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Esse é o veículo mais pesado da história: ele consome o mesmo que 4.680 carros comuns e pesa o equivalente a cerca de 450 elefantes africanos adultos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/09/2025 às 08:23
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Reconhecido pelo Guinness, o veículo mais pesado do planeta carrega foguetes da NASA e pesa incríveis 2.700 toneladas sobre esteiras gigantes.

Quando pensamos nos grandes feitos da NASA, normalmente vêm à mente foguetes cortando os céus e astronautas flutuando no espaço. Pouca gente imagina, porém, que antes de decolar, cada foguete precisa ser lentamente levado até a plataforma de lançamento.

É aí que entram os lendários Crawler-Transporters, dois veículos gigantescos construídos nos anos 1960 para transportar naves espaciais e seus suportes de montagem.

Apesar de pouco conhecidos pelo público, esses veículos desempenharam um papel crucial em quase todas as missões tripuladas dos Estados Unidos desde a era Apollo.

Sua tarefa é hercúlea: carregar estruturas que podem pesar mais de 8 milhões de quilos e levá-las por quilômetros até o ponto de lançamento, sem tremer ou inclinar demais.

Essa façanha, porém, cobra um preço altíssimo em combustível e energia — o que torna os crawlers algumas das máquinas sobre rodas mais sedentas do planeta.

O que são os Crawler-Transporters da NASA

A NASA possui dois Crawler-Transporters idênticos, conhecidos simplesmente como CT-1 e CT-2. Eles foram construídos entre 1963 e 1965 pela Marion Power Shovel Company, originalmente para apoiar o Programa Apollo, que levaria o homem à Lua.

Cada um mede cerca de 40 metros de comprimento por 35 metros de largura, com altura ajustável entre 6 e 8 metros.

Reconhecido pelo Guinness World Records, o Crawler-Transporter da NASA é o veículo autopropelido mais pesado do planeta.

Seu peso vazio chega a impressionantes 2.700 toneladas, e sua capacidade máxima de carga alcança 8.200 toneladas. Para se ter uma ideia, é como transportar o peso de mais de 100 locomotivas ao mesmo tempo.

Com seus 2.700.000 quilos, o Crawler-Transporter da NASA carrega um peso que impressiona até os mais experientes engenheiros: ele equivale a cerca de 450 elefantes africanos adultos alinhados lado a lado.

Essa comparação ajuda a dimensionar o desafio colossal de mover uma estrutura tão pesada com precisão milimétrica — e explica por que seu consumo de combustível é tão descomunal.

Os crawlers não têm rodas comuns. Eles se deslocam sobre oito esteiras gigantescas, semelhantes às de tanques de guerra, mas muito maiores: cada esteira possui 57 sapatas metálicas, e cada sapata pesa cerca de uma tonelada. Isso distribui o peso colossal e impede que o solo debaixo deles afunde.

A lenta jornada: velocidades e desempenho

Apesar do tamanho colossal, os crawlers se movem com uma lentidão calculada. A velocidade máxima sem carga é de aproximadamente 3,2 km/h. Quando estão carregados com um foguete e toda a estrutura de suporte, a velocidade cai para cerca de 1,6 km/h (1 mph).

Essa lentidão é proposital: a carga precisa permanecer absolutamente estável, pois qualquer vibração pode causar danos estruturais ou desalinhamento.

O caminho até a plataforma de lançamento no Kennedy Space Center, na Flórida, tem cerca de 5,6 quilômetros de extensão e exige um trabalho minucioso de nivelamento, monitoramento e controle de inclinação a cada metro percorrido.

Ao longo de décadas, cada crawler já percorreu milhares de quilômetros. O CT-2, por exemplo, acumula mais de 3.800 km de operação desde sua construção, um feito notável considerando a curta distância de cada trajeto.

Motores e sistemas de energia: um complexo coração de aço

Para mover essa massa colossal, os crawlers contam com uma intrincada combinação de motores a diesel, geradores e motores elétricos. O sistema é dividido em dois subsistemas principais: tração e energia auxiliar.

Sistema de tração

  • Cada crawler possui 16 motores de tração estilo locomotiva, com 375 cavalos de potência cada, alimentados por energia elétrica.
  • A eletricidade que os aciona vem de quatro geradores de corrente contínua (DC), cada um com 1.000 quilowatts de potência.

