Na Antártica, nenhum país manda: um tratado internacional regula as pesquisas, proíbe disputas e transforma o continente num polo de ciência e paz
Um continente sem cidades, sem moradores permanentes e sem bandeira oficial. Assim é a Antártica, um dos territórios mais extremos do planeta.
Com 14 milhões de quilômetros quadrados, a região não pertence a nenhum país e abriga mais de 40 estações de pesquisa de diversas nações.
A pergunta que surge é simples: como funciona um lugar onde ninguém mora de forma habitual?
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Estação por estação, a ciência se espalha no gelo
A Antártica se transformou em um grande centro internacional de pesquisa. O motivo principal está no Tratado da Antártica, assinado em 1961, que impede atividades militares e foca na cooperação científica.
Graças a esse acordo, países de diferentes partes do mundo mantêm bases fixas ou temporárias no continente.
China, Índia e Coreia do Sul, por exemplo, têm investido em novas instalações. Durante o verão, surgem até bases móveis, usadas para estudos específicos.
Muitas estações funcionam o ano todo, mesmo nos meses em que o frio e o isolamento se tornam extremos.
Para garantir o funcionamento contínuo, há missões logísticas com transporte aéreo e marítimo, levando suprimentos essenciais para os pesquisadores.
Sem soberania nacional: um modelo de governança diferente
Ao contrário do que acontece em qualquer outro lugar do mundo, a Antártica não pertence a um único país.
O Tratado da Antártica estabeleceu uma forma única de gestão: um comitê multinacional cuida dos interesses científicos e ambientais. Isso garantiu que o continente fosse usado apenas para fins pacíficos.
Antes do tratado, países como Argentina, Austrália e Chile já tinham feito reivindicações territoriais. Essas reivindicações, no entanto, foram congeladas.
As regras atuais impedem disputas por terra e reforçam a ideia de colaboração. Isso fez da Antártica um raro exemplo de convivência geopolítica sem conflitos.
Por que cientistas do mundo inteiro olham para a Antártica
O continente gelado guarda riquezas que vão além do gelo. A Antártica concentra 70% da água doce da Terra, o que torna suas geleiras uma fonte essencial de dados sobre o passado climático do planeta.
Os cientistas usam esses registros para entender o aquecimento global e prever o nível dos mares.
Além disso, o local abriga formas de vida únicas, que se adaptaram ao frio extremo. Isso atrai biólogos interessados em estudar a evolução em ambientes hostis.
Há também interesse dos astrofísicos, que aproveitam a longa noite polar para realizar pesquisas sobre o universo.
E ainda há projetos que investigam microrganismos raros, com potencial de revelar como a vida poderia existir em outros planetas.
Sobrevivência no frio: como é viver ali por meses
Passar o inverno na Antártica não é tarefa simples. As temperaturas podem atingir -80°C, e as tempestades de neve são violentas.
Por isso, as bases são construídas com tecnologia de ponta, pensadas para resistir ao clima severo e manter o calor.
As roupas dos cientistas também são especiais, com isolamento térmico reforçado. Dentro das estações, há suprimentos suficientes para manter todos por longos períodos, caso o transporte fique impossibilitado.
Em algumas bases, já existem até sistemas de cultivo hidropônico. Com isso, é possível produzir vegetais frescos mesmo no auge do inverno.
Preservar é a prioridade
A Antártica é um dos lugares mais bem protegidos do planeta. Qualquer atividade humana precisa passar por uma avaliação ambiental rigorosa.
O objetivo é claro: evitar danos a um ecossistema frágil e ainda pouco conhecido.
Leis específicas impedem que espécies de fora sejam levadas para o continente, protegendo a fauna e flora locais.
As estações seguem protocolos para reduzir a poluição e controlar resíduos. A meta é manter o equilíbrio entre a presença humana e a natureza.
No fim das contas, a Antártica permanece como um símbolo raro de cooperação. Em um mundo com tantas disputas, ela se destaca por unir países em torno da ciência e da preservação.
Com informações de Estado de Minas.