De Curitiba a Morretes, a viagem de trem pela ferrovia centenária de 1885 revela paisagens, história e obras de engenharia impressionantes no meio da Mata Atlântica.
Imagine uma viagem de trem que não apenas te transporta de um lugar a outro, mas te leva de volta no tempo. Essa é a promessa do passeio pela Serra do Mar Paranaense, uma das jornadas ferroviárias mais espetaculares do mundo. Operado pela Serra Verde Express, o trajeto de aproximadamente quatro horas conecta a capital Curitiba à cidade histórica de Morretes, no litoral, atravessando a maior área contínua de Mata Atlântica preservada do país.
A jornada por esta ferrovia centenária é um mergulho na história e na natureza. O trem na Serra do Mar Paranaense desce mais de 900 metros de altitude, passando por túneis, pontes e viadutos espetaculares. Este guia completo detalha tudo o que você precisa saber para planejar essa aventura inesquecível.
Uma ferrovia de 1885: a história e a engenharia da obra no coração da Mata Atlântica
A Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba é uma das obras de engenharia mais audaciosas do século XIX no Brasil. Inaugurada em 2 de fevereiro de 1885, seu objetivo era conectar o planalto ao litoral, vencendo a barreira da Serra do Mar. O projeto, liderado pelo engenheiro João Teixeira Soares, enfrentou desafios imensos, como o terreno íngreme e as chuvas torrenciais.
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Hoje, o trem na Serra do Mar Paranaense percorre esses mesmos 70 km de trilhos, oferecendo aos passageiros uma viagem no tempo. O percurso é uma imersão na natureza, atravessando o maior trecho contínuo de Mata Atlântica do Brasil e revelando paisagens que mudam constantemente com a altitude.
De trem pelo Viaduto do Carvalho e Ponte São João: as joias da viagem
A ferrovia é marcada por dezenas de obras de arte da engenharia, mas duas se destacam e são os pontos altos do passeio.
Viaduto do Carvalho: famoso por ser o primeiro viaduto em curva construído no mundo, ele proporciona uma das sensações mais emocionantes da viagem. O trem emerge da escuridão de um túnel diretamente para o viaduto, e por um instante, ao olhar pela janela, a ausência de solo visível cria a vertiginosa e inesquecível impressão de estar flutuando sobre o vale.
Ponte São João: com 112 metros de extensão, esta é a obra mais impressionante da linha. Sua estrutura metálica, fabricada na Bélgica, se eleva a 55 metros acima do Rio São João, o equivalente a um prédio de 24 andares.
Como planejar a viagem: os pacotes, preços de 2025 e a melhor época para ir
A escolha da época do ano e do pacote certo é fundamental. O verão (dezembro a fevereiro) tem dias mais longos, mas é mais chuvoso. A primavera, especialmente em novembro, é considerada ideal, com clima ameno e a paisagem exuberante.
O trem tem saídas diárias na alta temporada e às sextas, sábados e domingos na baixa, partindo de Curitiba às 8h30. Existem diversas opções de pacotes:
Somente Ida (a partir de R$ 175): Ideal para quem busca flexibilidade e quer organizar o próprio retorno.
Pacote Completo (a partir de R$ 445): Inclui a ida de trem e a volta de van para Curitiba, uma opção mais cômoda.
Pacote Pôr do Sol (a partir de R$ 290): ida de van (geralmente pela cênica Estrada da Graciosa), permitindo uma experiência rodoviária pela serra, e o retorno de trem no período da tarde, oferecendo uma luz diferente para as paisagens.
As reservas devem ser feitas com antecedência, especialmente na alta temporada.
A dica de ouro: qual o melhor vagão e o lado certo para as melhores fotos?
A decisão mais importante da viagem é a escolha do vagão e do assento. Para ter as melhores vistas e fotos, a dica é unânime:
Lado Esquerdo: na viagem de descida (Curitiba-Morretes), sente-se do lado esquerdo do trem. É deste lado que estão as vistas panorâmicas dos vales, penhascos e das pontes mais famosas.
Vagões: as classes variam do Econômico ao Luxo. os vagões da categoria Boutique, como o Barão do Serro Azul com sua varanda, são ideais, pois permitem fotos sem o reflexo das janelas. A classe Litorina de Luxo, apesar de ser a mais cara e climatizada, tem janelas seladas, o que impede o contato com o ar e os sons da serra, limitando a experiência sensorial.
Chegada em Morretes: o que fazer na cidade histórica e a tradição do barreado
A viagem de trem na Serra do Mar Paranaense termina na charmosa cidade de Morretes. Com seu centro histórico colonial preservado, ruas de paralelepípedos e o Rio Nhundiaquara, a cidade é um convite para uma caminhada tranquila.
A principal atração gastronômica é o barreado, prato típico da região. Consiste em carne bovina cozida lentamente por horas em uma panela de barro selada (“barreada”), resultando em uma carne extremamente macia que se desfaz. É servido com arroz, farinha de mandioca e banana, uma combinação de sabores única. Os restaurantes à beira-rio são os mais procurados para provar a iguaria. Após o passeio, o retorno para Curitiba é geralmente feito de ônibus ou van, em uma viagem de cerca de 1,5 horas.