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O estreito mais perigoso do mundo, a passagem de 39 km no Oriente Médio por onde passa 20% do petróleo mundial e que um conflito pode fechar em minutos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 19/06/2025 às 14:22
O gargalo do mundo: por que o estreito de Ormuz pode parar a economia global?
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Localizado no Oriente Médio, a passagem de 39 km é a rota de 20% do petróleo mundial e um conflito na região pode fechá-la em minutos, com consequências devastadoras

O estreito de Ormuz é, em 2025, o ponto mais perigoso para a economia mundial. Esta estreita faixa de água se tornou o epicentro de uma crise geopolítica que coloca frente a frente as capacidades militares do Irã e o poderio dos Estados Unidos. As tensões, que escalaram para um conflito direto entre Irã e Israel em 2024, ameaçam fechar a artéria mais vital para o mercado de energia.

Qualquer interrupção no estreito de Ormuz não é uma questão local. É a remoção imediata de um quinto do petróleo do mercado, um gatilho capaz de provocar uma recessão global e uma espiral inflacionária em todo o planeta. A estabilidade mundial, literalmente, passa por este corredor.

A geografia do perigo, um corredor de apenas 39 km

O poder estratégico do estreito de Ormuz vem de sua geografia. Localizado entre o Irã, ao norte, e Omã, ao sul, ele liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã, e por consequência, ao mercado global. Em seu ponto mais estreito, a distância entre as margens é de apenas 39 quilômetros.

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Para os superpetroleiros, a realidade é ainda mais restritiva. O canal de navegação seguro consiste em duas pistas, uma para ir e outra para voltar, com apenas 3 km de largura cada. Essa passagem cria um funil que obriga os navios a seguirem uma rota previsível, o que os transforma em alvos fáceis e aumenta drasticamente o risco de um ataque bem-sucedido. Não existem rotas alternativas viáveis para a maior parte do tráfego.

A artéria do petróleo, 20 milhões de barris por dia em 2024

O estreito mais perigoso do mundo, A passagem de 39 km no Oriente Médio por onde passa 20% do petróleo mundial e que um conflito pode fechar em minutos

Os números que passam por Ormuz mostram sua importância insubstituível. Em 2024, uma média de 20 milhões de barris de petróleo e derivados cruzaram o estreito todos os dias. Esse volume representa cerca de 20% de todo o consumo mundial de petróleo.

O estreito também é vital para o gás. Cerca de um quinto de todo o Gás Natural Liquefeito (GNL) do mundo, vindo principalmente do Catar, passa por ali. Os principais exportadores de petróleo, como Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Kuwait, dependem quase exclusivamente desta rota. O destino dessa energia é, majoritariamente, a Ásia. Economias como China, Índia, Japão e Coreia do Sul são as maiores clientes e, portanto, as mais vulneráveis a uma interrupção.

2025, o ano da tensão, o conflito Irã-Israel e o colapso do acordo nuclear

A situação em 2025 é especialmente perigosa devido a uma escalada de tensões que começou anos antes. Em abril de 2024, a “guerra sombria” entre Irã e Israel se tornou um conflito aberto, com Israel bombardeando um consulado iraniano na Síria e o Irã respondendo com um ataque massivo de mais de 300 drones e mísseis.

O cenário piorou em junho de 2025, com o colapso definitivo das negociações sobre o programa nuclear iraniano. Com o fim da via diplomática e com o Irã enriquecendo urânio a níveis próximos do necessário para uma arma nuclear, o risco de uma ação militar em larga escala, com o estreito de Ormuz como palco, atingiu seu ponto mais alto.

O arsenal iraniano, mísseis, drones e a tática do bloqueio por seguro

O Irã sabe que não pode vencer a marinha americana em um combate direto. Por isso, sua doutrina militar no estreito de Ormuz é a de “negação do mar”. O objetivo não é controlar as águas, mas torná-las tão perigosas que ninguém se atreva a navegar por elas.

Para isso, o país conta com um arsenal assimétrico, que inclui:

Minas navais: Fáceis de espalhar de forma secreta, elas criam uma ameaça invisível e persistente.

Mísseis antinavio: O Irã possui o maior e mais diverso arsenal de mísseis do Oriente Médio, incluindo mísseis balísticos que são extremamente difíceis de interceptar. Ilhas no estreito foram transformadas em bases de lançamento.

Drones e barcos-bomba: Sistemas não tripulados de baixo custo podem ser usados em “enxames” para sobrecarregar as defesas de navios de guerra.

Assim, a estratégia mais provável não é um fechamento total, que seria um suicídio econômico para o próprio Irã. O plano é um ‘bloqueio por seguro’: uma campanha de ataques esporádicos e de autoria duvidosa, projetada para fazer os custos do seguro marítimo dispararem a níveis proibitivos e, assim, paralisar o tráfego comercial sem uma declaração formal de guerra.

A quinta frota dos EUA e seus aliados em prontidão

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Para contrapor a ameaça iraniana, os Estados Unidos mantêm uma presença militar formidável na região. A principal força é a Quinta Frota da Marinha dos EUA, baseada no Bahrein. Sua missão é garantir a liberdade de navegação nos pontos mais críticos do Oriente Médio.

Em resposta às tensões de 2025, essa presença foi reforçada com um ou mais grupos de ataque de porta-aviões, que funcionam como bases aéreas flutuantes. A maior inovação na resposta americana, contudo, é a Task Force 59. Esta unidade pioneira integra centenas de sistemas não tripulados — aéreos, de superfície e submarinos — para criar uma rede de vigilância constante. O objetivo é claro: tornar impossível para o Irã realizar um ataque sem que sua autoria seja imediatamente identificada, anulando a estratégia de ‘negação plausível’ e mudando as regras do jogo.

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Hugo Bernardi Jr
Hugo Bernardi Jr
19/06/2025 16:00

Obstruir a navegação no estreito é uma faca de 2 gumes ,pois estrangulá a exportacao de petróleo do própria Irã. Que, afinal, é a moeda de troca para ter um arsenal capaz de manter um conflito por muito tempo.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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