Com mais de 200 mil soldados e o maior inventário de blindados, o Brasil tem o maior exército da América Latina, mas enfrenta desafios de orçamento e modernização para manter sua hegemonia.
O Exército Brasileiro se consolida, em 2025, como o maior exército da América Latina em número de militares na ativa. De acordo com matéria publicada com base em dados do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos), a força terrestre do país supera a de todas as outras nações da região, uma dimensão que reflete a necessidade de proteger um território continental com mais de 16.000 quilômetros de fronteiras.
No entanto, uma análise aprofundada revela um cenário mais complexo. A liderança numérica do Brasil é inquestionável, mas ela coexiste com desafios orçamentários e um processo de modernização que busca equilibrar quantidade e qualidade. A comparação com seus pares regionais mostra que, enquanto o Brasil domina em escala, outras nações se destacam em nichos tecnológicos ou em experiência de combate.
O efetivo de mais de 200 mil soldados
A principal métrica que posiciona o Brasil no topo do ranking é o seu contingente militar. Segundo dados oficiais de 2024, o Exército Brasileiro possui um efetivo de 212.217 militares na ativa. Esse número é significativamente superior ao de outras potências regionais, como a Colômbia (com cerca de 200.000) e o México (também com cerca de 200.000 em sua força terrestre).
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Se somarmos os reservistas, o contingente mobilizável das Forças Armadas brasileiras se aproxima de 1,8 milhão de pessoas. Essa escala é uma função direta da vasta população do país e da doutrina de defesa focada na proteção de um imenso território.
O maior em valor, mas um dos menores em investimento
O Brasil possui o maior orçamento de defesa da América Latina em valores absolutos, com uma previsão de R$ 133,6 bilhões para 2025. No entanto, a estrutura desse orçamento revela um grande desafio.
Cerca de 78% de todo o valor é consumido com despesas de pessoal, incluindo militares da ativa, da reserva e pensionistas. Isso deixa uma fatia muito pequena para investimentos em modernização, compra de novos equipamentos e treinamento. É o paradoxo de ter o maior orçamento, mas uma capacidade de investimento limitada.
A força blindada: uma questão de quantidade versus qualidade
O inventário de equipamentos do Exército Brasileiro reflete essa realidade. O Brasil possui a maior força blindada da região em números, com 292 tanques de combate e mais de 2.250 outros veículos blindados. A força de artilharia também é a maior, com destaque para o sistema de lançadores de foguetes Astros II, o mais avançado da América do Sul.
No entanto, parte significativa desse arsenal é composta por equipamentos mais antigos. Nações como o Chile, por exemplo, embora tenham menos tanques, operam o modelo Leopard 2A4, tecnologicamente superior aos Leopard 1 e M60 que formam a espinha dorsal da força brasileira.
A modernização em curso: o Programa Estratégico Guarani
A principal aposta do Brasil para modernizar sua força terrestre é o Programa Estratégico Guarani. O projeto, desenvolvido em parceria com a Iveco Defence Vehicles em Sete Lagoas (MG), visa substituir a antiga frota de blindados Urutu e Cascavel pela nova família de blindados sobre rodas Guarani.
Até o final de 2024, cerca de 700 unidades já haviam sido entregues. Em dezembro de 2024, foi assinado um novo contrato para o desenvolvimento de versões de ambulância e posto de comando, com entrega prevista para 2026. Ter uma base industrial de defesa, capaz de desenvolver e produzir seus próprios veículos, é uma vantagem estratégica que poucos países na região possuem.
O balanço de poder: o maior nem sempre é o mais preparado para tudo
A análise final mostra que, embora o Brasil tenha o maior exército da América Latina em um contexto de guerra convencional, a definição de “mais capaz” depende do cenário.
O Exército da Colômbia, por exemplo, é menor, mas foi forjado em décadas de combate real contra a guerrilha, o que lhe confere uma experiência inigualável em guerra na selva e contrainsurgência. Já as forças do México são primariamente focadas no combate ao crime organizado. O Brasil, portanto, detém a liderança em escala e capacidade industrial, mas o balanço de poder na região é um mosaico de diferentes forças e especialidades.