Com o pico de consumo previsto para o fim do petróleo, grandes petroleiras, como a Petrobras, Shell e TotalEnergies, seguem caminhos diferentes para sobreviver e lucrar em um novo cenário energético
A narrativa sobre o fim do petróleo está forçando as maiores empresas de energia do mundo a fazerem uma aposta de trilhões de dólares sobre o futuro. Com a previsão de que a demanda global pelo combustível atingirá seu pico em 2029, gigantes como a Petrobras, a anglo-holandesa Shell e a francesa TotalEnergies estão seguindo estratégias radicalmente diferentes para se adaptar.
Enquanto algumas dobram a aposta em seus negócios mais lucrativos de petróleo e gás, outras investem bilhões na construção de imensos parques eólicos em alto-mar. No Brasil, a Petrobras avança nos estudos para instalar suas próprias turbinas no mar do Nordeste, usando a riqueza do pré-sal para financiar sua entrada na nova era da energia.
A previsão do fim do petróleo que mudou o jogo, o pico da demanda por petróleo até 2029
A mudança não acontece no vácuo. Ela é uma resposta direta aos dados da Agência Internacional de Energia (AIE). Em seus relatórios, a AIE projeta que o consumo mundial de petróleo vai parar de crescer e atingir um platô de cerca de 105,5 milhões de barris por dia por volta de 2029. A partir daí, a demanda deve se estabilizar e começar a cair.
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Essa previsão marca o fim do petróleo como um mercado em expansão. O principal motivo é a combinação de três fatores: a rápida popularização dos carros elétricos, o uso de outras fontes de energia e a desaceleração do crescimento na China, que por décadas foi o grande motor do consumo mundial.
A estratégia da Shell, recuar para o negócio principal e focar no lucro imediato
Diante desse cenário, a Shell tomou uma decisão clara: focar no que dá mais lucro agora. A empresa está executando uma retirada estratégica de novos grandes projetos de energia renovável para concentrar seus investimentos em suas operações mais rentáveis de petróleo e gás natural.
Em 2024, a companhia enfraqueceu publicamente suas metas de redução de emissões para a próxima década. No início de 2025, o movimento ficou ainda mais claro com o anúncio de uma baixa contábil de US$ 1 bilhão, relacionada principalmente à sua desistência de desenvolver novos projetos de energia eólica offshore nos Estados Unidos. A estratégia é clara: maximizar o valor para os acionistas com o negócio legado, mesmo que isso signifique apostar em um mercado que caminha para a estagnação.
A aposta para se tornar uma empresa de energia integrada
Em direção oposta, a francesa TotalEnergies está investindo agressivamente para deixar de ser uma “empresa de petróleo” e se tornar uma “empresa de energia”. A companhia já acumulou um portfólio global de 23 GW em projetos de energia eólica offshore e tem comprado diversas empresas de energia solar e de armazenamento em baterias.
A estratégia da TotalEnergies é montar um modelo de negócio de “energia integrada”. O objetivo é combinar a geração de energia renovável (solar e eólica) com ativos flexíveis, como usinas a gás e baterias. Isso permite que a empresa ofereça aos seus clientes uma energia limpa e confiável, 24 horas por dia, posicionando-se para competir diretamente com as grandes empresas de eletricidade no futuro.
O plano da Petrobras, usar o lucro do pré-sal para financiar a transição
A Petrobras segue um caminho próprio, diretamente influenciado por seu papel como empresa estatal. Sua estratégia é usar a imensa lucratividade do petróleo do pré-sal para financiar, a longo prazo, sua entrada no mercado de energias renováveis.
O Plano Estratégico 2024-2028 da empresa prevê um investimento de US$ 11,5 bilhões em projetos de baixo carbono, com foco principal em energia eólica e solar. A peça central dessa estratégia é uma parceria com a gigante norueguesa Equinor para estudar a viabilidade de construir 14,5 GW em parques eólicos offshore na costa brasileira, um potencial energético gigantesco.
2025, o ano chave para a Petrobras na corrida pelo vento no Nordeste
O ano de 2025 se tornou um marco para os planos da Petrobras. Com a sanção do Marco Legal das Eólicas Offshore no início do ano, que criou as regras para a exploração de energia no mar, a empresa ganhou a segurança jurídica que precisava para avançar.
A Petrobras já protocolou no IBAMA os pedidos de licenciamento ambiental para seus projetos. Os mais adiantados nos estudos, feitos em parceria com a Equinor, estão localizados no litoral do Ceará e do Rio Grande do Norte. Embora um investimento final ainda dependa de anos de análises, esses são os primeiros passos concretos da estatal para se preparar para um futuro onde a discussão sobre o fim do petróleo se tornará cada vez mais presente.
Tem que mudar para energia limpa rápido o planeta pedindo socorro