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Número de brasileiros que vivem de aluguel dispara 45% em oito anos e atinge 17,8 milhões de lares — enquanto a casa própria cai do sonho à queda histórica, segundo o IBGE

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 27/08/2025 às 08:39
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Número de brasileiros que pagam aluguel sobe 45% em oito anos, atinge 17,8 milhões de lares e expõe queda histórica da casa própria no Brasil.

O perfil de moradia no Brasil está passando por uma transformação histórica. Dados da PNAD Contínua, divulgados pelo IBGE, revelam que o número de brasileiros que pagam aluguel aumentou 45,4% nos últimos oito anos, saltando de 12,3 milhões de domicílios em 2016 para 17,8 milhões em 2024. No mesmo período, a casa própria em queda deixou de ser realidade para parte significativa da população, com retração de 73% para 67,6% no índice de lares próprios ou financiados.

Esse movimento representa uma queda histórica da casa própria, invertendo um dos maiores símbolos de estabilidade financeira do brasileiro. Se antes a compra do imóvel era sinônimo de realização pessoal, hoje o crescimento dos lares de aluguel mostra que o mercado e a cultura habitacional estão se reconfigurando.

Aumento do aluguel e mudança no perfil habitacional

O levantamento mostra que, em 2016, 18,4% dos brasileiros viviam em imóveis alugados. Oito anos depois, essa fatia chegou a 23% da população, revelando um avanço consistente em todas as regiões do país.

Especialistas ressaltam que não se trata apenas de uma consequência de políticas urbanas ou migrações, mas de um fenômeno mais amplo, com raízes culturais e econômicas.

De acordo com o IBGE, o aumento do aluguel acompanha a expansão da renda média e a popularização de plataformas digitais de locação. Além disso, a maior concentração do mercado no Sudeste ajuda a explicar o crescimento acelerado nesse tipo de moradia.

Fatores culturais e o novo comportamento dos lares de aluguel

Outro dado relevante é o avanço expressivo das moradias unipessoais. Em 2024, 18,6% das unidades domésticas eram ocupadas por apenas uma pessoa, contra 12,2% em 2012. Essa mudança é associada ao envelhecimento da população e também à transformação dos hábitos, com mais pessoas — sobretudo mulheres — optando por viver sozinhas.

Segundo William Kratochwill, pesquisador do IBGE, “em boa parte dos domicílios unipessoais vivem pessoas com mais de 60 anos; nesta fase, os filhos já saíram de casa e muitos ficaram viúvos.” Estados com população mais idosa, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, lideram essa tendência.

Casa própria em queda: do sonho ao desafio

A redução da fatia de lares próprios para 67,6% é um indicador da queda histórica da casa própria como prioridade nacional. Se por décadas o financiamento imobiliário foi o principal caminho para a conquista do imóvel, hoje muitos brasileiros adiam ou até abandonam esse objetivo.

Além dos altos custos da construção e das taxas de financiamento, especialistas apontam que a mobilidade profissional e a busca por flexibilidade também influenciam a decisão.

O resultado é um mercado em que o aluguel no Brasil deixa de ser apenas uma alternativa temporária para se tornar opção definitiva para milhões de famílias.

Impactos no mercado imobiliário brasileiro

O mercado imobiliário brasileiro já sente os efeitos dessa mudança. O crescimento dos lares de aluguel impulsiona setores ligados à locação, como administração de imóveis, corretoras especializadas e plataformas digitais.

Em paralelo, o setor da construção civil precisa adaptar seus modelos de negócios, ampliando projetos de empreendimentos destinados especificamente ao aluguel, como já ocorre em capitais como São Paulo e Belo Horizonte.

Especialistas também ressaltam que a mudança abre espaço para novos arranjos econômicos, como o aumento de fundos imobiliários focados em locação residencial e a entrada de grandes incorporadoras em projetos voltados ao chamado “multifamily”, edifícios inteiros destinados exclusivamente ao aluguel.

Moradia no Brasil: uma nova realidade social

Os dados do IBGE não mostram apenas números, mas refletem uma transformação cultural. Se antes a estabilidade era medida pelo imóvel próprio, hoje fatores como flexibilidade, mobilidade geográfica e praticidade passaram a ter mais peso na escolha da moradia.

O crescimento dos lares de aluguel e a queda da casa própria no Brasil revelam uma mudança geracional, em que jovens priorizam experiências, qualidade de vida e liberdade de deslocamento em vez de assumir longas dívidas imobiliárias.

O que esperar para os próximos anos

A tendência é que o aumento do aluguel continue nos próximos anos, acompanhando o envelhecimento populacional, a expansão das famílias unipessoais e as mudanças nos hábitos de consumo.

A casa própria em queda pode forçar políticas públicas voltadas para habitação popular e locação social, enquanto o setor privado deve acelerar o desenvolvimento de projetos voltados ao aluguel de longo prazo.

Para os especialistas, o Brasil está diante de uma transformação histórica da moradia, e o desafio será equilibrar o direito ao acesso à habitação com a necessidade de adaptação ao novo perfil do consumidor.

E você, acredita que o futuro da moradia no Brasil será dominado pelo aluguel ou ainda vê espaço para a retomada do sonho da casa própria?

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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