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O gasoduto de 355 km que custou R$ 12 bilhões, 10 anos de obras, escoa até 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia do pré-sal e pode redefinir o futuro energético do Brasil

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 26/06/2025 às 22:55
Atualizado em 28/06/2025 às 20:37
O gasoduto de 355 km que custou R$ 12 bilhões, 10 anos de obras, escoa até 21 milhões de m³ por dia do pré-sal e pode redefinir o futuro energético do Brasil
Foto: Divulgação
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Após 10 anos de obras e R$ 12 bilhões em investimentos, o gasoduto Rota 3 foi inaugurado na reta final de 2024 com 355 km de extensão e já escoa até 21 milhões m³/dia de gás do pré-sal. Entenda por que ele muda o futuro energético do Brasil.

Durante uma década, o Brasil viu se arrastar uma das obras mais ambiciosas do setor energético nacional. Foram anos de escândalos, paralisações e dúvidas — até que, em setembro de 2024, o país finalmente inaugurou o Gasoduto Rota 3, uma megaestrutura de 355 quilômetros de extensão, dos quais 307 km estão sob o oceano Atlântico, ligando diretamente os campos do pré-sal ao novo Complexo de Gás Natural de Itaboraí (Gaslub), no Rio de Janeiro.

Com investimento superior a R$ 12 bilhões, o Rota 3 já escoa até 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia, e promete ser um divisor de águas na logística do gás natural brasileiro, com reflexos diretos na geração de energia elétrica, fertilizantes, indústria petroquímica e até no bolso dos consumidores.

Uma obra monumental: o que é o Gasoduto Rota 3?

O Rota 3 é o maior gasoduto construído pela Petrobras nos últimos anos e faz parte de uma estratégia para aproveitar plenamente o gás natural do pré-sal — um recurso que, por muito tempo, foi desperdiçado.

Ao contrário dos dutos Rota 1 e Rota 2, que direcionam o gás para o estado de São Paulo, o Rota 3 é o primeiro a escoar diretamente para o Rio de Janeiro, tornando o estado um novo polo de gás natural e consolidando a posição estratégica do Gaslub como um hub nacional de gás.

O gasoduto de 355 km que custou R$ 12 bilhões, 10 anos de obras, escoa até 21 milhões de m³ por dia do pré-sal e pode redefinir o futuro energético do Brasil

Com capacidade para transportar entre 18 e 21 milhões de m³/dia, o Rota 3 amplia drasticamente a oferta de gás no mercado nacional, reduzindo a queima e reinjeção do recurso nas plataformas offshore — uma prática comum até então por falta de infraestrutura.

Onde começa e onde termina Gasoduto Rota 3

  • Origem: campos do pré-sal na Bacia de Santos, especialmente Mero, Búzios e Tupi.
  • Destino: UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) do Complexo de Itaboraí, na região metropolitana do Rio.

A estrutura é composta por:

  • 307 km de duto submarino;
  • 48 km de duto terrestre;
  • Estações de compressão, controle, processamento e distribuição no Gaslub;
  • Capacidade de integração com gasodutos e consumidores do Sudeste.

Por que ele muda o futuro energético do Brasil?

O Brasil tem uma das maiores reservas de gás natural do mundo — mas historicamente falhou em aproveitá-las de forma estratégica. Por falta de dutos e infraestrutura, boa parte do gás associado à produção de petróleo era simplesmente queimada ou reinjetada.

Com o Rota 3, essa equação muda.

A nova estrutura:

  • Evita o desperdício de gás no pré-sal;
  • Injeta mais gás na matriz elétrica, diminuindo o custo da energia;
  • Reduz a dependência de GNL importado, que encarece o mercado;
  • Estabiliza o fornecimento para termelétricas, promovendo segurança energética;
  • Cria uma base para a indústria nacional de fertilizantes, que hoje depende de importações;
  • Gera empregos, arrecadação de royalties e atrai novas indústrias para o estado do Rio.

Gasoduto Rota 3: uma década de polêmicas, escândalos e reviravoltas

A história do Rota 3 é tão longa quanto conturbada. O projeto foi lançado em 2014, ainda no auge do boom do pré-sal, mas logo se viu envolvido em investigações da Lava Jato, entraves ambientais e problemas contratuais com fornecedores.

A UPGN de Itaboraí, peça-chave do sistema, chegou a ser chamada de “elefante branco”. As obras ficaram paradas por anos e a planta inacabada virou símbolo de desperdício. Só em 2020, já com nova direção na Petrobras e foco renovado na transição energética, o projeto foi retomado com ritmo acelerado.

