Novo estudo com dados da missão InSight mostra que Marte tem núcleo sólido, semelhante ao da Terra, e reforça hipóteses sobre seu passado magnético.
Cientistas revelaram que Marte possui uma estrutura interna semelhante à da Terra. Resultados da missão InSight da NASA sugerem que o planeta vermelho tem um núcleo interno sólido cercado por um núcleo externo líquido. A descoberta ajuda a resolver um mistério que intrigava a ciência por décadas.
Os resultados foram publicados na revista Nature e trazem implicações importantes para entender a evolução do planeta. Segundo os pesquisadores, bilhões de anos atrás Marte pode ter sustentado uma atmosfera mais espessa, capaz de manter água líquida na superfície.
Relação com o campo magnético
Essa atmosfera densa pode ter sido protegida por um campo magnético.
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Na Terra, esse escudo natural é criado pela convecção entre núcleo sólido e líquido, gerando o chamado dínamo. Ele desvia partículas carregadas do Sol e protege a atmosfera do planeta.
Marte, no entanto, não possui campo magnético atualmente. Sem esse escudo, sua atmosfera foi sendo perdida para o espaço ao longo do tempo.
O resultado foi a transformação em um deserto frio e seco, bem diferente do que parece ter sido no passado.
Evidências de água no passado
Na superfície marciana há sinais claros de que rios e lagos já existiram. Valas profundas, redes de canais e minerais formados em ambientes aquáticos sustentam essa hipótese.
Mesmo assim, a atmosfera rarefeita de hoje não permite a presença de grandes volumes de água. A quantidade necessária simplesmente não existe mais no planeta.
Missão InSight e primeiros dados
A sonda InSight foi fundamental para abrir caminho ao estudo. Usando sismômetros, cientistas detectaram em 2021 um núcleo líquido. O trabalho foi liderado por Simon Stähler, da ETH Zurique, e publicado como referência.
Ele mostrou que ondas sísmicas atravessam o manto e o núcleo antes de refletirem e chegarem ao equipamento. A análise indicou um núcleo maior e menos denso do que o esperado, sem sinal de uma parte sólida interna.
Novos resultados e revisão
Agora, Huixing Bi, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e colegas apresentaram dados que apontam para um núcleo sólido interno. Esse núcleo teria raio de 610 km e mostra que cristalização e solidificação estão em andamento enquanto Marte esfria.
Isso aproxima a estrutura do planeta da Terra, reforçando a possibilidade de que Marte tenha abrigado um campo magnético no passado.
Para a ciência, essa é uma peça essencial para explicar a evolução climática do planeta.
Modelos em debate
No início, parecia que os trabalhos de Stähler e Bi entrariam em choque. Um indicava núcleo totalmente líquido, o outro apontava camada sólida. Mas os cientistas explicam que não existe contradição.
Na verdade, os dois estudos representam estágios do avanço científico. O trabalho inicial abriu caminho e limitou parâmetros de tamanho e densidade. O mais recente utilizou seleção de eventos sísmicos e técnicas inovadoras para detectar sinais mais sutis.
Revisão de 2023
Outro estudo, conduzido por Henri Samuel, da Université Paris Cité, revisou os modelos em 2023. Com dados complementares, ele ajustou o tamanho e a densidade do núcleo, conciliando informações da InSight com outras evidências.
O próprio artigo de Stähler já admitia que não era possível descartar um núcleo sólido. Apenas a intensidade do sinal não era suficiente para confirmar a hipótese. Portanto, o estudo de Bi chega como uma evolução natural.
Marte em comparação com a Terra
Na Terra, o núcleo sólido é essencial para manter a convecção que gera o campo magnético. O calor do núcleo passa para o líquido e depois para o manto, alimentando o dínamo.
O novo resultado indica que Marte pode ter seguido caminho parecido no passado. Essa condição seria a responsável por sustentar uma atmosfera espessa e, consequentemente, permitir a presença de água líquida em abundância.
Importância das missões
A descoberta reforça o valor das missões espaciais. Enquanto rovers como Spirit, Opportunity, Curiosity e Perseverance estudam a mineralogia da superfície, outras sondas analisam a atmosfera e a água.
O ExoMars Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia, acompanha o ciclo da água. Já a sonda Maven, da NASA, investiga a perda da atmosfera para o espaço. A InSight, por sua vez, concentrou esforços em entender a atividade sísmica e a estrutura interna.
Fim da missão InSight
A InSight pousou em novembro de 2018. Durante quatro anos, coletou dados fundamentais. O último contato com a Terra ocorreu em dezembro de 2022, quando sua energia se esgotou por causa do acúmulo de poeira nos painéis solares.
Mesmo sem operação, a missão continua gerando frutos. O novo estudo mostra que dados colhidos há anos ainda podem revelar descobertas transformadoras.
Avanço da ciência
Esse processo de revisão e atualização é parte natural da ciência. O progresso ocorre justamente quando novos dados permitem melhorar ou complementar modelos anteriores.
Portanto, o fato de existirem modelos diferentes não significa erro. Pelo contrário, mostra como a ciência avança na busca pela melhor explicação possível.
O que vem pela frente
Agora, a comunidade científica deve reavaliar os dados da InSight. Outras análises podem confirmar ou ajustar os resultados apresentados por Huixing Bi e sua equipe.
Além disso, será necessário verificar se o modelo com núcleo sólido se encaixa em outros dados, como limites de densidade e tamanho já conhecidos. Esse debate promete gerar novas publicações e discussões nos próximos anos.
Impacto para a exploração espacial
Compreender a estrutura interna de Marte é essencial para projetar futuras missões. Isso ajuda a explicar por que o planeta perdeu sua atmosfera e quais condições existiram no passado.
Mais que isso, oferece pistas sobre como planetas se formam e evoluem no sistema solar. Esse conhecimento é crucial para entender a própria Terra e até avaliar a habitabilidade de mundos distantes.
O núcleo sólido de Marte representa uma peça-chave na reconstrução de sua história. Ele confirma que o planeta já teve condições mais próximas da Terra e pode ter sustentado vida em algum momento remoto.
Ainda restam perguntas sem resposta, mas cada descoberta aproxima a ciência de entender melhor o destino do planeta vermelho.