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O app de US$ 999 da Apple que não fazia nada além de mostrar que você era rico

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 13/07/2025 às 11:58
Apple removeu em 2008 app de US$ 999 que só mostrava uma joia — 8 pessoas pagaram por ele
Apple removeu em 2008 app de US$ 999 que só mostrava uma joia — 8 pessoas pagaram por ele
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Em 2008, um aplicativo inútil foi vendido a oito pessoas antes de ser banido, tornando-se um símbolo da era inicial da App Store e uma previsão do futuro dos preços digitais.

Nos primórdios da Apple App Store, em 2008, o conceito de pagar por aplicativos ainda era uma novidade. Enquanto os usuários se divertiam com apps que simulavam isqueiros ou sons de flatulência, um desenvolvedor alemão chamado Armin Heinrich decidiu fazer um experimento social em forma de protesto: ele criou um aplicativo chamado “I Am Rich” (Eu Sou Rico). O preço? O máximo permitido na época: US$ 999,99.

Sua única função era exibir uma joia vermelha brilhante na tela. O app não fazia absolutamente mais nada. O que começou como uma piada para criticar quem reclamava de pagar US$ 0,99 por um software, acabou se tornando um dos casos mais bizarros e emblemáticos da história da tecnologia.

“Uma obra de arte sem função oculta”

A descrição do aplicativo na App Store era honesta. Heinrich não prometia nenhuma funcionalidade secreta. Ao abrir o “I Am Rich”, o usuário via a imagem de uma gema vermelha. Ao tocá-la, um mantra era recitado: “Eu sou rico, eu mereço, eu sou bom, saudável e bem-sucedido”. Era, em sua essência, o primeiro e talvez mais puro símbolo de status digital.

O desenvolvedor não esperava que ninguém o comprasse, mas, para sua surpresa, a vaidade (ou o engano) falou mais alto. Nas 24 horas em que esteve no ar, oito pessoas compraram o aplicativo. A maioria, mais tarde, alegou que a compra foi um acidente.

A reação da Apple e o lucro inesperado

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A repercussão foi imediata. A mídia criticou o aplicativo, chamando-o de golpe, e a Apple o removeu da loja em menos de um dia, sem dar explicações.

Apesar da curta vida, o experimento foi lucrativo. Dos quase US$ 8.000 arrecadados, Heinrich ficou com cerca de US$ 5.600 após a comissão de 30% da Apple. A empresa, pressionada pelas reclamações, reembolsou dois dos compradores que alegaram ter adquirido o app por engano.

A piada que previu o futuro

O que em 2008 parecia um absurdo, hoje se tornou uma realidade, ainda que de forma diferente. A piada de Heinrich provou que havia um mercado para produtos digitais de alto valor. Dezessete anos depois, a App Store está repleta de aplicativos que custam o mesmo ou até mais, mas com uma diferença crucial: eles são ferramentas profissionais extremamente úteis.

  • CyberTuner: Um afinador de pianos profissional que custa US$ 999,99 e substitui equipamentos físicos de milhares de dólares.
  • Archipad Classic: Uma ferramenta de gerenciamento de projetos de construção que custa € 799,99.

A Apple inclusive expandiu seus níveis de preço, permitindo que desenvolvedores cobrem até US$ 10.000 por um aplicativo. A diferença é que, hoje, os consumidores sabem o que estão comprando. Os aplicativos caros que sobreviveram são aqueles que oferecem um valor real, não apenas uma joia vermelha na tela.

A história do “I Am Rich” serve como uma lição: o que começou como uma crítica se tornou uma profecia. Heinrich estava certo ao acreditar que as pessoas pagariam por status digital, mas subestimou que, a longo prazo, o mercado exigiria utilidade em troca de seu dinheiro.

E você, pagaria por um aplicativo apenas para mostrar status? O que acha dos preços dos softwares hoje em dia? Deixe sua opinião nos comentários!

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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