Foram R$ 12 bilhões em investimentos ao todo — incluindo gasoduto, unidade de processamento, terrenos, sistemas de controle e infraestrutura de apoio.

Em 13 de setembro de 2024, a obra foi oficialmente inaugurada com a presença do presidente Lula. Em outubro do mesmo ano, entrou em operação comercial plena, segundo o Ministério de Minas e Energia.

Impactos reais na matriz energética brasileira

Com o Rota 3 em operação, o Brasil entra em uma nova era no setor do gás natural. Além de garantir oferta estável para as regiões Sudeste e Centro-Oeste, o duto fortalece os seguintes pilares:

Segurança energética

Com menos dependência de GNL importado, o país reduz sua exposição a flutuações do dólar e da geopolítica internacional.

Barateamento da energia elétrica

Mais gás significa menor custo para operar termelétricas, que são acionadas em momentos de escassez hídrica — como em 2021.

Estímulo à indústria

Gás abundante e barato viabiliza projetos de fertilizantes, hidrogênio azul, plásticos, polímeros e produtos químicos em geral.

Transição energética inteligente

Mesmo sendo um combustível fóssil, o gás natural é visto como o “combustível ponte” para uma matriz mais limpa, substituindo carvão e diesel com menor impacto ambiental.

O Complexo Gaslub e o papel do Rio de Janeiro

A UPGN do Gaslub (antiga Comperj) representa o renascimento de um polo estratégico para a economia fluminense. A unidade é considerada uma das mais modernas do mundo, com tecnologia de ponta para processamento e separação de gás, extração de líquidos do gás natural (condensado) e geração de energia elétrica integrada.

Com o gasoduto Rota 3, o estado do Rio de Janeiro se consolida como um polo de gás natural, atraindo empresas de energia, startups de bioenergia, fornecedores de equipamentos e novos projetos industriais.

Uma obra de engenharia e geopolítica

Mais do que um cano enterrado no fundo do mar, o Rota 3 é uma obra de engenharia complexa. Envolve:

  • Operações de dragagem em alto-mar;
  • Lançamento de tubos com soldagem subaquática;
  • Sensores e sistemas de controle para vazamento e pressão;
  • Tecnologias anticorrosivas e resistentes à salinidade;
  • Integração digital com o Centro de Operações da Petrobras.

Além disso, sua conclusão reforça o papel geopolítico do Brasil no fornecimento de energia da América Latina — e até mesmo como potencial exportador de gás para parceiros estratégicos.

O que vem depois?

O sucesso do Rota 3 abre espaço para novas rotas de escoamento no pré-sal. Já existem estudos para um Rota 4, que incluiria novos campos ainda mais ao sul da Bacia de Santos e conexão com plantas de fertilizantes no Paraná e São Paulo.

Paralelamente, o gás natural do Rota 3 também pode ser aproveitado para projetos de hidrogênio de baixo carbono, inserindo o Brasil no mapa global da transição energética.

O Gasoduto Rota 3 é um marco técnico, econômico e ambiental. Representa a vitória da persistência sobre o abandono, da engenharia sobre a burocracia, e da visão de longo prazo sobre o imediatismo político.

Com ele, o Brasil finalmente começa a aproveitar todo o potencial do gás do pré-sal — não apenas como um subproduto do petróleo, mas como um vetor central para a segurança energética, industrialização e transição ecológica do país.

E o melhor: já está operando.

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Eliane
Eliane
30/06/2025 20:20

Não sei porque de uns meses pra cá, eles estão fazendo tanta propaganda das riquezas que existe no Brasil, sera que estão querendo uma invasão de outros países querendo tomar estados do nosso Brasil ? Ou a intenção realmente é essa vender tudo existente do país. Se for tem que elevar também muita gente, muitos brasileiros, e um grande números de pessoas de outros países que imigrou pra cá, porque nossa riqueza se ainda tiver raramente da pra empregar os que aqui pertence.

Flavio
Flavio
28/06/2025 22:36

Como sempre esse país de **** beneficiando o Rio de janeiro. É incrível como tudo nessa terra tem que ser feita para trazer arrecadação para aquele estado. A extração de um reservatório enorme que poderia ser efetuada pelo estado de são Paulo logicamente que não interessa para quem comanda essa joça aqui. Com certeza é porque a corrupção naquele narcoestado é muito mais fácil de ser praticada. País de ****.

Reginaldo
Reginaldo
28/06/2025 22:02

Desconfio que o **** vagaba **** **** entregou isso tudo pros Árabes

Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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