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O gás natural na transição energética: Caminhos opostos de Brasil e China

Escrito por Carla Teles
Publicado em 12/06/2025 às 15:07
O gás natural na transição energética: Caminhos opostos de Brasil e China
Descubra o papel do gás natural na transição energética. Analisamos os caminhos opostos de China, que lidera o consumo, e Brasil, com seus desafios de infraestrutura.

Enquanto a China impulsiona o consumo global de gás natural para descarbonizar sua matriz, o Brasil enfrenta desafios de infraestrutura para integrar o insumo em um cenário já dominado por fontes limpas.

A crescente demanda por energia e a pressão pela descarbonização colocam o gás natural em uma posição estratégica global. Ele pode atuar como fonte de estabilidade e complemento às renováveis. Contudo, seu papel varia drasticamente entre os países. Um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) mostra que, enquanto a China lidera a expansão, o Brasil lida com complexidades de infraestrutura e oferta para aproveitar seu potencial.

Demanda global em alta: O gás natural ganha relevância

O gás natural se consolida como um pilar no setor energético mundial. Segundo o Global Energy Review 2025 (GER), da IEA, o consumo global do insumo cresceu 2,7% em 2024. Este avanço superou os níveis anteriores à pandemia. A Ásia concentrou 40% desse crescimento, com a China à frente.

Os investimentos refletem essa tendência. Estão em construção cerca de 80 mil quilômetros de gasodutos e mais de uma centena de novos terminais de importação e exportação de Gás Natural Liquefeito (GNL). Esses números sinalizam que, mesmo com a expansão das renováveis, o gás natural manterá sua relevância nas próximas décadas.

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China: O motor da expansão para substituir o carvão

A China é hoje o maior motor do crescimento da demanda por gás natural. O país registrou um aumento superior a 7% no consumo, adicionando 30 bilhões de metros cúbicos à sua demanda. Esse movimento é explicado pela combinação de crescimento econômico, ondas de calor e políticas públicas focadas na substituição do carvão por fontes mais limpas.

Para sustentar essa transição, a China investe pesadamente em infraestrutura. O país amplia sua capacidade de terminais de GNL, gasodutos e sistemas de estocagem. Ao mesmo tempo, o gigante asiático busca reduzir a dependência externa com investimentos maciços em energias renováveis e tecnologias de armazenamento.

Brasil: Potencial do pré-sal contra gargalos estruturais

O Brasil possui um cenário mais complexo. O país detém reservas significativas de gás associado no pré-sal, mas enfrenta gargalos estruturais. A falta de infraestrutura para escoamento, transporte e distribuição limita o uso do insumo. Isso, somado a um modelo regulatório em transição, eleva os custos.

Como resultado, o preço do gás natural no mercado nacional está entre os mais altos do mundo. O país continua dependente da importação, que correspondeu a 28,63% da demanda em 2023. Diante disso, o GNL surge como uma alternativa para abastecer regiões isoladas. O biometano, com grande potencial de geração nacional, também se apresenta como uma opção viável.

Estratégias distintas: A função do gás em cada matriz energética

A trajetória do gás natural não é linear e depende da matriz de cada país. Na China, o gás desempenha um papel claro na descarbonização, substituindo o carvão, que é muito mais poluente. Sua aplicação ocorre em um cenário de alta complexidade industrial.

No Brasil, o desafio é outro. A matriz elétrica brasileira já é majoritariamente renovável. Aqui, o gás natural não concorre apenas com o carvão, mas também com o GLP, óleos combustíveis, gasolina, etanol e diesel. O principal desafio é equilibrar seu uso como apoio à transição, sem criar novas dependências que comprometam a oferta.

Gás Natural: Combustível de transição ou pilar para o futuro?

A grande dúvida do setor é se o gás natural atuará apenas como um “combustível de transição” ou se manterá um papel central por mais tempo. Ele é visto como a fonte fóssil mais limpa e um recurso abundante que serve de suporte para as fontes renováveis intermitentes, como a solar e a eólica.

Segundo Leonardo Estrella, pesquisador do Ineep, tudo indica que o insumo seguirá como um aliado das renováveis. Ele funcionará tanto como backup para a sazonalidade quanto em combinação com a infraestrutura existente. Para a China, o gás é uma ponte para um futuro mais limpo. Para o Brasil, o desafio é como integrar esse recurso de forma inteligente em uma matriz já limpa, garantindo segurança energética para um território continental e urbano.

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Carla Teles

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