Número de brasileiros que pagam aluguel sobe 45% em oito anos, atinge 17,8 milhões de lares e expõe queda histórica da casa própria no Brasil.
O perfil de moradia no Brasil está passando por uma transformação histórica. Dados da PNAD Contínua, divulgados pelo IBGE, revelam que o número de brasileiros que pagam aluguel aumentou 45,4% nos últimos oito anos, saltando de 12,3 milhões de domicílios em 2016 para 17,8 milhões em 2024. No mesmo período, a casa própria em queda deixou de ser realidade para parte significativa da população, com retração de 73% para 67,6% no índice de lares próprios ou financiados.
Esse movimento representa uma queda histórica da casa própria, invertendo um dos maiores símbolos de estabilidade financeira do brasileiro. Se antes a compra do imóvel era sinônimo de realização pessoal, hoje o crescimento dos lares de aluguel mostra que o mercado e a cultura habitacional estão se reconfigurando.
Aumento do aluguel e mudança no perfil habitacional
O levantamento mostra que, em 2016, 18,4% dos brasileiros viviam em imóveis alugados. Oito anos depois, essa fatia chegou a 23% da população, revelando um avanço consistente em todas as regiões do país.
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Especialistas ressaltam que não se trata apenas de uma consequência de políticas urbanas ou migrações, mas de um fenômeno mais amplo, com raízes culturais e econômicas.
De acordo com o IBGE, o aumento do aluguel acompanha a expansão da renda média e a popularização de plataformas digitais de locação. Além disso, a maior concentração do mercado no Sudeste ajuda a explicar o crescimento acelerado nesse tipo de moradia.
Fatores culturais e o novo comportamento dos lares de aluguel
Outro dado relevante é o avanço expressivo das moradias unipessoais. Em 2024, 18,6% das unidades domésticas eram ocupadas por apenas uma pessoa, contra 12,2% em 2012. Essa mudança é associada ao envelhecimento da população e também à transformação dos hábitos, com mais pessoas — sobretudo mulheres — optando por viver sozinhas.
Segundo William Kratochwill, pesquisador do IBGE, “em boa parte dos domicílios unipessoais vivem pessoas com mais de 60 anos; nesta fase, os filhos já saíram de casa e muitos ficaram viúvos.” Estados com população mais idosa, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, lideram essa tendência.
Casa própria em queda: do sonho ao desafio
A redução da fatia de lares próprios para 67,6% é um indicador da queda histórica da casa própria como prioridade nacional. Se por décadas o financiamento imobiliário foi o principal caminho para a conquista do imóvel, hoje muitos brasileiros adiam ou até abandonam esse objetivo.
Além dos altos custos da construção e das taxas de financiamento, especialistas apontam que a mobilidade profissional e a busca por flexibilidade também influenciam a decisão.
O resultado é um mercado em que o aluguel no Brasil deixa de ser apenas uma alternativa temporária para se tornar opção definitiva para milhões de famílias.
Impactos no mercado imobiliário brasileiro
O mercado imobiliário brasileiro já sente os efeitos dessa mudança. O crescimento dos lares de aluguel impulsiona setores ligados à locação, como administração de imóveis, corretoras especializadas e plataformas digitais.
Em paralelo, o setor da construção civil precisa adaptar seus modelos de negócios, ampliando projetos de empreendimentos destinados especificamente ao aluguel, como já ocorre em capitais como São Paulo e Belo Horizonte.
Especialistas também ressaltam que a mudança abre espaço para novos arranjos econômicos, como o aumento de fundos imobiliários focados em locação residencial e a entrada de grandes incorporadoras em projetos voltados ao chamado “multifamily”, edifícios inteiros destinados exclusivamente ao aluguel.
Moradia no Brasil: uma nova realidade social
Os dados do IBGE não mostram apenas números, mas refletem uma transformação cultural. Se antes a estabilidade era medida pelo imóvel próprio, hoje fatores como flexibilidade, mobilidade geográfica e praticidade passaram a ter mais peso na escolha da moradia.
O crescimento dos lares de aluguel e a queda da casa própria no Brasil revelam uma mudança geracional, em que jovens priorizam experiências, qualidade de vida e liberdade de deslocamento em vez de assumir longas dívidas imobiliárias.
O que esperar para os próximos anos
A tendência é que o aumento do aluguel continue nos próximos anos, acompanhando o envelhecimento populacional, a expansão das famílias unipessoais e as mudanças nos hábitos de consumo.
A casa própria em queda pode forçar políticas públicas voltadas para habitação popular e locação social, enquanto o setor privado deve acelerar o desenvolvimento de projetos voltados ao aluguel de longo prazo.
Para os especialistas, o Brasil está diante de uma transformação histórica da moradia, e o desafio será equilibrar o direito ao acesso à habitação com a necessidade de adaptação ao novo perfil do consumidor.
E você, acredita que o futuro da moradia no Brasil será dominado pelo aluguel ou ainda vê espaço para a retomada do sonho da casa própria?