Ser pego de surpresa por uma tempestade pode se tornar coisa do passado. Empresa iniciou no Reino Unido os testes de um sistema inovador que usa antenas de telefonia móvel para prever chuvas com altíssima precisão.
Ser pego desprevenido por uma tempestade pode estar com os dias contados. Um novo teste realizado pela Vodafone no Reino Unido pode mudar a forma como se prevê a chuva. Usando antenas de telefonia móvel, a empresa quer criar um sistema de alerta precoce mais preciso do que os atuais radares ou estações meteorológicas.
A iniciativa está sendo aplicada na região do Rio Severn, uma das mais afetadas por enchentes no país. Se der certo, poderá se expandir para outros locais.
Como funciona a tecnologia
A tecnologia, chamada de “Network as a Sensor”, é baseada em um princípio simples: a interferência causada pela chuva nos sinais entre torres de celular.
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Sempre que alguém faz uma ligação ou envia uma mensagem, o sinal do aparelho percorre um caminho de antena em antena. Essas conexões ocorrem por ondas eletromagnéticas. Quando há gotas de chuva no meio do caminho, elas atrapalham esse sinal.
Essa interferência, que normalmente é um problema, pode agora ser usada como uma vantagem. Certas frequências, como as micro-ondas, são muito sensíveis à água. Elas conseguem “sentir” a quantidade de chuva no ar com precisão.
Atualmente, a Vodafone já monitora esses sinais a cada 15 minutos. A ideia é usar esses dados para prever tempestades, chuvas intensas e até possíveis enchentes.
Teste na região do Rio Severn
A parceria com a River Severn Partnership busca evitar tragédias e prejuízos causados por inundações.
Matt Smith, da River Severn Partnership Advanced Wireless Innovation Region, acredita que a tecnologia pode aumentar a resiliência da região.
Segundo ele, prever o tempo com mais precisão pode proteger não só as casas, mas também a saúde e a economia das comunidades.
Críticas ao sistema atual
O novo projeto surge em um momento em que o sistema tradicional de previsão está sendo duramente criticado.
Durante a tempestade Bert, em novembro do ano passado, centenas de casas foram inundadas. Mas, segundo moradores e autoridades locais, os alertas não foram suficientes.
Essas falhas de comunicação colocaram em risco moradores e causaram revolta entre os líderes locais. A esperança agora é que a nova abordagem consiga detectar esses sinais com mais antecedência.
Dados como ferramenta de proteção
Nick Gliddon, diretor da Vodafone Business no Reino Unido, diz que o avanço da tecnologia pode ajudar a mitigar os impactos de eventos extremos.
Para ele, as tempestades estão ficando cada vez mais comuns e perigosas, e é preciso usar todos os recursos possíveis.
A empresa acredita que sua rede pode virar uma espécie de pluviômetro gigante. Por ser mais sensível à chuva do que as estações meteorológicas ou satélites, a rede de antenas pode captar sinais que passariam despercebidos.
Diferente da previsão tradicional, que olha dias à frente, essa tecnologia se concentra nos próximos minutos ou horas. Isso é essencial em situações de emergência, como enchentes repentinas.
Expansão para outros países
Se o teste no Reino Unido for bem-sucedido, a Vodafone pretende aplicar o sistema em outros países da Europa.
Na Espanha, a empresa já está conduzindo experimentos com o objetivo de detectar secura no ar.
A meta é antecipar incêndios florestais, que se tornaram mais frequentes e intensos nos últimos anos.
Combinando dados de chuva, temperatura e vento, a empresa acredita que será possível prever esses desastres antes que eles se tornem incontroláveis.
Marika Auramo, CEO da Vodafone Business, diz que os dados da rede podem ser usados por governos, autoridades locais e indústrias para tomar decisões mais rápidas.
Ela afirma que, com a rede pan-europeia funcionando como um medidor climático, será possível criar alertas para enchentes, incêndios e até acidentes provocados por ação humana.
Monitoramento em tempo real
O teste que transforma torres de celular em sensores climáticos representa uma nova etapa na previsão do tempo.
Se a experiência britânica for positiva, a forma como monitoramos o clima pode mudar drasticamente.
O uso de uma infraestrutura já existente — as antenas de celular — torna a proposta ainda mais viável e escalável.
Com sistemas mais rápidos e dados mais precisos, autoridades poderão agir antes que os desastres aconteçam.
Em tempos de mudanças climáticas e eventos extremos, essa pode ser a diferença entre uma tempestade controlada e uma tragédia anunciada.