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O avião mais rápido da história atingiu Mach 6,7 — e era pilotado por um humano em traje espacial

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 07/07/2025 às 09:23
O avião mais rápido da história atingiu Mach 6,7 — e era pilotado por um humano em traje espacial
Foto: US Air Force
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Com velocidade de Mach 6,7 (7.274 km/h), o X-15 é o avião mais rápido da história — e foi pilotado por humanos com traje espacial nos anos 60. Entenda o projeto lendário.

Em uma era em que aviões comerciais lutam para atingir Mach 1 e caças modernos mal passam de Mach 2, é quase inacreditável pensar que um avião experimental americano atingiu Mach 6,7 — ou 7.274 km/h — ainda na década de 1960. E o mais surpreendente: com um piloto a bordo, vestido com um traje espacial e voando na borda do espaço. Esse feito, que até hoje não foi superado por nenhuma aeronave tripulada, pertence ao lendário North American X-15 — um projeto ousado, quase ficcional, que ajudou a moldar o futuro da aviação hipersônica, dos voos suborbitais e até mesmo da exploração espacial.

Um foguete com asas

O X-15 não era um avião comum. Parecia mais um míssil alado com cabine. Construído pela North American Aviation e operado pela Força Aérea dos Estados Unidos e NASA, o X-15 foi projetado para ir onde nenhum avião havia ido antes: a borda do espaço.

Com motor de foguete, estrutura reforçada com liga de titânio e niôbio, e capacidade de suportar temperaturas extremas, o X-15 foi desenvolvido para testar os limites da velocidade, altitude e controle atmosférico em velocidades hipersônicas.

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O avião mais rápido da história atingiu Mach 6,7 — e era pilotado por um humano em traje espacial
Foto: Divulgação – Reddit

Seu modo de operação também era inusitado: o X-15 era lançado do ar, preso sob a asa de um bombardeiro B-52. Após atingir altitude e posição ideais, o X-15 era liberado e, então, acendia seu motor de foguete, disparando a altitudes próximas de 100 km e velocidades que desafiavam qualquer lógica da aviação tradicional.

O dia em que o impossível aconteceu: Mach 6,7

No dia 3 de outubro de 1967, o piloto de testes William J. “Pete” Knight entrou para a história ao atingir Mach 6,7, o equivalente a 7.274 km/h — um recorde absoluto nunca mais batido por nenhuma aeronave tripulada.

Knight pilotava a aeronave X-15A-2, uma versão modificada do X-15 com tanques externos e proteção térmica adicional. Vestia um traje espacial pressurizado, similar aos usados em voos orbitais, necessário para suportar a altitude e o ambiente rarefeito.

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O voo durou apenas alguns minutos, mas os dados obtidos impactaram gerações de engenharia aeroespacial. Durante a missão, a fuselagem da aeronave atingiu temperaturas superiores a 1.200°C e algumas partes derreteram. O feito foi tão extremo que o próprio X-15A-2 nunca mais voou após esse recorde.

Uma aeronave além de seu tempo

Entre 1959 e 1968, os três X-15 construídos realizaram 199 voos experimentais, sendo pilotados por lendas como Neil Armstrong (antes da Apollo 11) e Joe Engle. Em várias dessas missões, os pilotos atingiram altitudes acima de 80 km, consideradas oficialmente como “voos espaciais” pela Força Aérea dos EUA.

Por isso, 13 pilotos do X-15 receberam asas de astronauta, tornando o projeto um dos precursores diretos do programa espacial americano.

Com ele, os engenheiros testaram:

  • Controle de aeronaves em velocidade hipersônica
  • Entrada na atmosfera em ângulos variados
  • Sistemas de navegação a altitudes suborbitais
  • Materiais resistentes a calor extremo
  • Perfis de voo que seriam usados depois nos ônibus espaciais

Em muitos aspectos, o X-15 foi um laboratório voador, responsável por provar que o ser humano pode viajar acima da atmosfera e retornar com segurança — algo que parecia impossível apenas uma década antes.

Por que ninguém bateu o X-15 até hoje?

Apesar do avanço tecnológico desde então, nenhuma aeronave tripulada conseguiu superar os 7.274 km/h do X-15. Existem várias razões para isso:

  • O risco de voar nessa velocidade é extremo, mesmo com traje pressurizado.
  • O custo-benefício de voos tripulados hipersônicos é baixo comparado a sondas ou mísseis.
  • Após o X-15, o foco da indústria migrou para foguetes espaciais e satélites.
  • A aviação comercial não tem interesse real em voar acima de Mach 3 com passageiros.

Até mesmo caças hipersônicos modernos, como o experimental SR-72 da Lockheed Martin (ainda em desenvolvimento), não contam com pilotos a bordo.

Ou seja, o recorde do X-15 continua imbatível após quase 60 anos, reforçando a importância do projeto como um dos mais ousados e bem-sucedidos da história da engenharia aeroespacial.

O legado do X-15: do céu ao espaço

O X-15 foi mais que uma aeronave — foi um passo entre a aviação tradicional e a exploração espacial. Seu legado ainda é sentido nos sistemas de reentrada dos foguetes da SpaceX, nas cápsulas da NASA e até nos projetos de voos espaciais comerciais da Blue Origin e Virgin Galactic.

É como se o X-15 tivesse dito, ainda nos anos 60: “É possível voar ao espaço sem sair do planeta.” E a verdade é que ele fez isso, repetidamente.

Até hoje, muitos consideram o X-15 o maior avião já construído pela humanidade — não pelo tamanho, mas pela ousadia, velocidade e ambição de levar um ser humano mais rápido do que qualquer outro veículo voador jamais conseguiu.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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