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O fenômeno imortal: como o Volkswagen Gol, mesmo fora de linha, vende 82% mais que o segundo colocado e esmaga a concorrência no Brasil?

Escrito por Carla Teles
Publicado em 06/11/2025 às 17:08
O fenômeno imortal como o Volkswagen Gol, mesmo fora de linha, vende 82% mais que o segundo colocado e esmaga a concorrência no Brasil (1)
Mesmo fora de linha, o Volkswagen Gol domina o mercado de usados e vende 82% mais que o 2º lugar. Entenda por que o “rei” do Brasil esmaga a concorrência.
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Análise de mercado revela que o Volkswagen Gol domina o segmento de usados com uma margem superior a 80% sobre o segundo colocado, anos após sua produção ser encerrada.

O mercado automotivo brasileiro vive um fenômeno que desafia a lógica: mesmo fora de linha desde 2022, o Volkswagen Gol não apenas persiste, mas domina de forma absoluta o mercado de veículos usados. Dados recentes de mercado, referentes a julho de 2025, quantificam essa hegemonia: o modelo registrou 76.512 unidades vendidas, abrindo uma “margem gigantesca” sobre o segundo colocado.

Para se ter uma ideia da dimensão, o Chevrolet Onix, que ocupa a segunda posição, comercializou 42.022 unidades no mesmo período, segundo a mesma análise de mercado. O domínio do Gol ocorre em um contexto de aquecimento recorde do setor. Um levantamento da Fenauto (Federação de Revendedores de Veículos Usados) mostrou que 2024 foi um ano recorde de vendas de usados, impulsionado crucialmente pela categoria de veículos com “13 anos ou mais”, o território onde o Gol é rei.

Os números de um domínio absoluto

A “margem gigantesca” do Volkswagen Gol é precisa. O volume de 76.512 unidades vendidas em julho de 2025 é 82,1% superior às 42.022 unidades do Chevrolet Onix. Essa diferença de 34.490 unidades entre o primeiro e o segundo lugar é quase o dobro da diferença vista entre o segundo (Onix) e o décimo colocado (VW Saveiro), que é de apenas 17.147 unidades.

O Gol opera em uma categoria isolada. Seu volume de vendas em julho é quase equivalente à soma de seus dois maiores rivais históricos, o Fiat Uno (39.722) e o Fiat Palio (39.416), que juntos somaram 79.138 unidades, de acordo com os dados da Fenauto. A liderança não se restringe à venda; um estudo da plataforma OLX, focado no primeiro semestre de 2024, já mostrava o Gol como o mais procurado (15% das buscas), à frente de Palio (11%) e Uno (10%).

Por que o Gol? A anatomia de um “queridinho”

Imagem: Volkswagen Gol
Imagem: Volkswagen Gol

A vasta oferta de veículos não seria suficiente sem uma demanda igualmente robusta. O principal pilar da popularidade do Gol é sua reputação de robustez e confiabilidade. Na cultura popular, é o carro que “aguenta o tranco”, uma percepção que, em um país com condições de rodagem severas, muitas vezes supera a busca por conforto, já que o modelo é frequentemente descrito como “durinho” e “seco”.

Essa reputação é complementada por uma economia de manutenção imbatível. Os 42 anos de produção e os 7 milhões de unidades fabricadas criaram um mercado paralelo gigantesco e capilarizado de peças de reposição. Isso resulta em preços baixos e uma vasta rede de mecânicos com expertise no modelo, tornando o Custo Total de Propriedade (TCO) extremamente competitivo e previsível para o consumidor.

O fator histórico: 27 anos de liderança

A hegemonia atual é um “eco” de quatro décadas de produção. Lançado em 1980 como um projeto desenvolvido inteiramente no Brasil para suceder o Fusca, o Gol se tornou um ícone. O pilar central que explica o fenômeno de 2025 é seu recorde absoluto: o Volkswagen Gol foi o carro novo mais vendido do Brasil por 27 anos consecutivos, um reinado que durou de 1986 a 2013.

Essa liderança de quase três décadas criou uma frota circulante massiva, um verdadeiro “estoque” físico de milhões de veículos que, por pura inércia estatística, alimenta o mercado de usados hoje. A liderança do Gol nas vendas de usados é a consequência direta e matemática desse fato: há mais Gols disponíveis para transação do que qualquer concorrente. Mesmo em seu fim, em 2022, o carro teve um pico de vendas diretas (para frotistas e locadoras), injetando um volume final e substancial de seminovos no mercado.

O Gol como ativo financeiro no cenário atual

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O fator decisivo que cimenta a liderança do Gol é o contexto macroeconômico brasileiro. Com o preço dos veículos novos ultrapassando R$ 80 mil, milhões de consumidores são empurrados para o mercado de usados. O levantamento da Fenauto de 2024 é crucial para entender isso: a faixa de veículos com “13 anos ou mais” foi a líder de vendas do ano, com 5,7 milhões de unidades comercializadas.

É exatamente nesse segmento de 13+ anos que o Volkswagen Gol reina absoluto. A pressão econômica força os compradores para este mercado, e lá eles encontram o modelo com preço atrativo. Neste cenário, o carro deixa de ser apenas um meio de transporte e se torna um ativo financeiro de alta liquidez: é a “blue chip” do mercado de usados, fácil de comprar, barato de manter e com revenda quase instantânea.

O futuro de um trono vazio

A dominância do Volkswagen Gol em 2025 é o poderoso eco de sua história. Contudo, analistas de mercado apontam que esse estoque que alimenta o fenômeno é finito e está envelhecendo. Pela primeira vez na história, a taxa de veículos Gol saindo de circulação (por obsolescência ou acidentes) é superior à sua taxa de reposição (que agora é zero).

A passagem de bastão, portanto, é considerada inevitável. Modelos como o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20, que destronaram o Gol no mercado de carros novos na década passada, estão agora amadurecendo e, com o tempo, entrarão no segmento de usados (13+ anos) que o Gol hoje domina. Embora o reinado do Gol ainda pareça durar anos, seu domínio póstumo pode estar atingindo o pico.

O Volkswagen Gol também foi seu primeiro carro? Você acha que a fama de “robusto” e “barato de manter” é o que realmente define essa liderança histórica? Deixe sua opinião nos comentários, queremos saber se a sua experiência prática confirma os números.

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Carla Teles

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