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O enigma do Monte Roraima: planalto de 2,8 mil metros revela fósseis, microclimas e mistérios ainda inexplorados no Escudo das Guianas

Publicado em 22/10/2025 às 10:11
O Monte Roraima, no Escudo das Guianas, revela tepui de 2,8 mil m com fósseis, microclimas e mistérios que a ciência ainda busca decifrar.. Fonte e imagem: HORIZON
O Monte Roraima, no Escudo das Guianas, revela tepui de 2,8 mil m com fósseis, microclimas e mistérios que a ciência ainda busca decifrar.. Fonte e imagem: HORIZON
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Novo mergulho científico e cultural no Monte Roraima revela tepui com paredões de até 600 m, fósseis preservados, microclimas extremos e áreas ainda inexploradas.

O Monte Roraima ergue-se no ponto exato onde Brasil, Venezuela e Guiana se encontram, em pleno Escudo das Guianas, como uma fortaleza natural formada há 1 a 2 bilhões de anos. No topo, um planalto isolado entre 2,7 mil e 2,8 mil metros de altitude reúne fósseis, nascentes e “mini-Amazônias” moldadas por umidade constante e frio de altitude, criando um mosaico ecológico único.

Mais do que um cartão-postal, o Monte Roraima é um laboratório a céu aberto. Paredões verticais de 400 a 600 metros, um cume de 30 a 35 km² e chuvas que podem atingir 2.000 a 3.000 mm por ano sustentam microclimas estáveis, espécies endêmicas e cavidades ainda não mapeadas. Entre a leitura da ciência e a cosmologia indígena, o tepui segue guardando perguntas sem resposta e respostas que exigem método.

Onde o mito encontra a geologia

O enigma do Monte Roraima: planalto de 2,8 mil metros revela fósseis, microclimas e mistérios ainda inexplorados no Escudo das Guianas

O Monte Roraima é um dos mais de 100 a 120 tepuis do Escudo das Guianas; menos de um terço foi explorado com técnicas modernas, e menos de dez têm mapeamento 3D detalhado.

Para os Pemón, “tepui” é a “casa dos deuses”; para a ciência, são inselbergs de arenito proterozoico, os remanescentes resistentes de um planalto ancestral erodido ao longo de eras.

Essa dupla leitura não se exclui. Fenômenos atmosféricos raros, nascentes no topo, fendas profundas e a sensação de “ilha suspensa” alimentam narrativas sagradas e, ao mesmo tempo, perguntas científicas verificáveis.

O cenário impõe humildade: nem tudo se explica no laboratório e nem tudo se decide pelo mito.

A engenharia do tempo profundo

O corpo do tepui é arenito compactado em tempos em que oceanos e atmosfera eram muito diferentes dos atuais.

Ventos, água e variações de temperatura esculpiram o planalto e isolaram “torres” resistentes.

Estimativas volumétricas variam de 10 a 15 km³; com densidade média de 2,3 a 2,5 t/m³, isso representa 24 a 37 bilhões de toneladas de rocha. Essa massa colossal explica a sobrevivência ao tempo: só o que é mais duro permanece.

No topo, lagos ácidos, musgos em “tapetes” espessos e pântanos frios compõem ambientes de extremo isolamento.

Espécies endêmicas evoluem “em ilha”, protegidas por paredes verticais. Para o observador, é mais que uma montanha: é um experimento ecológico em escala continental.

Microclimas, água e “caixa-d’água” continental

As encostas úmidas canalizam milhares de milímetros de chuva por ano, abrindo cachoeiras que despencam centenas de metros.

No cume, nascentes brotam da rocha e alimentam rios que correm para três países. Não é exagero chamá-lo de “caixa-d’água” natural: o tepui capta umidade das nuvens e a redistribui em rede.

As temperaturas podem cair a 5 °C sob sol no alto, enquanto a trilha de acesso sobe 40 a 50 km desde a floresta até os campos úmidos de altitude. Essa transição brusca de clima e vegetação explica a grande diversidade e torna a logística científica e turística exigente.

Fossilização, cavernas e o que ainda não sabemos

registros fósseis preservados no arenito e cavidades profundas (dolinas, grutas, fissuras) com trechos ainda não mapeados menos de 20% do cume tem detalhamento fino.

Pesquisadores aplicam LiDAR, drones, análise isotópica e inventários biológicos para datar rochas, registrar formas e descrever espécies novas.

Limitações são reais: nuvens bloqueiam sensores, autorizações restringem coletas e o relevo encarece expedições.

Conclusão parcial dos pesquisadores: o Monte Roraima guarda um arquivo vivo com camadas que contam a Terra profunda e ecossistemas isolados que ajudam a entender evolução, clima e água nos trópicos de altitude.

Turismo em alta, pressão também

Estimativas conservadoras apontam crescimento de 50% a 70% no turismo em 10 anos. O fluxo gera renda e visibilidade, mas traz lixo, erosão de trilhas e demanda por novas rotas.

O escudo rochoso é antigo, não indestrutível: um traçado mal planejado deixa cicatrizes. Guias experientes, limitação de grupos e gestão de resíduos são medidas críticas para equilibrar economia local e conservação.

Comunidades e mitos também pedem respeito. Entrar no tepui “pedindo licença” não é só rito: é diretriz de convivência entre ciência, espiritualidade e uso público responsável.

Comparações que dão contexto (sem tirar a singularidade)

Uluru (Austrália) e inselbergs africanos ajudam a dimensionar a exceção roraimense. Roraima é mais antigo, mais alto, mais úmido e mais isolado.

A combinação rara de idade (1–2 bi de anos), altitude (≈2,8 mil m), umidade extrema e paredes intransponíveis não se repete com a mesma intensidade. Daí surgem as “mini-Amazônias” do topo um mosaico que não encontra análogo direto.

Em comum com outros gigantes? Isolamento, reverência cultural e inspiração de mitos. Na diferença? Escala temporal e ecológica, que elevam o Monte Roraima a ponto máximo de um padrão geológico global.

O que é fato, o que é provável e o que é lenda

Fato: tepuis são formações de arenito proterozoico; o cume do Roraima guarda microclimas, água e isolamento que favorecem endemismos.

Provável: há dezenas de espécies por descrever e vastas cavernas ainda por mapear.
Lenda: portais dimensionais ou estruturas artificiais.

O que existe são dolinas, grutas e fissuras explicáveis por erosão e dissolução ao longo de milhões de anos.

Frente a afirmações extraordinárias, a régua é simples: o que pode ser medido, mapeado, datado e replicado? É assim que a ciência avança sem fechar a porta para o desconhecido.

O Monte Roraima condensa tempo profundo, água, clima e cultura em uma só paisagem. É arquivo, laboratório e santuário. Decisões sobre acesso, pesquisa e turismo tomadas hoje definem o que ficará para as próximas gerações: um parque-temático de altitude ou uma “biblioteca de pedra” ainda legível.

E você? Já esteve no Monte Roraima ou pretende ir? O turismo deve ter limite diário de visitantes? Que mistério do tepui você gostaria de ver pesquisado primeiro fósseis, cavernas ou espécies endêmicas? Conte nos comentários como equilibrar ciência, cultura e visitação queremos ouvir quem vive e estuda a região na prática.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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