O 13º salário, um direito criado por lei no Brasil, injeta mais de R$ 200 bilhões na economia todos os anos, sustenta o comércio natalino, ajuda milhões de famílias a quitar dívidas e se tornou um dos pilares do consumo de fim de ano no país.
O 13º salário, oficialmente chamado de gratificação natalina, é um direito criado por lei no Brasil que garante ao trabalhador o recebimento de um salário extra ao final de cada ano. Desde sua instituição, ele se consolidou como um dos principais instrumentos de redistribuição de renda do país, beneficiando trabalhadores formais, aposentados e pensionistas.
A cada dezembro, o pagamento do 13º injeta bilhões de reais na economia. Segundo o Dieese, em 2024 o valor chegou a R$ 321,4 bilhões, o equivalente a 3% do PIB brasileiro. Esse fluxo de dinheiro gera um ciclo positivo de consumo, emprego e arrecadação, com impacto direto nas vendas de Natal e no faturamento do comércio.
Quem tem direito e como o benefício é calculado
O 13º é garantido a empregados com carteira assinada, aposentados e pensionistas do INSS, além de alguns beneficiários de auxílios como o salário-maternidade.
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O cálculo é simples: o trabalhador tem direito a 1/12 do salário por mês trabalhado, e quem trabalhou ao menos 15 dias em um mês já conta aquele período.
O pagamento é dividido em duas parcelas.
A primeira deve ser paga até 30 de novembro, sem descontos.
A segunda, até 20 de dezembro, com deduções de INSS e Imposto de Renda.
Essa estrutura garante previsibilidade para o trabalhador e também para as empresas, que devem planejar o fluxo de caixa ao longo do ano para cumprir a obrigação legal.
O impacto econômico do 13º salário no fim do ano
Poucos mecanismos têm um efeito tão abrangente na economia quanto o direito criado por lei no Brasil que instituiu o 13º salário.
Os números são expressivos: mais de 92 milhões de pessoas foram beneficiadas em 2024, e parte considerável do montante movimentado vai direto para o consumo de bens e serviços.
O comércio é o setor que mais se beneficia.
Supermercados, lojas de roupas, eletrônicos e turismo registram aumento expressivo nas vendas entre novembro e dezembro, impulsionados pela entrada do dinheiro extra.
A Confederação Nacional do Comércio estima que mais de 30% do faturamento anual de algumas redes depende desse período.
O 13º e o equilíbrio financeiro das famílias
Para milhões de brasileiros, o 13º não é apenas um bônus, mas uma oportunidade de reequilibrar o orçamento.
Pesquisas mostram que boa parte dos trabalhadores utiliza o valor para pagar dívidas, quitar parcelas em atraso ou reduzir o uso do cartão de crédito.
Outros destinam o recurso à poupança, aos gastos de fim de ano ou à compra de presentes.
Economistas destacam que o 13º tem um papel anticíclico: em momentos de crise, ele sustenta o consumo e reduz o impacto das recessões, enquanto em períodos de crescimento acelera o giro de capital e a arrecadação tributária.
Comparações internacionais e o papel social do benefício
Embora o 13º seja um direito criado por lei no Brasil, outras nações também adotam práticas semelhantes.
Em países como Portugal, Espanha e Itália, existe um pagamento adicional de Natal previsto em lei. Na América Latina, Argentina e México possuem versões do mesmo benefício, conhecidas como aguinaldo.
A diferença é que o modelo brasileiro combina caráter obrigatório e alcance social.
Enquanto em outros países o bônus pode ser facultativo ou limitado a certos setores, no Brasil ele é universal dentro do regime formal de trabalho, tornando-se uma política de distribuição de renda em escala nacional.
O 13º e a força do consumo natalino
O Natal é o ápice desse ciclo econômico.
Com o pagamento da segunda parcela concentrado em dezembro, o comércio atinge seu pico de vendas, e a indústria acelera a produção para atender à demanda.
Estima-se que mais de um terço das contratações temporárias ocorram nesse período, estimuladas diretamente pelo efeito do 13º.
Além disso, o benefício favorece pequenos empreendedores, já que o aumento do consumo alcança o comércio de bairro, feiras e serviços locais.
Essa capilaridade explica por que o 13º é frequentemente chamado de motor invisível do Natal brasileiro.