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Japoneses criam máquina que produz carne de frango com sabor e textura iguais aos naturais

Publicado em 16/04/2025 às 22:24
Atualizado em 28/04/2025 às 08:44
Carne de Frango, Carne cultivada, inovação
Créditos da imagem: Nie et al. (2025), Shoji Takeuchi, The University of Tokyo
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Tecnologia permite criação de carne sem abate de animais, com textura e sabor semelhantes ao frango tradicional, segundo cientistas envolvidos no projeto

Em um laboratório de Tóquio, um avanço inesperado pode mudar o modo como comemos carne. Uma equipe de cientistas conseguiu criar músculo de frango completo, com estrutura e textura semelhantes às da carne natural. O segredo está em um sistema inovador que imita a função dos vasos sanguíneos.

A dificuldade de manter células vivas

Produzir carne cultivada já é possível há anos. Desde 2013, quando o primeiro hambúrguer feito em laboratório foi apresentado, empresas ao redor do mundo buscam formas de aprimorar essa tecnologia. O problema não está em cultivar células, mas em mantê-las vivas e organizadas como em um tecido real.

Sem uma forma de transportar nutrientes por todo o tecido, as células morrem e o que poderia ser um bife acaba se tornando uma massa amorfa. A natureza faz isso naturalmente, com vasos sanguíneos. Replicar isso em laboratório sempre foi o maior obstáculo.

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Um sistema que imita o corpo

Carne de frango, carne cultivada, Células sanguíneas
Créditos: Nie et al. (2025), Shoji Takeuchi, The University of Tokyo

Agora, cientistas do Japão apresentaram uma solução. Eles usaram um biorreator que simula um sistema circulatório. Com ele, conseguiram cultivar músculo de frango com alinhamento, textura e até contração.

O estudo foi publicado na revista Trends in Biotechnology e apresenta um avanço importante para que cortes inteiros de carne possam ser produzidos em laboratório com qualidade e estrutura semelhantes à carne convencional.

Biorreator de fibra oca: o coração da inovação

O equipamento utilizado, chamado Biorreator de Fibra Oca (HFB), foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo professor Shoji Takeuchi, da Universidade de Tóquio. Ele permite que oxigênio e nutrientes circulem entre as células por meio de fibras ocas, semelhantes a vasos sanguíneos.

Essas fibras já são usadas em filtros de água e em máquinas de diálise. Agora, também mostram potencial para construir tecidos artificiais — e talvez até órgãos, no futuro.

Takeuchi explica que esse método é escalável e pode ser usado não só na produção de alimentos, mas também em medicina regenerativa, testes de medicamentos e robótica biohíbrida.

Carne cultivada com textura e sabor reais

Carne de frango, carne cultivada, Células sanguíneas
Créditos: Nie et al. (2025), Shoji Takeuchi, The University of Tokyo

Ao contrário das carnes cultivadas comuns, que geralmente têm a aparência de carne moída, o frango produzido no HFB tem forma e consistência de carne de verdade. Foram cultivados mais de 10 gramas de músculo de frango, com contração muscular e composição semelhante à carne natural.

Quando estimulados eletricamente, os tecidos se contraíram, indicando amadurecimento. Os cientistas também analisaram a textura e o perfil de aminoácidos livres — responsáveis por características como o sabor umami.

Os resultados foram promissores. A carne cultivada apresentou características comparáveis à carne convencional, superando os critérios de qualidade e sabor.

Desafios de escala e custo

Mesmo com os avanços, o desafio de aumentar a escala permanece. À medida que o tecido cresce, é mais difícil distribuir oxigênio uniformemente. A pressão dentro do sistema deve ser precisa: muito baixa e as células morrem; muito alta e a estrutura pode se romper.

Além disso, o custo ainda é uma barreira. O primeiro hambúrguer feito em laboratório custou mais de US$ 300 mil. Hoje, os valores caíram bastante. Algumas empresas afirmam produzir frango cultivado por menos de US$ 10 a porção.

Ainda não é barato o suficiente para competir com a carne tradicional. Mas o cenário está mudando. Com melhorias nos biorreatores e nas técnicas celulares, os preços continuam caindo.

O futuro da carne sem abate

A equipe japonesa busca agora aperfeiçoar o processo. Uma das metas é usar fibras ocas comestíveis, eliminando a necessidade de remoção após o crescimento. Outra ideia é desenvolver substitutos artificiais do sangue para melhorar ainda mais a oxigenação.

Essas melhorias podem tornar o processo mais eficiente, seguro e econômico. A carne de laboratório, que parecia distante há alguns anos, pode se tornar parte comum do cardápio em restaurantes e redes de fast food.

Frango de laboratório em breve no prato

O músculo de frango criado com o novo sistema japonês é um passo decisivo rumo à produção de carnes mais sustentáveis e éticas. Ainda há obstáculos, mas a inovação já está em curso.

A expectativa é que, em pouco tempo, essa tecnologia chegue aos consumidores. O frango feito em laboratório, com sabor e textura de verdade, pode em breve estar disponível em restaurantes. Resta saber como o público irá reagir. Mas, tecnicamente, o futuro já começou.

Com informações de ZME Sciense.

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Romário Pereira de Carvalho

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