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O freio de um carro de Fórmula 1, que atinge 1.200°C em 1 segundo, uma temperatura mais quente que a lava de um vulcão

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/06/2025 às 10:02
Freio de um carro da Fórmula 1: a tecnologia que atinge 1.200°C e supera o calor da lava
Freio de um carro da Fórmula 1: a tecnologia que atinge 1.200°C e supera o calor da lava
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Entenda como o sistema de frenagem da F1 funciona em temperaturas extremas e gera uma força de desaceleração que submete os pilotos a mais de 5 G

O freio de um carro da Fórmula 1 é uma das peças de engenharia mais impressionantes do automobilismo. Durante uma única volta, ele é responsável por transformar velocidades superiores a 300 km/h em paradas bruscas em menos de 3 segundos. Essa desaceleração brutal gera um calor tão intenso que os discos podem atingir picos de 1.200°C, uma temperatura mais quente que a da lava de muitos vulcões.

Essa tecnologia, que se encontra no auge em 2025, é fundamental para o desempenho e a segurança no esporte. É a capacidade de frenagem que define os limites de um piloto em uma curva e garante os segundos preciosos que levam à vitória. O poder de parada de um carro de F1 é tão vital quanto sua aceleração.

Por que a F1 usa carbono-carbono, e não carbono-cerâmica

É um erro comum pensar que os freios da F1 são de carbono-cerâmica. Na verdade, a categoria utiliza exclusivamente um composto de carbono-carbono (C-C), material desenvolvido para a indústria aeroespacial. A principal diferença é que o carbono-carbono foi projetado para o desempenho máximo em temperaturas altíssimas, ideal para corridas. Já os freios de carbono-cerâmica são usados em carros de rua de luxo, pois duram mais e funcionam melhor em temperaturas baixas.

Um disco de freio de carbono-carbono pesa aproximadamente 1,4 kg, muito mais leve que um disco de aço de 25 kg de um carro comum. Essa leveza é crucial para o desempenho do carro, melhorando a aceleração e a dirigibilidade. O processo de fabricação é tão complexo que poucas empresas no mundo o dominam, com a Brembo sendo uma das principais fornecedoras desde 1975.

Como o freio atinge 1.200°C em um segundo

O freio de um carro de Fórmula 1, que atinge 1.200°C em 1 segundo, uma temperatura mais quente que a lava de um vulcão

A geração de calor no freio de um carro da Fórmula 1 é absurdamente rápida. Em apenas um segundo de frenagem intensa, a temperatura do disco pode saltar de 200°C para mais de 1.000°C. Estudos detalhados mostram que a temperatura sobe cerca de 100°C a cada décimo de segundo. Em seu pico, o disco pode ultrapassar 1.200°C.

Para se ter uma ideia, a lava de um vulcão em erupção geralmente tem entre 700°C e 1.200°C. Isso significa que, por um instante, o disco de freio pode ficar mais quente que a lava. Apesar disso, ele também é projetado para resfriar de forma extremamente rápida, garantindo que o desempenho seja consistente volta após volta.

A desaceleração que gera mais de 5 G nos pilotos

A eficiência do sistema de frenagem resulta em uma força de desaceleração impressionante. Durante uma freada forte, o piloto é submetido a uma força superior a 5 G. Isso é o equivalente a ter cinco vezes o seu próprio peso pressionado contra os cintos de segurança.

Essa capacidade permite que um carro de Fórmula 1 reduza sua velocidade de mais de 300 km/h para uma curva fechada em uma distância incrivelmente curta. A frenagem está diretamente ligada à aerodinâmica do carro, que gera uma alta força descendente (downforce), empurrando o carro contra a pista e aumentando a aderência para uma parada ainda mais eficaz.

A evolução dos furos, como o resfriamento dos discos mudou desde 2002

Para lidar com o calor extremo, o design dos discos de freio evoluiu drasticamente ao longo dos anos, principalmente no quesito resfriamento. Em 2002, um disco de freio tinha cerca de 72 furos de ventilação. Esse número cresceu exponencialmente para maximizar a dissipação de calor.

Em 2016, os discos chegaram a ter 1.100 furos e, em 2021, atingiram o ápice de 1.470 furos. No entanto, uma mudança nos regulamentos em 2022 estabeleceu um diâmetro mínimo de 3 mm por furo, o que resultou em uma redução para cerca de 1.050 furos. Esse ajuste fino constante busca o equilíbrio perfeito entre a capacidade de resfriamento e a integridade estrutural do disco.

O dilema do freio frio, o desafio de operar entre 300°C e 1.000°C

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Apesar de sua performance em altas temperaturas, o freio de um carro da Fórmula 1 tem um grande desafio: ele não funciona bem quando está frio. Em temperatura ambiente, o material de carbono-carbono é escorregadio como dois pedaços de vidro. Ele só começa a ter uma “mordida” eficaz quando atinge pelo menos 300°C.

Por esse motivo, os pilotos precisam aquecer os freios ativamente durante as voltas de formação. A janela de operação ideal fica entre 800°C e 1.000°C. Manter os freios nessa faixa de temperatura é um dos grandes desafios do piloto, pois um freio muito frio pode não responder, enquanto um superaquecido pode perder eficiência.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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