motorista local precisava de um carro mais ágil no trânsito urbano e com mais força para retomadas em estradas. A solução foi evoluir o motor já consagrado, mantendo sua confiabilidade, mas ajustando seu comportamento. O novo motor do Corolla nacional, com 116 cv, foi projetado para entregar mais torque, tornando o carro mais agradável e responsivo no dia a dia.
“Girador” vs. “torcudo”: a diferença técnica fundamental do motor do Corolla
A genialidade da mudança está nos detalhes técnicos. O motor 1.8 7A-FE não era um projeto novo, mas uma evolução do 1.6 4A-FE. Ambos compartilham o mesmo diâmetro de cilindro (81,0 mm), mas a Toyota aumentou o curso do pistão de 77,0 mm para 85,5 mm.
Motor 1.6 4A-FE (Japonês): era “oversquare”, um motor mais “girador”, que gosta de rotações altas para entregar sua potência.
Motor 1.8 7A-FE (Brasileiro): tornou-se “undersquare” (curso maior que o diâmetro), um motor mais “torcudo”, que oferece mais força em baixas e médias rotações.
Essa mudança no curso do pistão alterou completamente o caráter do motor do Corolla, tornando-o mais forte nas situações mais comuns do trânsito brasileiro, como saídas de semáforo e subidas, sem exigir que o motorista “esgoelasse” o motor.
Mito ou verdade: o Corolla importado era realmente melhor que o nacional?
A percepção de que “o japonês era melhor” é um mito comum. Embora o motor do Corolla nacional fosse objetivamente mais adequado para o Brasil, a origem dessa crença pode estar em detalhes periféricos. Carros montados em países diferentes usam fornecedores locais para peças como pneus, vidros e materiais de isolamento acústico.
Essas pequenas diferenças na experiência sensorial (como o barulho na estrada ou o som ao fechar a porta) podem ter alimentado a ideia de que o importado era superior. No entanto, a engenharia central, a qualidade da montagem e, principalmente, a confiabilidade do motor foram mantidas no mais alto padrão da Toyota na fábrica de Indaiatuba.
O legado de confiabilidade do motor do Corolla: qual escolher hoje?
Ambos os motores, 4A-FE e 7A-FE, são extremamente duráveis e pertencem à categoria de motores “não-interferência”, o que significa que, em caso de quebra da correia dentada, as válvulas não batem nos pistões, evitando um dano caro.
Para quem busca um Corolla clássico hoje, a escolha é uma questão de perfil:
Corolla 1.6 Importado (4A-FE): a escolha para o purista, que valoriza a origem 100% japonesa e busca um motor um pouco mais econômico.
Corolla 1.8 Nacional (7A-FE): a escolha pragmática e mais recomendada. Oferece uma condução mais ágil e confortável, com um motor do Corolla pensado especificamente para a realidade brasileira.
A verdade é que a nacionalização do Corolla foi uma evolução inteligente, que consolidou sua liderança e reputação no país por gerações.
Esse motor 1.8 nacional é o mesmo até sair de linha no corolla ou já produziram outro motor 1.8 para o corolla mais novo?
Porque agora só tem o 2.0!