Ex-funcionário da Apple é condenado nos EUA por desviar US$ 17 milhões em golpe que durou sete anos; caso expôs falhas internas e chocou o Vale do Silício.
Entre 2008 e 2018, um homem chamado Dhirendra Prasad, então com 52 anos, viveu uma das maiores farsas corporativas já vistas dentro do Vale do Silício. Enquanto ocupava um cargo de confiança na divisão global de cadeia de suprimentos da Apple, Prasad orquestrou um esquema milionário que desviou mais de US$ 17 milhões da empresa.
O caso só veio à tona anos depois, quando uma auditoria interna revelou a profundidade da fraude, um golpe que expôs até mesmo a vulnerabilidade da maior empresa de tecnologia do mundo.
O homem por trás do golpe
Prasad era um funcionário veterano e respeitado. Atuava na área de compras estratégicas, responsável por negociar contratos e aprovar pedidos de fornecedores. Foi justamente essa posição — que lhe dava acesso a valores e especificações técnicas que o transformou em um dos maiores fraudadores já identificados na história da Apple.
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De acordo com documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), o ex-funcionário criou um esquema complexo envolvendo duas empresas fornecedoras da Apple, que colaboraram com ele para emitir notas fiscais falsas, superfaturar serviços e até cobrar por produtos que nunca foram entregues. O dinheiro retornava a Prasad de forma disfarçada por meio de empresas de fachada e transferências indiretas, lavadas como “pagamentos comerciais”.
Como a fraude funcionava por 7 anos
Durante sete anos, o sistema interno da Apple não detectou nada de anormal. O golpe passava despercebido porque Prasad tinha autonomia para validar contratos e aprovar pagamentos de baixo e médio valor — exatamente o tipo de operação que não exigia revisão constante por auditores.
Ele usou esse poder para duplicar pagamentos, criar ordens de compra fictícias e autorizar reembolsos indevidos. Além disso, roubava componentes de computadores e peças eletrônicas para revenda paralela.
O resultado: mais de US$ 17 milhões desviados entre 2011 e 2018, segundo o cálculo final apresentado pelo governo americano. A fraude só começou a ser suspeitada quando a Apple, ao revisar contratos antigos, notou inconsistências entre valores declarados e serviços entregues.
Descoberta e investigação do FBI
A empresa notificou as autoridades em 2018. O FBI e o Internal Revenue Service (IRS) — órgão de fiscalização tributária dos EUA iniciaram uma investigação que revelou a profundidade do esquema.
Durante as buscas, os agentes encontraram registros contábeis e e-mails comprovando a parceria entre Prasad e os fornecedores. Ele também havia sonegado impostos, omitindo os ganhos ilícitos na declaração de renda.
Em novembro de 2022, Dhirendra Prasad se declarou culpado de fraude eletrônica e conspiração para defraudar os Estados Unidos. Já em abril de 2023, foi condenado a três anos de prisão federal, além de ser obrigado a restituir US$ 17,4 milhões à Apple e US$ 1,8 milhão ao IRS, totalizando cerca de US$ 19,2 milhões.
A reação da Apple e o impacto no Vale do Silício
O caso causou choque dentro da companhia e expôs falhas de segurança no sistema interno de aprovação de compras. Segundo fontes próximas à investigação, a Apple reforçou imediatamente os protocolos de auditoria e implantou uma política mais rígida de controle de fornecedores.
O procurador federal Ismail Ramsey, responsável pelo caso, afirmou que o esquema só foi possível devido à “confiança excessiva em funcionários com acesso a contratos e pagamentos”. Em comunicado oficial, o DOJ classificou o episódio como “um lembrete de que mesmo empresas trilionárias podem ser enganadas quando há brechas internas e conivência de fornecedores”.
“Prasad abusou da confiança da Apple e explorou falhas no sistema para benefício próprio. Durante sete anos, manteve um estilo de vida financiado por dinheiro que jamais lhe pertenceu”, disse Ramsey.
Um alerta global sobre corrupção corporativa
O caso de Dhirendra Prasad virou exemplo nos Estados Unidos de como a fraude corporativa pode permanecer oculta em grandes multinacionais, mesmo sob sistemas de compliance sofisticados.
Especialistas em governança corporativa apontam que o episódio reforça a importância de auditorias independentes, rotação de cargos de confiança e monitoramento automatizado de transações — práticas que a Apple passou a adotar após o escândalo.
O golpe de US$ 17 milhões dentro da Apple deixa uma lição clara: a vulnerabilidade não está apenas nas máquinas ou nos sistemas, mas nas pessoas que os operam. E mesmo sob os olhos atentos de executivos e algoritmos de segurança, a fraude mais perigosa pode estar sendo executada em silêncio — dentro da própria empresa.



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