Localizado na França, o projeto ITER está montando o maior tokamak do mundo para provar a viabilidade da energia de fusão, a mesma que alimenta o Sol
O projeto International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER) é um dos maiores esforços científicos da história, unindo 35 nações para construir uma máquina capaz de gerar energia limpa e segura através da fusão nuclear. No centro deste empreendimento está o Tokamak, um reator experimental projetado para confinar um plasma superaquecido a 150 milhões de graus Celsius.
Para conter essa temperatura, dez vezes maior que a do núcleo do Sol, a tecnologia do Tokamak depende de um campo magnético colossal. Este campo é gerado por ímãs supercondutores gigantes e precisa ser forte o suficiente para impedir que o plasma toque as paredes do reator. O sucesso do ITER e de seu Tokamak é um passo crucial para o futuro da energia de fusão.
O que é um Tokamak e como ele prende um plasma a 150 milhões de graus?
Um Tokamak é um dispositivo em formato de anel que utiliza campos magnéticos para confinar o plasma, que é o estado da matéria necessário para a fusão nuclear. Dentro dele, os isótopos de hidrogênio (deutério e trítio) são aquecidos a temperaturas extremas para que seus núcleos possam se fundir, liberando uma enorme quantidade de energia.
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A “jaula” magnética que prende o plasma de 150 milhões de graus é gerada por um sistema de ímãs supercondutores. O campo magnético atinge uma força de 11,8 Tesla, cerca de 250.000 vezes mais forte que o campo magnético da Terra. Essa força colossal é a única coisa que impede o plasma superquente de destruir as paredes metálicas do reator.
A engenharia monumental do Tokamak do ITER na França
O Tokamak do projeto ITER é o maior e mais potente já construído. A máquina inteira terá 24 metros de altura, 30 metros de largura e pesará 23.000 toneladas, o equivalente a três Torres Eiffel. Ele é composto por cerca de um milhão de componentes individuais.
Entre as peças principais estão o Solenoide Central, o ímã mais potente do sistema, e as 18 bobinas de campo toroidal (TF). Essas bobinas em formato de “D”, quando energizadas, criam o campo magnético principal. Tudo isso é abrigado dentro do Criostato, uma gigantesca câmara de vácuo que mantém os ímãs a uma temperatura de -269°C.
O status da montagem em 2025
O ano de 2025 é crucial para a montagem do Tokamak. A instalação dos 18 superímãs toroidais está em andamento, um dos marcos mais importantes da construção. Em janeiro de 2025, o projeto alcançou um avanço significativo com a instalação do quarto módulo do Solenoide Central, a “espinha dorsal” do sistema magnético.
Em abril de 2025, outro marco foi atingido: o primeiro módulo do setor do vaso de vácuo foi inserido no poço do Tokamak, três semanas antes do previsto. A montagem de cada um desses módulos é um processo de alta precisão, que agora está sendo realizado em um tempo muito menor graças à experiência adquirida pela equipe.
Os desafios de um projeto global, custos, atrasos e soldagem de precisão
Um projeto da escala do ITER enfrenta desafios imensos. A construção, que começou em 2009, já passou por três revisões de cronograma e orçamento. O custo total do projeto aumentou em aproximadamente 5 bilhões de euros, e a pandemia de COVID-19, junto com outras interrupções na cadeia de suprimentos, causou atrasos.
A data para os experimentos de fusão mais potentes foi adiada para 2039. A complexidade da montagem também é um desafio técnico. A soldagem do vaso de vácuo exige robôs personalizados, e os componentes gigantes, fabricados em diferentes partes do mundo, precisam ser alinhados com uma tolerância de apenas 2 milímetros.
O objetivo final do ITER, gerar 10 vezes mais energia e testar a fusão nuclear
O ITER não foi projetado para ser uma usina comercial, mas sim um experimento para provar que a fusão é uma fonte de energia viável. Seu principal objetivo é gerar 500 MW de potência a partir de apenas 50 MW injetados para aquecer o plasma. Isso representa um ganho de energia de dez vezes (Q=10).