Sistema de energia auxiliar

  • Dois geradores de corrente alternada (AC) de 1.500 quilowatts cada alimentam os sistemas auxiliares, como direção, elevação da plataforma, sistemas hidráulicos e eletrônicos.
  • Esses geradores AC são movidos por dois motores diesel Cummins de 16 cilindros e 2.200 cavalos de potência cada um.

Essa combinação garante potência bruta suficiente para mover a carga gigantesca e ao mesmo tempo fornecer energia para os sistemas de suporte e controle.

Consumo de combustível: os devoradores de diesel da NASA

O consumo de combustível dos crawlers é, sem exagero, astronômico. Cada veículo possui um tanque com capacidade para cerca de 19.000 litros de diesel.

Quando está carregado, o crawler consome aproximadamente 2,94 litros de diesel a cada 10 metros percorridos — o que equivale a cerca de 390 litros por quilômetro.

Essa taxa de consumo é milhares de vezes maior do que a de um carro comum e muito superior até mesmo à de caminhões pesados.

Em termos simples, enquanto um automóvel consegue percorrer dezenas de quilômetros com um único litro de combustível, um crawler queima quase 3 litros para avançar apenas 10 metros.

Para se ter uma ideia da escala desse gasto, os 390 litros que ele consome para andar 1 quilômetro seriam suficientes para que cerca de 4.680 carros comuns percorressem a mesma distância.

Com o tanque cheio, o alcance teórico é de aproximadamente 48 quilômetros carregado, mas na prática nunca chegam a tanto.

Isso ocorre porque os crawlers raramente operam por longos períodos contínuos. Além disso, parte do combustível precisa ser reservada para manobras e imprevistos, e há consumo adicional dos sistemas auxiliares mesmo quando o veículo não está se deslocando.

Por que tanta energia é necessária

O motivo do consumo gigantesco está diretamente ligado à física: mover massas colossais exige força colossais.

Os crawlers carregam estruturas que podem ultrapassar os 8 milhões de quilos sobre um terreno inclinado e de brita compactada.

Para evitar vibrações, o deslocamento é extremamente lento, mas isso não significa que o esforço seja pequeno — pelo contrário.

É preciso vencer o atrito das esteiras contra o solo, manter a plataforma nivelada com precisão milimétrica, e compensar qualquer inclinação ou afundamento do terreno em tempo real.

Além disso, o sistema de propulsão elétrica alimentado por geradores diesel não é muito eficiente: grande parte da energia térmica dos motores a combustão se perde em forma de calor antes de virar movimento útil.

Isso tudo somado explica por que cada metro percorrido consome quantidades tão enormes de combustível.

Impactos operacionais e ambientais

Cada movimentação de um crawler representa um custo considerável para a NASA, tanto financeiro quanto ambiental.

Com esse consumo elevado, tudo implicam em emissões significativas de gases de efeito estufa. Por esse motivo, cada transporte é cuidadosamente planejado para minimizar repetições ou trajetos desnecessários.

Nos últimos anos, a NASA passou por um processo de modernização dos crawlers, substituindo motores antigos por modelos mais eficientes e menos poluentes.

Essas atualizações aumentaram a capacidade de carga para suportar os novos foguetes do programa Artemis, mas também buscaram reduzir o consumo específico de combustível e as emissões associadas.

Ainda assim, por mais modernos que fiquem, os crawlers continuarão sendo máquinas de altíssimo consumo — simplesmente porque não existe outro meio de transportar cargas tão pesadas com segurança e precisão milimétrica.

Uma façanha de engenharia que atravessa gerações

Mesmo com todas as limitações, os Crawler-Transporters continuam sendo peças fundamentais da infraestrutura espacial americana.

Desde 1965, eles já levaram ao ponto de lançamento os foguetes Saturn V do Programa Apollo, todos os ônibus espaciais do programa Space Shuttle e, mais recentemente, o gigantesco Space Launch System (SLS) que impulsionará a nova corrida à Lua.

A longevidade dessas máquinas impressiona: após mais de meio século de uso, continuam plenamente operacionais, agora com sistemas atualizados.

Essa durabilidade demonstra a robustez do projeto original e o cuidado extremo com manutenção ao longo das décadas.

Além disso, os crawlers se tornaram ícones culturais e turísticos. Muitos visitantes do Kennedy Space Center ficam fascinados ao ver os gigantes se movendo lentamente pelas trilhas de brita, como se fossem prédios ambulantes deslizando pelo solo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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