O Sul do Brasil esconde um cânion brasileiro (e muitos outros) de profundezas surpreendentes, que podem rivalizar em grandiosidade com formações mundialmente famosas. Descubra essas maravilhas “esquecidas” e sua geologia monumental.
O Cânion do Espraiado e outros desfiladeiros impressionantes, mas que permanecem nas sombras dos seus “irmãos” mais famosos, revelando a história geológica e a beleza selvagem de mais de um cânion brasileiro que merece ser descoberto e preservado.
No Sul do Brasil, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, uma paisagem de arte geológica profunda abriga cânions monumentais. A região da Serra Geral e dos Aparados da Serra é um reino de gigantes de pedra, muitos deles “esquecidos” ou pouco conhecidos pelo grande público. Um desses colossos, e foco desta exploração, é um cânion brasileiro que, segundo relatos, atingiria profundezas comparáveis às do Grand Canyon.
Cânion do Espraiado: a joia oculta de Urubici (SC) e sua impressionante grandiosidade
Aninhado em Urubici (SC), próximo à Serra do Corvo Branco, o Cânion do Espraiado é um exemplo emblemático da grandiosidade oculta da região. A jornada para alcançá-lo, muitas vezes por estradas de terra que exigem veículos 4×4, já é uma aventura. O acesso se dá por propriedade particular, onde se paga uma taxa de visitação.
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Os paredões rochosos do Espraiado atingem cerca de 700 metros de altura, estendendo-se por aproximadamente 14 km, com o vale podendo chegar a 600 metros de profundidade. A paisagem é um mosaico de montanhas, vales profundos, inúmeras cachoeiras e mirantes como a Pedra da Águia, abrigando rica biodiversidade com araucárias, xaxins e animais como tucanos e macacos-prego.
Além do Espraiado
A região dos Aparados da Serra e Serra Geral é um tesouro. O Cânion da Pedra, em Jacinto Machado (SC), exige trilha guiada de alta dificuldade, revelando formações como as “Duas Bonecas” e belas cachoeiras. Já o Cânion das Laranjeiras, em Bom Jardim da Serra (SC), é um “paraíso escondido” com acesso mais fácil por uma fazenda particular.
O Cânion Malacara, na divisa de SC e RS, impressiona pela “perfeita tabularidade rochosa” e pode ser visto tanto da borda (trilha longa e paga) quanto do vale. O Cânion Josafaz (RS/SC) é um dos maiores em extensão (16 km), mas de acesso extremamente desafiador, para aventureiros experientes. Mais acessíveis são o Cânion da Ronda, próximo à Serra do Rio do Rastro, e o Cânion do Funil no Parque Nacional de São Joaquim, com suas formações pontiagudas, embora este último tenha acesso por área privada.
Como se formou cada imponente cânion brasileiro na região Sul
A magnificência de cada cânion brasileiro no Sul é fruto de uma longa história geológica. No período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos, durante a fragmentação do supercontinente Gondwana, vastos derrames de lava basáltica da Formação Serra Geral cobriram a região, formando um extenso planalto vulcânico.
Posteriormente, tensões tectônicas soergueram este planalto e falhamentos geológicos criaram degraus e escarpas. Ao longo de milhões de anos, a ação incansável da erosão fluvial e eólica, principalmente seguindo as linhas de fratura nas rochas, esculpiu profundamente o platô, originando os cânions que vemos hoje, com suas paredes verticais e vales encaixados.
Velados em grandiosidade
Muitos desses gigantes sul-brasileiros não têm a fama de seus “irmãos” mais célebres, como Itaimbezinho e Fortaleza. Um dos principais motivos é a dificuldade de acesso, com estradas precárias e trilhas longas. A infraestrutura turística limitada e a falta de informação amplamente divulgada também contribuem para sua obscuridade.
Além disso, muitos destes cânions estão localizados em terras particulares, o que implica políticas de acesso variáveis e pode dificultar a integração em estratégias de turismo público mais amplas. Cada cânion brasileiro menos conhecido enfrenta uma combinação desses fatores.
Exploração responsável e a urgente conservação dos cânions ocultos do Brasil
Esses desfiladeiros são tesouros geológicos, estéticos e de biodiversidade. O crescente interesse pelo geoturismo responsável, como fomentado pelo Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, aponta um caminho promissor para sua valorização e conservação. É crucial um planejamento cuidadoso, com controle de acesso, manejo de trilhas e educação ambiental.
A regularização fundiária, investimentos em infraestrutura sustentável e parcerias entre órgãos públicos, proprietários e comunidades locais são essenciais. Retirar cada cânion brasileiro “esquecido” da sombra não deve significar expô-lo à degradação, mas despertar uma nova consciência sobre sua importância e a necessidade de proteger estas magníficas catedrais da natureza para as futuras gerações.