Anunciado ao lado do presidente Lula, o plano visa expandir a produção de minério de ferro e cobre, posicionando o Brasil como peça-chave na transição energética
Em um dos maiores anúncios de investimento da história recente do Brasil, a Vale lançou o programa Novo Carajás. Trata-se de um pacote de R$ 70 bilhões em investimentos na Amazônia entre 2025 e 2030, com o objetivo de turbinar a produção de minério de ferro e cobre, metais considerados essenciais para a transição energética global.
O plano, apresentado em 14 de fevereiro de 2025 em uma cerimônia no Pará com a presença do presidente Lula, reforça a importância estratégica da região de Carajás e busca alinhar a expansão da mineradora a uma agenda de sustentabilidade e desenvolvimento econômico, em um momento em que a empresa comemora 40 anos de operações na região.
As metas ambiciosas do Novo Carajás
O programa Novo Carajás tem objetivos claros e de grande escala. O principal deles é aumentar a produção anual de minério de ferro do Sistema Norte, que hoje já é responsável por 60% de todo o minério exportado pelo Brasil. A meta é saltar das 177,5 milhões de toneladas produzidas em 2024 para 200 milhões de toneladas até 2030.
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Além do ferro, o cobre é uma grande aposta. O plano prevê um aumento de 32% na extração do metal, alcançando aproximadamente 350 mil toneladas por ano. Com isso, a Vale e o Brasil se posicionam como um fornecedor-chave de um dos minerais mais críticos para a fabricação de veículos elétricos e tecnologias de energia limpa.
Mineração a seco, a aposta em uma operação mais sustentável
Um dos pilares do discurso da Vale para o Novo Carajás é o compromisso com a redução dos impactos ambientais. A empresa destaca que suas operações em Carajás utilizam tecnologia de ponta, principalmente a mineração a seco. Esse método de beneficiamento usa a umidade natural do minério de alta qualidade da região, o que diminui drasticamente o consumo de água e, o mais importante, elimina a necessidade de novas barragens de rejeitos.
Essa abordagem tecnológica é uma resposta direta às crescentes preocupações com a segurança e o meio ambiente, buscando apresentar um modelo de mineração mais responsável, especialmente por estar localizada na Amazônia.
O impacto econômico e a aliança com o governo
O anúncio do programa, que marca os 40 anos da Vale em Carajás, foi visto como um gesto de aproximação com o governo federal. O presidente Lula e seus ministros vinham cobrando da empresa um maior diálogo e um papel socioeconômico mais ativo no país. O investimento de R$ 70 bilhões é uma resposta direta a esse apelo.
O impacto para a economia local promete ser significativo. A estimativa é de que a expansão possa adicionar R$ 15 bilhões por ano nas exportações do estado do Pará, fortalecendo a economia da região. O apoio do governo ao projeto mostra uma aliança estratégica, onde a expansão da mineradora é vista como um motor para o desenvolvimento nacional.
O futuro da Vale na Amazônia com o programa Novo Carajás
Com o programa Novo Carajás, a Vale não apenas expande sua produção, mas também se posiciona como uma empresa fundamental para a chamada “economia verde”. Ao focar em minério de ferro de alta qualidade e no cobre, a companhia atende a uma demanda global por materiais essenciais para um futuro de baixo carbono.
No entanto, a iniciativa não acontece sem controvérsias. A expansão de uma fronteira de mineração na Amazônia é alvo de críticas de ambientalistas, que questionam a viabilidade de um projeto dessa magnitude em uma área tão sensível. O sucesso do programa dependerá da capacidade da Vale de equilibrar sua ambição de crescimento com um compromisso real com a preservação ambiental e o desenvolvimento social das comunidades locais.