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O “fungo branco” que elimina 80% das formigas-argentinas em 5 dias — e pode salvar colmeias e plantações

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 01/07/2025 às 09:51
Pesquisa na Argentina revela que fungo nativo Beauveria bassiana elimina mais de 80% das formigas-argentinas em até cinco dias, oferecendo controle biológico sustentável e eficaz
Pesquisa na Argentina revela que fungo nativo Beauveria bassiana elimina mais de 80% das formigas-argentinas em até cinco dias, oferecendo controle biológico sustentável e eficaz Fonte: Revista Cultivar
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Pesquisa na Argentina revela que fungo nativo Beauveria bassiana elimina mais de 80% das formigas-argentinas em até cinco dias, oferecendo controle biológico sustentável e eficaz

Pesquisadores na Argentina deram um passo inédito no controle biológico das formigas-argentinas, uma das espécies invasoras mais destrutivas do planeta. A novidade vem de uma cepa de fungo nativo que oferece uma alternativa sustentável aos métodos químicos tradicionais.

A cepa Li053 do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana foi testada em laboratório e causou mortalidade superior a 80% nas operárias da espécie Linepithema humile

Em apenas dois a cinco dias após a exposição ao fungo, as formigas começaram a morrer, revelando o potencial do microrganismo como ferramenta de combate.

O perigo das formigas-argentinas

As formigas-argentinas formam supercolônias que se estendem por vastas regiões, eliminando espécies nativas e desequilibrando ecossistemas. 

Elas também se tornaram uma dor de cabeça para o setor agrícola e a apicultura: invadem colmeias, obrigam abelhas a abandonarem seus ninhos, protegem pragas como pulgões e ainda danificam mangueiras de irrigação ao perfurá-las.

O uso de inseticidas tem sido a principal estratégia de controle. Porém, trata-se de uma solução cara, ineficaz a longo prazo e prejudicial a organismos não-alvo, como polinizadores e predadores naturais.

Uma solução sustentável e eficaz

Em busca de alternativas menos agressivas ao ambiente, a equipe liderada pelas cientistas Patricia Folgarait e Daniela Goffré isolou seis cepas de fungos a partir de formigas mortas coletadas em reservas naturais da província de Buenos Aires.

Os testes laboratoriais envolveram três métodos de aplicação: tópica, pulverização e imersão. Cada um deles foi aplicado em operárias de quatro supercolônias diferentes. 

A cepa Li053 de B. bassiana se destacou em todos os casos, causando alta mortalidade independentemente da origem das formigas ou do tipo de inoculação.

Cepa Beauveria bassiana
Fonte: Syngenta digital

Resultados que impressionam

A infecção pelo fungo foi confirmada em até 92% dos cadáveres analisados. Além disso, concentrações maiores de esporos aumentaram a letalidade e aceleraram o tempo de morte. 

A dose letal média (LC50) foi estimada em 1 x 10⁶ conídios/mL, um índice promissor para o desenvolvimento de bioinseticidas.

Outras cepas testadas também provocaram mortes, mas sem recuperação do fungo nos corpos, o que pode indicar causas externas ou limitações na colonização.

A Li053, no entanto, apresentou desempenho constante e confiável.

Potencial de aplicação no campo

O uso de um inimigo natural como o B. bassiana Li053 é promissor por ser uma solução específica, segura e sustentável. 

Por ser uma espécie de fungo nativa da região, o risco de desequilíbrio ambiental é menor, favorecendo sua aplicação em larga escala.

Os próximos passos da pesquisa envolvem testes em campo, formulações comerciais e estudos ecológicos aprofundados para garantir a segurança ambiental do uso em áreas abertas. 

O avanço representa uma nova etapa no enfrentamento das formigas-argentinas com tecnologias alinhadas ao manejo ecológico.

Clique aqui para ler a pesquisa.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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