Terremoto de magnitude 8,8 atinge Kamchatka e expõe riscos ocultos nas bases navais russas com submarinos e arsenal nuclear estratégico
Na terça-feira, 29 de julho, um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a remota península de Kamchatka, na Rússia. O tremor foi um dos mais fortes já registrados na história moderna. Apesar de não ter causado vítimas, o episódio lançou um alerta sobre uma das áreas militares mais sensíveis do país: as bases navais da baía de Avacha.
Kamchatka fica no extremo leste da Rússia, uma região isolada e inóspita. É justamente por isso que Moscou escolheu o local para instalar parte de seu arsenal nuclear.
A combinação entre distância, natureza selvagem e importância estratégica transformou a região em um ponto-chave da defesa russa.
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Submarinos nucleares sob risco
O terremoto ocorreu a cerca de 100 quilômetros da base de Rybachiy, principal porto de submarinos estratégicos do país.
A instalação abriga submarinos da classe Borei e Borei-A, que transportam mísseis balísticos com ogivas nucleares. Esses navios representam a capacidade de retaliação russa em caso de guerra global.
Além disso, a base também opera submarinos de ataque avançados como os Yasen-M e os Oscar. Esses modelos são movidos por propulsão nuclear ou convencional e têm papel importante em missões ofensivas e defensivas.
A proximidade entre o epicentro do terremoto e essa infraestrutura vital levantou preocupações. Ainda que o governo russo afirme que não houve danos, analistas duvidam da total ausência de impactos.
A situação se torna ainda mais crítica com os planos de Moscou de deslocar para a mesma base o submarino K-329 Belgorod.
A ameaça do Belgorod
O Belgorod é o maior submarino do mundo. Foi desenvolvido para lançar os torpedos Poseidon, capazes de gerar tsunamis radioativos.
A embarcação também atua em missões secretas e de inteligência submarina. Caso estivesse presente durante o tremor, o risco estratégico teria sido ainda maior.
O mais importante é que, apesar da ausência de danos aparentes, a situação revelou como fenômenos naturais podem afetar estruturas militares projetadas para resistir a ataques humanos.
O terremoto trouxe incerteza sobre a integridade dos equipamentos e dos navios em manutenção ou atracados na baía.
Vulnerabilidades naturais e militares
A geografia da baía de Avacha pode ter protegido parcialmente a base. No entanto, analistas do portal TWZ alertaram para riscos técnicos sérios.
Submarinos podem ser violentamente balançados, e a entrada de água em compartimentos abertos é uma possibilidade real.
As bases da região foram planejadas para suportar ataques militares. Mas o terremoto mostrou um tipo de ameaça que não entrou nos cálculos originais: a força da natureza. Uma estrutura feita para resistir a mísseis pode falhar diante de uma falha geológica.
Além disso, o evento levanta uma questão maior. Por que concentrar tantos ativos nucleares em uma única região, ainda mais em uma área sísmica? A resposta envolve tradição militar, logística e geografia, mas o risco é claro.
Consequências estratégicas globais
Portanto, o episódio vai além da Rússia. Ele mostra que a estabilidade nuclear do mundo não depende apenas de tratados ou políticas de dissuasão.
Um terremoto pode comprometer, em segundos, uma frota inteira de submarinos com mísseis intercontinentais.
Isso significa que as potências nucleares precisam reavaliar onde guardam seus arsenais. A dissuasão funciona com base na certeza de que o inimigo não atacará por medo da resposta.
Mas, quando a natureza entra em cena, essa certeza desaparece.
A comunidade internacional acompanha os desdobramentos com atenção. Relatórios técnicos sobre os efeitos do terremoto em Kamchatka serão analisados com cuidado por rivais estratégicos.
Afinal, a natureza não pode ser contida com ogivas. Ela age sem aviso, sem diplomacia e sem medo.
Com informações de Xataka.