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O foguete da União Soviética que pesava mais de 2.700 toneladas, tentou rivalizar com a NASA e explodiu em uma das maiores tragédias da corrida espacial: o titânico N1

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 05/09/2025 às 12:50
O foguete secreto da União Soviética que pesava mais de 2.700 toneladas, tentou rivalizar com a NASA e explodiu em uma das maiores tragédias da corrida espacial — o titânico N1
Foto: O foguete secreto da União Soviética que pesava mais de 2.700 toneladas, tentou rivalizar com a NASA e explodiu em uma das maiores tragédias da corrida espacial — o titânico N1
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O N1 foi o foguete titânico da União Soviética, com mais de 2.700 toneladas, que tentou rivalizar com a NASA e explodiu em fracassos históricos.

Nos anos 1960, a corrida espacial estava no auge. A União Soviética havia dado os primeiros passos mais ousados, colocando o primeiro satélite em órbita (Sputnik, em 1957) e o primeiro ser humano no espaço (Yuri Gagarin, em 1961). Mas, quando o presidente americano John F. Kennedy anunciou o objetivo de levar astronautas à Lua até o fim da década, o jogo mudou.

Moscou não podia ficar para trás. Foi nesse contexto que nasceu o projeto N1, um foguete superpesado que deveria colocar a União Soviética em pé de igualdade com a NASA e garantir o triunfo comunista na corrida lunar.

O titã soviético de 2.700 toneladas

O N1 era um colosso. Com 105 metros de altura, 17 metros de diâmetro e 2.735 toneladas de massa total, era um dos maiores foguetes já construídos.

Para efeito de comparação, o Saturn V, que levou os astronautas americanos à Lua, tinha 110 metros e 2.900 toneladas.

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Créditos: Atlas Z/Youtube

O diferencial do N1 estava no primeiro estágio: um conjunto de 30 motores NK-15 funcionando em sincronia.

Era uma solução arriscada, escolhida porque a União Soviética não tinha, na época, motores de alta potência equivalentes ao F-1 americano. A estratégia parecia engenhosa, mas aumentava exponencialmente as chances de falha.

O segredo por trás do projeto

Ao contrário do programa Apollo, o desenvolvimento do N1 foi envolto em segredo absoluto. O projeto estava sob responsabilidade do lendário engenheiro Sergei Korolev, considerado o “pai do programa espacial soviético”.

Depois da morte de Korolev em 1966, o projeto passou a ser tocado em meio a disputas internas, pressões políticas e falta de recursos.

Enquanto a NASA investia bilhões em tecnologia, testes e infraestrutura, os soviéticos enfrentavam dificuldades orçamentárias e não tinham como bancar uma campanha de testes extensiva. Isso resultou em um foguete que praticamente nunca foi testado em solo em configuração completa antes dos voos oficiais.

Os lançamentos e as explosões

Entre 1969 e 1972, a União Soviética tentou lançar o N1 quatro vezes. Todas resultaram em falha:

  • 21 de fevereiro de 1969 (N1-3L): o foguete perdeu potência segundos após a decolagem e caiu de volta, destruindo a plataforma de lançamento.
  • 3 de julho de 1969 (N1-5L): apenas 17 segundos após a decolagem, o N1 explodiu em uma bola de fogo que liberou energia equivalente a uma pequena bomba nuclear. Foi um dos maiores desastres aeroespaciais já registrados.
  • 27 de junho de 1971 (N1-6L): o foguete chegou a 50 km de altitude antes de falhar e ser destruído.
  • 23 de novembro de 1972 (N1-7L): o último voo também terminou em explosão, sepultando de vez as esperanças soviéticas de alcançar a Lua.

Nenhum dos quatro lançamentos foi bem-sucedido, e o programa consumiu bilhões de rublos em recursos da época.

O fracasso diante do sucesso americano

Enquanto a União Soviética acumulava falhas, os Estados Unidos atingiram seu objetivo. Em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin caminharam na Lua, consolidando a supremacia da NASA na corrida espacial.

O contraste foi devastador para Moscou: poucos dias antes, o N1 havia explodido em uma das maiores tragédias aeroespaciais já vistas.

O fracasso do N1 selou a derrota soviética na disputa lunar. Em 1976, o programa foi oficialmente encerrado, e as estruturas remanescentes do foguete foram desmanteladas.

O legado do N1 e o renascimento dos motores soviéticos

Apesar do fracasso, o N1 deixou lições importantes. Seus motores NK-15 evoluíram para versões mais confiáveis, como o NK-33, que décadas depois seriam usados em programas espaciais da Rússia e até exportados para os Estados Unidos, adaptados em foguetes como o Antares.

Além disso, o gigantismo do N1 inspirou projetos futuros de foguetes superpesados, mostrando que a escala e a potência eram possíveis — ainda que com desafios técnicos imensos.

Um desastre escondido por décadas

Durante anos, a União Soviética negou ou escondeu as falhas do N1. Só na década de 1980, após a abertura política da glasnost, é que os detalhes das explosões vieram à tona. Até então, o mundo sabia muito pouco sobre a dimensão das tentativas soviéticas de chegar à Lua.

Hoje, o N1 é lembrado como um dos maiores fracassos da engenharia aeroespacial, mas também como um símbolo da ousadia tecnológica em tempos de rivalidade geopolítica extrema.

O N1 foi a maior aposta da União Soviética para vencer os Estados Unidos na corrida lunar. Pesando mais de 2.700 toneladas e com potência colossal, poderia ter mudado o rumo da história. Mas sem testes adequados, pressionado por disputas internas e lançado às pressas, tornou-se protagonista de um dos maiores desastres espaciais da história.

No fim, o titã soviético nunca cumpriu sua missão. Sua imagem, contudo, continua viva como o foguete que quase levou a bandeira vermelha à Lua — mas acabou explodindo antes de alcançar o espaço.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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