1. Início
  2. / Sustentabilidade
  3. / O maior projeto de captura de carbono em operação no planeta está em alto-mar na América do Sul — e já enterra mais de 14 milhões de toneladas de CO2 por ano no subsolo
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 1 comentários

O maior projeto de captura de carbono em operação no planeta está em alto-mar na América do Sul — e já enterra mais de 14 milhões de toneladas de CO2 por ano no subsolo

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 30/06/2025 às 16:18
O maior projeto de captura de carbono em operação no planeta está em alto-mar na América do Sul
O maior projeto de captura de carbono em operação no planeta está em alto-mar na América do Sul
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

Em alto-mar na América do Sul, um projeto já reinjeta mais de 14 milhões de toneladas de CO₂ por ano no subsolo — e lidera a captura de carbono no mundo.

Enquanto o mundo corre contra o tempo para conter o colapso climático, um feito silencioso e extraordinário vem acontecendo em águas ultraprofundas da costa brasileira. Em pleno oceano Atlântico, está em operação o maior projeto de captura e armazenamento de carbono (CCUS) do mundo, responsável por enterrar no subsolo marinho mais de 14 milhões de toneladas de CO₂ por ano — um volume maior do que muitos países emitem anualmente.

Poucos sabem, mas essa tecnologia avançada já está sendo aplicada em escala industrial, em campos de petróleo offshore da América do Sul. E os números surpreendem: mais de 68 milhões de toneladas de dióxido de carbono já foram armazenadas desde 2008, com metas ambiciosas para ultrapassar os 80 milhões até o fim de 2025.

Trata-se de um exemplo real de como é possível extrair petróleo e, ao mesmo tempo, reduzir drasticamente as emissões líquidas de carbono — graças à inovação aplicada no momento em que o CO₂ é separado do gás natural em plataformas do pré-sal e imediatamente reinjetado nas profundezas do reservatório.

Pai e filho sorrindo ao fundo de arte promocional da Shopee para o Dia dos Pais, com produtos e caixas flutuantes em cenário laranja vibrante.
Celebre o Dia dos Pais com ofertas incríveis na Shopee!
Ícone de link VEJA AS OFERTAS!

A lógica do subsolo: transformar resíduo em ativo no processo de captura de carbono

A operação começa ainda nas plataformas offshore, onde o gás natural extraído junto ao petróleo passa por um processo de separação. Como o CO₂ representa uma grande fração do volume total, ele precisa ser isolado antes do gás ser usado ou exportado.

Em vez de liberar esse CO₂ na atmosfera, a solução encontrada foi ousada: comprimir e reinjetar o gás diretamente nos reservatórios subterrâneos, a mais de 5 mil metros de profundidade, onde permanece preso em rochas porosas com selos geológicos naturais.

Mais que uma solução ambiental, esse processo também aumenta a eficiência da produção. A técnica é chamada de EOR (Enhanced Oil Recovery), ou recuperação avançada de petróleo, e usa o próprio CO₂ como agente de empuxo para extrair mais óleo dos campos maduros.

Resultados da América do Sul que superam qualquer outro projeto em operação

Em 2024, o sistema bateu um novo recorde: 14,2 milhões de toneladas de CO₂ reinjetadas em apenas um ano, volume superior à soma de todos os principais projetos industriais de captura de carbono em funcionamento no mundo.

Para efeito de comparação, esse número supera:

  • A capacidade combinada dos projetos Quest CCS (Shell, Canadá) e Sleipner (Equinor, Noruega)
  • O equivalente a tirar mais de 3 milhões de carros da estrada por ano
  • A emissão total anual de países como Uruguai, Croácia ou Bolívia

Mais impressionante ainda é que toda essa operação ocorre em mar aberto, em plataformas flutuantes localizadas a até 300 km da costa brasileira, em águas com mais de 2.000 metros de profundidade.

Por que o subsolo marinho é ideal para armazenar CO₂

Os reservatórios do pré-sal oferecem uma combinação perfeita para o armazenamento geológico:

  • Alta porosidade, que permite o alojamento do gás
  • Selos rochosos espessos, que impedem qualquer vazamento
  • Distâncias extremas da superfície, o que garante segurança a longo prazo

O sistema é constantemente monitorado por sensores e softwares que acompanham pressões, deslocamentos e temperatura em tempo real. Os dados são auditados por instituições internacionais de clima e energia, e o projeto já é reconhecido como case global de CCUS offshore em larga escala.

O papel estratégico para o Brasil e a transição energética na América do Sul

O sucesso do projeto coloca o Brasil — discretamente — no centro das discussões sobre captura de carbono no mundo. A estrutura já atrai atenção de empresas que desejam comprar créditos de carbono lastreados em remoções reais, verificáveis e permanentes, algo raro no mercado voluntário atual.

Além disso, a operação oferece ao país a chance de:

  • Exportar conhecimento técnico e regulatório
  • Certificar petróleo com menor pegada de carbono
  • Liderar a agenda climática sem abrir mão da segurança energética

E tudo isso vem sendo feito sem depender de subsídios internacionais ou fundos multilaterais — o projeto é 100% financiado pela própria operadora, com retorno técnico e estratégico comprovado.

Um modelo replicável em outras fronteiras energéticas

O que hoje é feito no pré-sal pode, no futuro, ser ampliado para outras regiões do país e até exportado como serviço para países com estruturas geológicas semelhantes. O Brasil, por exemplo, possui bacias sedimentares continentais com potencial de armazenamento e uma vasta malha de dutos, poços e know-how que pode ser adaptado.

Com a regulamentação de um mercado de carbono mais robusto, é possível que o petróleo brasileiro passe a competir globalmente não só em preço, mas em eficiência climática — um diferencial que pode atrair refinarias e investidores internacionais de olho no cumprimento das metas ESG.

Enquanto países debatem metas para 2050, esse projeto já remove milhões de toneladas de CO₂ todos os anos, em operação contínua, rastreável e documentada. É uma ação concreta, em escala industrial, que mostra como o setor de petróleo e gás pode, sim, ser parte da solução climática — com tecnologia, ciência e pragmatismo.

E isso está sendo feito longe dos holofotes, no meio do oceano Atlântico Sul, onde a inovação trabalha em silêncio, mas em uma escala que impacta o planeta inteiro.

Inscreva-se
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Katiuscia
Katiuscia
03/07/2025 16:46

Interessante o tema! Quem realiza o projeto?

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x