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O fim da correia banhada a óleo: após falhas graves, Stellantis, dona da Fiat, Citroën e outras, faz recall em massa, adota corrente e elimina o nome PureTech na Europa

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 26/07/2025 às 11:59
Stellantis faz recall, troca correia banhada a óleo por corrente e elimina PureTech após falhas em motores, impactando manutenção de milhares.
Stellantis faz recall, troca correia banhada a óleo por corrente e elimina PureTech após falhas em motores, impactando manutenção de milhares.
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Crise envolvendo a correia dentada banhada a óleo leva a Stellantis a mudar motores, adotar corrente de comando e abandonar nome PureTech, impactando manutenção e garantia de milhares de veículos europeus.

A crise envolvendo a correia dentada banhada a óleo forçou uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, a Stellantis, a realizar mudanças profundas em seus veículos na Europa.

Após uma série de falhas graves e prejuízos relatados por consumidores, a empresa anunciou um amplo recall, substituição do componente problemático por corrente de comando e ainda decidiu eliminar o nome PureTech das linhas afetadas no continente europeu.

Recall da correia banhada a óleo e adoção da corrente de comando

O problema da correia banhada a óleo ganhou destaque principalmente em veículos das marcas Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall, todas pertencentes à Stellantis.

O componente equipava versões antigas dos motores três cilindros 1.0 e 1.2 PureTech, cuja promessa inicial era maior eficiência, menor ruído e vida útil comparável à de uma corrente metálica, normalmente mais resistente.

No entanto, o que era apresentado como inovação resultou em dores de cabeça para milhares de consumidores europeus.

A principal crítica direcionada à correia banhada a óleo esteve relacionada à sua durabilidade.

Na Europa, Stellantis chegou a prever que o componente resistiria por até 240.000 km — expectativa semelhante à anunciada pela Chevrolet em seus modelos equipados com correia semelhante.

Contudo, casos recorrentes de falhas levaram à redução desse prazo para 60.000 km ou três anos de uso, uma diferença significativa que impactou o custo de manutenção dos veículos.

Stellantis faz recall, troca correia banhada a óleo por corrente e elimina PureTech após falhas em motores, impactando manutenção de milhares.
Stellantis faz recall, troca correia banhada a óleo por corrente e elimina PureTech após falhas em motores, impactando manutenção de milhares.

Chevrolet e as falhas na correia dentada banhada a óleo

O desafio não foi exclusivo da Stellantis.

No Brasil, a Chevrolet precisou rever estratégias diante de relatos sobre desgaste prematuro da correia em motores 1.0 (aspirado e turbo) e 1.2 (turbo).

Para evitar novas ocorrências, a fabricante aumentou a garantia da peça, passou a autorizar a revalidação do componente e, mais recentemente, adotou uma versão reforçada da correia para modelos mais novos.

Um ponto central no caso brasileiro foi a utilização de óleo fora das especificações recomendadas, fator que contribuiu para o ressecamento da correia e a consequente formação de partículas de borracha, responsáveis por obstruir componentes internos dos motores.

Funcionamento da correia banhada a óleo e causas das falhas

A ideia por trás da correia banhada a óleo era proporcionar um equilíbrio entre o funcionamento silencioso das correias convencionais e a longa durabilidade das correntes metálicas de comando.

O contato direto com o óleo lubrificante do motor, em tese, protegeria a correia contra desgaste precoce.

No entanto, na prática, o uso de lubrificantes inadequados — sem aditivos específicos exigidos pelas montadoras — resultou em deterioração acelerada.

Além disso, partículas soltas causadas pelo desgaste da correia passaram a prejudicar outros componentes, como bomba de vácuo, linhas de lubrificação, filtro de admissão e filtro de óleo, gerando problemas de lubrificação e aumento do consumo de óleo nos motores PureTech.

Medidas corretivas da Stellantis na Europa

Ao constatar a extensão dos danos, a Stellantis notificou a fornecedora do componente, a Continental, e buscou soluções emergenciais, como o revestimento da correia com laca para tentar impedir a penetração do óleo pelas laterais.

Essa estratégia, entretanto, mostrou-se ineficaz diante da gravidade do problema.

Como resposta definitiva, a fabricante convocou centenas de milhares de proprietários para substituição da correia por uma nova, reforçada, e ampliou a garantia dos veículos com motores PureTech para até 10 anos ou 175.000 km, medida válida para unidades comercializadas no continente europeu.

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Outro passo importante foi a criação de uma plataforma digital destinada ao ressarcimento de clientes que realizaram reparos relacionados à falha da correia banhada a óleo, desde que o serviço tenha sido realizado em oficinas autorizadas e atendido aos requisitos definidos pela empresa.

O custo do serviço de substituição da correia, na Europa, está estimado em cerca de 800 euros, valor que pode ser convertido para aproximadamente R$ 5.200, considerando o câmbio de julho de 2025.

Mudança para corrente de comando e fim da linha PureTech

A partir de 2022, Stellantis iniciou a produção de motores 1.2 com corrente de comando, mecanismo que já era adotado nos veículos híbridos leves do grupo e também em modelos Fiat e Jeep, incluindo as famílias 1.0 e 1.3 GSE.

Os motores com corrente de comando tendem a ser mais resistentes ao longo do tempo, reduzindo custos de manutenção para os proprietários.

Apesar da transição para a corrente, algumas versões específicas, como o Peugeot 308 convencional com motor 1.2 de 130 cv, ainda utilizam a correia banhada a óleo reforçada.

Já o Peugeot 308 híbrido leve, equipado com sistema 48V e 136 cv, adota a nova corrente de comando.

Essa coexistência de sistemas é transitória, enquanto a padronização completa não é implementada em todos os modelos.

Em meio à crise de reputação gerada pela falha das correias banhadas a óleo, a Stellantis optou por eliminar o nome PureTech de suas linhas na Europa.

A decisão busca afastar a imagem negativa associada ao componente e sinaliza um novo momento para a engenharia dos motores da companhia.

Contexto brasileiro e impactos locais

No Brasil, apenas o antigo Peugeot 208 utilizou o motor 1.2 PureTech com correia banhada a óleo.

No entanto, o histórico do modelo nacional é distinto do europeu, uma vez que o plano de manutenção já previa a troca do componente a cada 80.000 km, evitando os problemas registrados em outros países.

Fiat e Jeep, por sua vez, empregam apenas motores equipados com corrente de comando metálica, tanto nas versões 1.0 quanto 1.3, sem relatos de falhas semelhantes.

Tendência global para maior durabilidade dos motores

A crise da correia banhada a óleo evidencia o desafio enfrentado pelas montadoras na busca por componentes que aliem desempenho, silêncio e baixo custo de manutenção.

Com a adoção generalizada da corrente de comando, Stellantis e outras fabricantes sinalizam uma tendência de maior confiabilidade mecânica nos próximos anos, reforçando o compromisso com a segurança e satisfação dos consumidores.

Diante das mudanças e dos prejuízos enfrentados, surge a dúvida: como você avalia a confiança nas grandes fabricantes após episódios como o recall das correias banhadas a óleo?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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