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Descoberta histórica: núcleo sólido de Marte revela passado parecido com a Terra e explica perda da atmosfera

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 07/09/2025 às 13:16
Cientistas confirmam que Marte possui núcleo interno sólido. Descoberta com dados da missão InSight explica perda do campo magnético.
Cientistas confirmam que Marte possui núcleo interno sólido. Descoberta com dados da missão InSight explica perda do campo magnético.
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Novo estudo com dados da missão InSight mostra que Marte tem núcleo sólido, semelhante ao da Terra, e reforça hipóteses sobre seu passado magnético.

Cientistas revelaram que Marte possui uma estrutura interna semelhante à da Terra. Resultados da missão InSight da NASA sugerem que o planeta vermelho tem um núcleo interno sólido cercado por um núcleo externo líquido. A descoberta ajuda a resolver um mistério que intrigava a ciência por décadas.

Os resultados foram publicados na revista Nature e trazem implicações importantes para entender a evolução do planeta. Segundo os pesquisadores, bilhões de anos atrás Marte pode ter sustentado uma atmosfera mais espessa, capaz de manter água líquida na superfície.

Relação com o campo magnético

Essa atmosfera densa pode ter sido protegida por um campo magnético.

Na Terra, esse escudo natural é criado pela convecção entre núcleo sólido e líquido, gerando o chamado dínamo. Ele desvia partículas carregadas do Sol e protege a atmosfera do planeta.

Marte, no entanto, não possui campo magnético atualmente. Sem esse escudo, sua atmosfera foi sendo perdida para o espaço ao longo do tempo.

O resultado foi a transformação em um deserto frio e seco, bem diferente do que parece ter sido no passado.

Evidências de água no passado

Na superfície marciana há sinais claros de que rios e lagos já existiram. Valas profundas, redes de canais e minerais formados em ambientes aquáticos sustentam essa hipótese.

Mesmo assim, a atmosfera rarefeita de hoje não permite a presença de grandes volumes de água. A quantidade necessária simplesmente não existe mais no planeta.

Missão InSight e primeiros dados

A sonda InSight foi fundamental para abrir caminho ao estudo. Usando sismômetros, cientistas detectaram em 2021 um núcleo líquido. O trabalho foi liderado por Simon Stähler, da ETH Zurique, e publicado como referência.

Ele mostrou que ondas sísmicas atravessam o manto e o núcleo antes de refletirem e chegarem ao equipamento. A análise indicou um núcleo maior e menos denso do que o esperado, sem sinal de uma parte sólida interna.

Novos resultados e revisão

Agora, Huixing Bi, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e colegas apresentaram dados que apontam para um núcleo sólido interno. Esse núcleo teria raio de 610 km e mostra que cristalização e solidificação estão em andamento enquanto Marte esfria.

Isso aproxima a estrutura do planeta da Terra, reforçando a possibilidade de que Marte tenha abrigado um campo magnético no passado.

Para a ciência, essa é uma peça essencial para explicar a evolução climática do planeta.

Modelos em debate

No início, parecia que os trabalhos de Stähler e Bi entrariam em choque. Um indicava núcleo totalmente líquido, o outro apontava camada sólida. Mas os cientistas explicam que não existe contradição.

Na verdade, os dois estudos representam estágios do avanço científico. O trabalho inicial abriu caminho e limitou parâmetros de tamanho e densidade. O mais recente utilizou seleção de eventos sísmicos e técnicas inovadoras para detectar sinais mais sutis.

Revisão de 2023

Outro estudo, conduzido por Henri Samuel, da Université Paris Cité, revisou os modelos em 2023. Com dados complementares, ele ajustou o tamanho e a densidade do núcleo, conciliando informações da InSight com outras evidências.

O próprio artigo de Stähler já admitia que não era possível descartar um núcleo sólido. Apenas a intensidade do sinal não era suficiente para confirmar a hipótese. Portanto, o estudo de Bi chega como uma evolução natural.

Marte em comparação com a Terra

Na Terra, o núcleo sólido é essencial para manter a convecção que gera o campo magnético. O calor do núcleo passa para o líquido e depois para o manto, alimentando o dínamo.

O novo resultado indica que Marte pode ter seguido caminho parecido no passado. Essa condição seria a responsável por sustentar uma atmosfera espessa e, consequentemente, permitir a presença de água líquida em abundância.

Importância das missões

A descoberta reforça o valor das missões espaciais. Enquanto rovers como Spirit, Opportunity, Curiosity e Perseverance estudam a mineralogia da superfície, outras sondas analisam a atmosfera e a água.

O ExoMars Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia, acompanha o ciclo da água. Já a sonda Maven, da NASA, investiga a perda da atmosfera para o espaço. A InSight, por sua vez, concentrou esforços em entender a atividade sísmica e a estrutura interna.

Fim da missão InSight

A InSight pousou em novembro de 2018. Durante quatro anos, coletou dados fundamentais. O último contato com a Terra ocorreu em dezembro de 2022, quando sua energia se esgotou por causa do acúmulo de poeira nos painéis solares.

Mesmo sem operação, a missão continua gerando frutos. O novo estudo mostra que dados colhidos há anos ainda podem revelar descobertas transformadoras.

Avanço da ciência

Esse processo de revisão e atualização é parte natural da ciência. O progresso ocorre justamente quando novos dados permitem melhorar ou complementar modelos anteriores.

Portanto, o fato de existirem modelos diferentes não significa erro. Pelo contrário, mostra como a ciência avança na busca pela melhor explicação possível.

O que vem pela frente

Agora, a comunidade científica deve reavaliar os dados da InSight. Outras análises podem confirmar ou ajustar os resultados apresentados por Huixing Bi e sua equipe.

Além disso, será necessário verificar se o modelo com núcleo sólido se encaixa em outros dados, como limites de densidade e tamanho já conhecidos. Esse debate promete gerar novas publicações e discussões nos próximos anos.

Impacto para a exploração espacial

Compreender a estrutura interna de Marte é essencial para projetar futuras missões. Isso ajuda a explicar por que o planeta perdeu sua atmosfera e quais condições existiram no passado.

Mais que isso, oferece pistas sobre como planetas se formam e evoluem no sistema solar. Esse conhecimento é crucial para entender a própria Terra e até avaliar a habitabilidade de mundos distantes.

O núcleo sólido de Marte representa uma peça-chave na reconstrução de sua história. Ele confirma que o planeta já teve condições mais próximas da Terra e pode ter sustentado vida em algum momento remoto.

Ainda restam perguntas sem resposta, mas cada descoberta aproxima a ciência de entender melhor o destino do planeta vermelho.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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