O iceberg B-15, com 11 mil km² — maior que a Jamaica — vagou quase 20 anos pelos oceanos. O maior iceberg já registrado virou alerta sobre mudanças climáticas.
No ano de 2000, o mundo testemunhou um dos eventos mais impressionantes já registrados pela ciência climática: o desprendimento do iceberg B-15 da plataforma de gelo Ross, na Antártica. Com impressionantes 295 km de comprimento por 37 km de largura, ele alcançou uma área de 11 mil km² — maior que todo o território da Jamaica e quase do tamanho do estado de Sergipe. Foi, sem dúvidas, o maior iceberg já observado desde o início do monitoramento por satélite.
A ruptura ocorreu em março daquele ano e foi detectada por imagens da NASA. Para os cientistas, o evento representava mais do que uma estatística grandiosa: ele abriu uma janela para o entendimento sobre a fragilidade das plataformas de gelo diante das mudanças climáticas globais.
A dimensão impressionante do iceberg B-15
Quando comparado a estruturas conhecidas, o B-15 se torna ainda mais impressionante:
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- 11 mil km² de área: maior que países inteiros, como Jamaica ou Catar.
- Espessura média de 200 a 250 metros: quase a altura do Edifício Altino Arantes, em São Paulo.
- Mais de 3 bilhões de toneladas de gelo: peso equivalente a 8 milhões de aviões Airbus A380.
Essas proporções transformaram o B-15 em um laboratório vivo para a ciência, já que poucas vezes um bloco tão colossal pôde ser estudado em movimento por tanto tempo.
A jornada de duas décadas pelos oceanos
Ao contrário do que ocorre com icebergs menores, que derretem em poucos meses, o B-15 resistiu quase 20 anos vagando pelo hemisfério sul. Logo após sua ruptura, ele se fragmentou em blocos menores — o maior deles, chamado B-15A, ainda media centenas de quilômetros quadrados.
Durante a década de 2000, os fragmentos do iceberg foram observados ao se aproximarem de regiões críticas, como as Ilhas Geórgia do Sul, onde interferiram temporariamente em rotas de navegação e até no ciclo de alimentação de pinguins-rei e focas, que precisaram adaptar suas rotas de caça.
Em 2018, a NASA ainda monitorava o bloco B-15Z, com cerca de 150 km², confirmando que pedaços daquele gigante ainda existiam quase duas décadas após sua formação.
Impactos científicos e ambientais do maior iceberg do mundo
O B-15 não elevou significativamente o nível dos mares, pois já fazia parte de uma plataforma de gelo flutuante. Mas isso não significa que sua história tenha sido inofensiva. Pelo contrário, ele se tornou um símbolo da instabilidade climática:
- Estudos sobre correntes oceânicas: a movimentação de blocos gigantes como o B-15 interfere na circulação marinha, afetando ecossistemas distantes da Antártica.
- Mudanças na vida selvagem: colônias de pinguins foram obrigadas a percorrer até 70 km extras para buscar alimento quando o iceberg bloqueou rotas naturais.
- Atenção internacional: a ruptura chamou a atenção de cientistas e políticos para os riscos do aquecimento global na região polar.
O iceberg funcionou como um alarme visual: se eventos dessa magnitude passassem a ocorrer com frequência, os impactos seriam devastadores para a estabilidade global do clima.
A importância do monitoramento via satélite
O caso do B-15 também demonstrou o papel crucial das tecnologias de observação espacial. Satélites da NASA e da ESA acompanharam cada fragmento do iceberg durante anos, permitindo que climatologistas comparassem o derretimento gradual com modelos de aquecimento global.
Sem esses registros, a trajetória épica de quase duas décadas provavelmente teria sido esquecida no meio do oceano. Com eles, no entanto, o B-15 entrou para a história como um dos exemplos mais documentados da força natural do planeta.
Linha do tempo do iceberg B-15
- Março de 2000 – Formação do iceberg, com 11 mil km², maior já registrado.
- 2000–2002 – Fragmentação inicial em blocos menores, como o B-15A.
- 2005 – Fragmentos atingem áreas próximas a colônias de pinguins, alterando ciclos de reprodução.
- 2010 – Grandes pedaços do iceberg ainda são visíveis no Atlântico Sul.
- 2018 – A NASA registra o fragmento B-15Z, com 150 km², ainda navegando isolado.
- Pós-2018 – Últimos restos do iceberg desaparecem no mar, encerrando a jornada de quase duas décadas.
O legado de um gigante que virou alerta
O B-15 já não existe mais, mas sua história permanece como um marco da ciência climática. Ele mostrou que a natureza pode criar estruturas colossais capazes de resistir por anos e modificar ecossistemas inteiros.
Ao mesmo tempo, deixou uma mensagem clara: a estabilidade do gelo antártico depende diretamente da forma como a humanidade lida com o aquecimento global.
Mais do que uma curiosidade, o iceberg B-15 se tornou um símbolo de alerta. Seu tamanho colossal, sua resistência e sua jornada de 20 anos pelos mares lembram que o planeta é vivo, dinâmico e vulnerável, e que a ciência deve continuar vigilante para entender e se preparar para os próximos colossos que a Antártica pode liberar.