O sucesso do Tokamak do ITER abrirá caminho para uma fonte de energia com vantagens imensas: combustível abundante (extraído da água e do lítio), zero emissões de dióxido de carbono e segurança intrínseca, já que um acidente grave é fisicamente impossível. O projeto é um investimento global em um futuro energético mais limpo e sustentável.
O comentário “notável ” do articulista foi dizer que não há possibilidade de acidentes ?!?!
Olhem as variáveis: temperatura que chega a 150 milhões de graus Celsius, precisa de ímãs potentíssimos, para manter aquele inferno longe dos componentes do reator, tem ainda uma câmara de vácuo da zorra, para não deixar os ímãs se aquecerem com aquele inferno, pois o calor acaba com suas propriedades magnéticas, precisa ter fonte de energia externa para fazer essa câmara de vácuo funcionar e todo o sistema de apoio ao reator. Se qualquer destas variáveis falhar, teremos um plasma a 150 milhões de graus, sem qualquer obstáculo se espalhando por toda a parte. Não há risco de acidentes🤣🤣🤣🤣🤣
Creio firmemente q tudo isso é uma poderosa a meaça a todos os humanos,vai q no futuro um outro GOVERNANTE RESOLVE UTILIZAR tal ferramenta para outros FINS?
Podem ter certeza que não é para energia limpa,e sim para fazer uma nova bomba nuclear poderosa….
“Seu principal objetivo é gerar 500 MW de potência a partir de apenas 50 MW injetados para aquecer o plasma. Isso representa um ganho de energia de dez vezes (Q=10).”
Um dos vários problemas é que a organização do ITER costuma usar o termo “potência de fusão”, que deveria ser chamado de “potência do plasma”, como sendo a “potência do reator”. Os proponentes do ITER confundiram a razão de ganho de energia do plasma (tecnicamente conhecido como Q-fusion) com a razão de ganho de energia do reator (tecnicamente conhecida como Q-engineering). Eles pegaram o valor para o Q-fusion e convenceram não-especialistas que era o valor do Q-engineering. Eles fizeram isso não apenas trocando os valores de Q, mas também escondendo a potência de entrada real necessária para o reator. Além disso, organização usa a unidade megawatts (MW), mas raramente especifica se são megawatts térmicos (MWₜ) ou se são megawatts elétricos (MWₑ), levando a mais confusão em torno da real capacidade do reator.
A principal medida técnica do sucesso do ITER será feita por uma comparação da energia do plasma produzido (saída), projetado para ser de 500 MWₜ, com a energia térmica injetada no plasma (entrada), projetada para ser de 50 MWₜ. No entanto, a produção de 50 MWₜ de energia de aquecimento injetada, que entra na câmara do reator como ondas de radiofrequência e feixes neutros energéticos, exigirá o consumo mínimo de 150 MWₑ. O reator também exigirá o consumo de 150 MWₑ adicionais para operar, principalmente para fornecer energia ao ímã supercondutor e ao sistema criogênico. O sistema geral do reator é projetado para consumir 400 MWₑ ao iniciar e 300 MWₑ em operação em estado estacionário, enquanto o reator está funcionando.
O objetivo real do projeto do reator ITER é produzir um plasma de 500 MWₜ em operação nominal, para pulsos de 400 segundos, enquanto 50 MWₜ de energia térmica são injetados no reator, resultando em um ganho de 10x a potência de aquecimento do plasma, não a potência do reator. Esse é o Q-fusion. Quando o ganho de energia é calculado usando toda a potência elétrica necessária e usando um método de cálculo menos conservador (saída de calor versus entrada de eletricidade), o ITER produzirá energia térmica a uma taxa de 1,6x em vez de 10x a energia elétrica que consumirá, ou seja, com Q-engineering = 500 MWₜ/300 MWₑ = 1,6. Usando um método de cálculo mais conservador (saída de eletricidade versus entrada de eletricidade), o ITER terá um ganho (negativo) entre 0,67 e 0,91 em vez de um ganho (positivo) de 10.