Produtor brasileiro transforma solo do Oeste da Bahia, revoluciona o agronegócio com tecnologia, alfabetiza funcionários e inspira o setor ao liderar grandes projetos no algodão.
Júlio Cézar Busato, hoje reconhecido como um dos principais líderes do agronegócio no Brasil, traçou uma trajetória marcada pela superação e pelo pioneirismo.
A história do produtor rural, apresentada originalmente pela Revista Forbes, revela como a dedicação, o investimento em tecnologia e a valorização das pessoas transformaram o Oeste da Bahia em um polo agrícola de destaque nacional.
Origem humilde e expansão no agro
Nascido em Casca, município do Rio Grande do Sul, Busato cresceu em uma pequena propriedade de 86 hectares.
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Ainda jovem, esteve à frente do manejo do solo e da operação de tratores.
Ao lado dos irmãos, enfrentou os desafios da agricultura familiar antes de migrar para a Bahia e liderar o Grupo Busato, atualmente responsável pelo cultivo de 28 mil hectares de algodão e outros 32 mil hectares de soja e milho em nove fazendas situadas em São Desidério, Serra do Ramalho e Jaborandi.
Escolha estratégica pelo Oeste da Bahia
A decisão de investir na Bahia foi tomada nos anos 1980, quando Busato buscava novas fronteiras agrícolas.
Conforme relatado em entrevista concedida à Revista Forbes, ele avaliou regiões como o Mato Grosso, mas optou pelo Oeste baiano devido ao potencial de irrigação, infraestrutura logística e à demanda de alimentos do Nordeste.
Em 1987, a família se instalou em São Desidério e iniciou o plantio de soja e milho em terras arrendadas, apesar da falta de rodovias, energia elétrica e outros serviços básicos na época.
Superação de desafios e transformação do solo
O início foi difícil: os solos da região, considerados pobres e arenosos, apresentavam baixa fertilidade, cenário que afastava muitos produtores.
Segundo apuração da Revista Forbes, Busato apostou no uso de máquinas agrícolas modernas, aproveitando o relevo plano, o que permitiu a transformação dessas áreas em terras altamente produtivas ao longo de quatro décadas.
A possibilidade de operar grandes máquinas em áreas planas foi fundamental para essa virada na produção agrícola do Oeste baiano.
Inovação tecnológica e sucesso do algodão
A adoção do sistema de irrigação por pivô central marcou um ponto de virada.
Em 1997, ao instalar cinco pivôs para irrigar 210 hectares, Busato pretendia plantar feijão, mas foi surpreendido pela infestação da mosca branca, praga comum à cultura.
Ao ouvir a sugestão de um amigo, decidiu arrendar mais 300 hectares irrigados e investir no algodão.
Desde então, a cultura tornou-se o carro-chefe do Grupo Busato, que hoje mantém 7 mil hectares irrigados.
Na safra 2023/2024, a produtividade foi destaque: conforme a Associação Baiana de Produtores de Algodão, o grupo colheu 363 arrobas de algodão em capulho por hectare, sendo 148 arrobas em pluma e 215 em caroço, números superiores à média regional de áreas irrigadas, que gira em torno de 350 arrobas por hectare.
Liderança política e impacto social
Além dos avanços tecnológicos, Busato também é reconhecido pelo papel de liderança política e institucional.
De acordo com informações da Revista Forbes, ele já presidiu a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, representando 1.300 produtores, e a Abapa, onde impulsionou iniciativas como o Cotton Brazil e o Sou de Algodão.
Esses projetos têm como objetivo promover a rastreabilidade e a sustentabilidade do algodão brasileiro, além de abrir mercados internacionais para a fibra produzida no país.
O produtor foi ainda um dos fundadores dessas entidades, consolidando-se como referência nacional ao revolucionar o agro brasileiro.
Alfabetização e qualificação dos trabalhadores
Outro diferencial da atuação de Busato está no investimento na formação dos trabalhadores.
Conforme relatado pela Revista Forbes, ao chegar à Bahia, percebeu que muitos de seus funcionários eram analfabetos.
Busato dedicou-se pessoalmente à alfabetização e ao treinamento dos colaboradores, lendo manuais de operação de tratores, tirando dúvidas e promovendo a inclusão.
Muitos desses funcionários continuam no grupo até hoje, evidenciando o impacto social dessa iniciativa.
Paixão por máquinas e tecnologia de ponta
A paixão por máquinas acompanha Busato desde a adolescência.
Aos 13 anos, já conduzia tratores sem cabine.
Hoje, o Grupo Busato testa e utiliza equipamentos de última geração, incluindo tratores, pulverizadores e colheitadeiras com até 847 cavalos de potência.
Os irmãos Busato também são concessionários exclusivos da Fendt na região, marca do grupo AGCO reconhecida mundialmente por sua tecnologia.
Bahia como referência nacional em produção de grãos e algodão
O cenário agrícola do Oeste da Bahia mudou radicalmente.
Segundo dados atualizados em junho de 2025, a Bahia responde por 89,9% da produção de grãos do estado e por 3,3% do total nacional.
O algodão é destaque: na safra 2023/2024, o estado produziu 1,45 milhão de toneladas da fibra, cerca de 19% do volume nacional, tornando-se o segundo maior produtor brasileiro, atrás apenas do Mato Grosso.
O Brasil no topo do mercado global do algodão
O avanço do setor também se reflete no cenário internacional.
De acordo com a Revista Forbes, o Brasil se tornou o maior exportador global de algodão em 2024, superando os Estados Unidos, resultado de avanços tecnológicos e da gestão inovadora de produtores como Busato.
Futuro do agro: biocombustíveis e novos horizontes
Após 40 anos de dedicação ao campo, Busato mantém o olhar atento às novas tendências.
Hoje, aposta no potencial da Bahia para a produção de biocombustíveis e acredita que a região está pronta para avançar ainda mais, impulsionando o agro brasileiro rumo ao protagonismo global.
Diante de uma trajetória que alia inovação, investimento em pessoas e superação de desafios, a história de Júlio Busato levanta uma questão: Até onde o agro brasileiro pode chegar com as próximas gerações de líderes e tecnologias?