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O maior segredo da Guerra Fria — satélite espião que ficou escondido por três décadas

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 29/01/2025 às 11:14
satélite , GUERRA FRIA
Foto: Reprodução

Durante a Guerra Fria, um satélite espião ultra-secreto permaneceu escondido por décadas. Agora, sua história vem à tona!

Durante a Guerra Fria, o mundo viveu sob a ameaça constante de uma guerra nuclear. Em meio a essa tensão, os Estados Unidos desenvolveram estratégias de espionagem altamente sofisticadas para monitorar os movimentos da União Soviética. Entre essas iniciativas, destacou-se o ultrassecreto projeto Parcae, um satélite espião que permaneceu oculto por mais de 30 anos.

Esse sistema avançado forneceu aos EUA uma vantagem estratégica fundamental, permitindo a vigilância detalhada das operações militares soviéticas e assegurando o princípio da destruição mútua assegurada (MAD).

Segundo o engenheiro Lee M. Hammarstrom, especialista em tecnologia da Guerra Fria: Estávamos sob MAD nessa época, então, se os soviéticos tivessem uma maneira de negar nossos ataques, eles poderiam ter considerado atacar primeiro.

O contexto e o desenvolvimento do Parcae

Na década de 1970, a expansão da Marinha Soviética, impulsionada pelo lançamento dos poderosos cruzadores nucleares da classe Kirov, colocou os EUA em uma situação crítica.

O sistema de inteligência baseado em satélites Poppy, já existente, tinha limitações significativas, especialmente na velocidade de processamento de dados, que podia levar semanas.

Diante disso, em 1971, durante vastos exercícios navais, ficou evidente que os EUA precisavam de um sistema mais eficaz e ágil. Assim, nasceu o Parcae, um avançado sistema de inteligência eletrônica orbital projetado para monitorar a atividade naval soviética em tempo real.

Revelação de um Segredo Militar

O projeto Parcae permaneceu classificado até julho de 2023, quando o National Reconnaissance Office (NRO) finalmente confirmou sua existência em um documento de uma página.

Esse reconhecimento ocorreu durante a celebração do centenário do US Naval Research Laboratory (NRL), local onde o projeto foi desenvolvido.

Apesar dos sigilos oficiais, informações sobre o Parcae vazaram ao longo dos anos por meio de reportagens investigativas e até comentários de um conselheiro militar russo.

Essas revelações demonstraram não apenas a importância do programa, mas também o alto nível de criatividade e inovação dos engenheiros americanos na corrida tecnológica da Guerra Fria.

Antecessores do Parcae

O Parcae se baseou na experiência de programas anteriores de satélites de inteligência dos EUA. Em 1960, foi lançado o GRAB, primeiro satélite espião do mundo, sob o pretexto de um experimento científico chamado Galactic Radiation and Background. Seu objetivo real, mantido em segredo até 1998, era captar emissões de radar soviéticas.

Em seguida, surgiu o programa Poppy, em 1962, que aprimorou as capacidades de inteligência com múltiplos satélites, permitindo a localização mais precisa das fontes de emissão.

Essa evolução preparou o terreno para o desenvolvimento do Parcae, que alcançaria um novo patamar na vigilância naval.

O impacto do satélite Parcae

O primeiro satélite do projeto Parcae foi lançado em 1976, e o programa se estendeu até 2008. Durante sua operação, recebeu codinomes como White Cloud e Classic Wizard.

Os primeiros lançamentos utilizaram foguetes Atlas F, mas, posteriormente, passaram a contar com o mais poderoso Titan IV-A.

Uma das inovações tecnológicas mais relevantes do Parcae foi o uso da estabilização por gradiente de gravidade, um sistema de controle de orientação baseado em um longo braço retrátil com um peso na ponta.

Essa tecnologia permitia manter as antenas do satélite constantemente apontadas para a Terra, garantindo uma coleta eficiente de dados.

Os satélites do Parcae operavam em grupos de três, simulando as tríades da mitologia romana. Utilizando relógios altamente precisos e sincronizados, conseguiam detectar e triangular emissões navais soviéticas com extrema precisão. Esse método aumentou significativamente as capacidades de inteligência da Marinha dos EUA.

A revolução da inteligência em tempo real

O Parcae não apenas captava sinais, mas também os processava rapidamente. Equipado com minicomputadores avançados, como o SEL-810 e SEL-86, foi um dos primeiros sistemas a integrar recursos de interrupção em tempo real, permitindo a incorporação instantânea de novos dados sem interromper o processamento.

Segundo o capitão aposentado da Marinha, Arthur “Art” Collier, o Parcae reduziu o tempo entre a interceptação de um sinal e a geração de relatórios para apenas alguns minutos. Essa rapidez foi crucial para decisões militares em situações de tensão.

Com informações de NRO.

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Eduardo Garcia
Eduardo Garcia
30/01/2025 08:54

Se ficou fora do radar por 30 anos, o que devem ter hoje kkkkk

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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