Crise envolvendo a correia dentada banhada a óleo leva a Stellantis a mudar motores, adotar corrente de comando e abandonar nome PureTech, impactando manutenção e garantia de milhares de veículos europeus.
A crise envolvendo a correia dentada banhada a óleo forçou uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, a Stellantis, a realizar mudanças profundas em seus veículos na Europa.
Após uma série de falhas graves e prejuízos relatados por consumidores, a empresa anunciou um amplo recall, substituição do componente problemático por corrente de comando e ainda decidiu eliminar o nome PureTech das linhas afetadas no continente europeu.
Recall da correia banhada a óleo e adoção da corrente de comando
O problema da correia banhada a óleo ganhou destaque principalmente em veículos das marcas Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall, todas pertencentes à Stellantis.
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O componente equipava versões antigas dos motores três cilindros 1.0 e 1.2 PureTech, cuja promessa inicial era maior eficiência, menor ruído e vida útil comparável à de uma corrente metálica, normalmente mais resistente.
No entanto, o que era apresentado como inovação resultou em dores de cabeça para milhares de consumidores europeus.
A principal crítica direcionada à correia banhada a óleo esteve relacionada à sua durabilidade.
Na Europa, Stellantis chegou a prever que o componente resistiria por até 240.000 km — expectativa semelhante à anunciada pela Chevrolet em seus modelos equipados com correia semelhante.
Contudo, casos recorrentes de falhas levaram à redução desse prazo para 60.000 km ou três anos de uso, uma diferença significativa que impactou o custo de manutenção dos veículos.
Chevrolet e as falhas na correia dentada banhada a óleo
O desafio não foi exclusivo da Stellantis.
No Brasil, a Chevrolet precisou rever estratégias diante de relatos sobre desgaste prematuro da correia em motores 1.0 (aspirado e turbo) e 1.2 (turbo).
Um ponto central no caso brasileiro foi a utilização de óleo fora das especificações recomendadas, fator que contribuiu para o ressecamento da correia e a consequente formação de partículas de borracha, responsáveis por obstruir componentes internos dos motores.
Funcionamento da correia banhada a óleo e causas das falhas
A ideia por trás da correia banhada a óleo era proporcionar um equilíbrio entre o funcionamento silencioso das correias convencionais e a longa durabilidade das correntes metálicas de comando.
O contato direto com o óleo lubrificante do motor, em tese, protegeria a correia contra desgaste precoce.
No entanto, na prática, o uso de lubrificantes inadequados — sem aditivos específicos exigidos pelas montadoras — resultou em deterioração acelerada.
Além disso, partículas soltas causadas pelo desgaste da correia passaram a prejudicar outros componentes, como bomba de vácuo, linhas de lubrificação, filtro de admissão e filtro de óleo, gerando problemas de lubrificação e aumento do consumo de óleo nos motores PureTech.
Medidas corretivas da Stellantis na Europa
Ao constatar a extensão dos danos, a Stellantis notificou a fornecedora do componente, a Continental, e buscou soluções emergenciais, como o revestimento da correia com laca para tentar impedir a penetração do óleo pelas laterais.
Essa estratégia, entretanto, mostrou-se ineficaz diante da gravidade do problema.
Como resposta definitiva, a fabricante convocou centenas de milhares de proprietários para substituição da correia por uma nova, reforçada, e ampliou a garantia dos veículos com motores PureTech para até 10 anos ou 175.000 km, medida válida para unidades comercializadas no continente europeu.
Outro passo importante foi a criação de uma plataforma digital destinada ao ressarcimento de clientes que realizaram reparos relacionados à falha da correia banhada a óleo, desde que o serviço tenha sido realizado em oficinas autorizadas e atendido aos requisitos definidos pela empresa.
O custo do serviço de substituição da correia, na Europa, está estimado em cerca de 800 euros, valor que pode ser convertido para aproximadamente R$ 5.200, considerando o câmbio de julho de 2025.
Mudança para corrente de comando e fim da linha PureTech
A partir de 2022, Stellantis iniciou a produção de motores 1.2 com corrente de comando, mecanismo que já era adotado nos veículos híbridos leves do grupo e também em modelos Fiat e Jeep, incluindo as famílias 1.0 e 1.3 GSE.
Os motores com corrente de comando tendem a ser mais resistentes ao longo do tempo, reduzindo custos de manutenção para os proprietários.
Apesar da transição para a corrente, algumas versões específicas, como o Peugeot 308 convencional com motor 1.2 de 130 cv, ainda utilizam a correia banhada a óleo reforçada.
Já o Peugeot 308 híbrido leve, equipado com sistema 48V e 136 cv, adota a nova corrente de comando.
Essa coexistência de sistemas é transitória, enquanto a padronização completa não é implementada em todos os modelos.
Em meio à crise de reputação gerada pela falha das correias banhadas a óleo, a Stellantis optou por eliminar o nome PureTech de suas linhas na Europa.
A decisão busca afastar a imagem negativa associada ao componente e sinaliza um novo momento para a engenharia dos motores da companhia.
Contexto brasileiro e impactos locais
No Brasil, apenas o antigo Peugeot 208 utilizou o motor 1.2 PureTech com correia banhada a óleo.
No entanto, o histórico do modelo nacional é distinto do europeu, uma vez que o plano de manutenção já previa a troca do componente a cada 80.000 km, evitando os problemas registrados em outros países.
Fiat e Jeep, por sua vez, empregam apenas motores equipados com corrente de comando metálica, tanto nas versões 1.0 quanto 1.3, sem relatos de falhas semelhantes.
Tendência global para maior durabilidade dos motores
A crise da correia banhada a óleo evidencia o desafio enfrentado pelas montadoras na busca por componentes que aliem desempenho, silêncio e baixo custo de manutenção.
Com a adoção generalizada da corrente de comando, Stellantis e outras fabricantes sinalizam uma tendência de maior confiabilidade mecânica nos próximos anos, reforçando o compromisso com a segurança e satisfação dos consumidores.
Diante das mudanças e dos prejuízos enfrentados, surge a dúvida: como você avalia a confiança nas grandes fabricantes após episódios como o recall das correias banhadas a óleo?
Na Europa as leis funcionam,
Teoria interessante da Stellantis aguardo há meses o reembolso sem resposta da plataforma, porque será?
Enfim, é à vontade deles.
Somente os engenheiros da GM não sabiam que correia no óleo não iria dar b.o.
Agora gastam uma fortuna em propaganda, para anunciar uma “nova correia” no Brasil. Muita cara de ****.
Quem comprou essas jacas, que se ferrem. Onix e Tracker (que já foram líderes de mercado), agora estão mais encalhados que barcos na maré baixa.
Quem subestimar o mercado, sucumbe à arrogância.