Projeto ferroviário entre Salvador e Feira de Santana prevê viagens em alta velocidade, integração com ônibus, tarifa similar ao transporte rodoviário e investimento bilionário, com obras programadas para 2029, após aprovações regulatórias e ambientais.
O projeto da Ferrovia Salvador–Feira de Santana prevê viagem de 35 minutos, 10 estações (oito de passageiros e duas de carga) e 98 km de extensão.
A proposta é privada, liderada pela empresa TIC Bahia, e ainda depende de autorização da ANTT antes de seguir para análise do Ministério dos Transportes.
A estimativa inicial é iniciar obras em 2029, após a tramitação regulatória e ambiental.
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Análise da ANTT e avaliação oficial
A ANTT avalia o mérito da documentação apresentada, incluindo regularidade jurídica, idoneidade, e a capacidade técnica e financeira da proponente, além da aderência às normas do setor.
Após essa etapa, o dossiê deve ser encaminhado ao Ministério dos Transportes para apreciação como política pública. Não há decisão final até o momento.
Traçado, estações e integração metropolitana
O traçado liga Salvador a Feira com plataformas de embarque para passageiros e pátios de carga.
As paradas previstas, nesta ordem, são Águas Claras (com integração ao VLT e à nova rodoviária), Simões Filho, Candeias, São Sebastião do Passé, Santo Amaro e Conceição do Jacuípe.
Já em Feira de Santana, Pátio Ferroviário/CIS, Noide Cerqueira e Rodoferroviária Contorno completam o percurso.
O desenho inclui interfaces com ônibus interurbanos e metropolitanos, ampliando a conectividade regional.
Demanda e desempenho operacional
Segundo a TIC Bahia, a ferrovia foi dimensionada para 85 mil passageiros por dia, algo próximo de 23 milhões ao ano.
Os trens de passageiros podem atingir 160 km/h, enquanto a operação de cargas deve conviver em faixas e horários específicos, com interoperabilidade com outras malhas.
A proposta prevê articulação logística com a FIOL e a FCA, abrindo caminho para o escoamento por Aratu, Salvador e Estaleiro Enseada.
Tarifa igual ao ônibus
A empresa afirma que a tarifa acompanhará os valores do transporte intermunicipal, com projeção entre R$ 35 e R$ 50 por trecho Salvador–Feira.
Em levantamento recente, passagens rodoviárias custam a partir de R$ 38,95 (convencional) e R$ 55,79 (executiva). Esse valor serve como referência para o desenho tarifário do trem.
Investimento bilionário e participação internacional
O investimento privado estimado é de R$ 6,8 bilhões, com expectativa de faturamento anual acima de R$ 1,5 bilhão.
De acordo com a TIC Bahia, quatro grupos empresariais — da Suíça, França, China e Brasil — participam das tratativas, sob cláusulas de confidencialidade.
“O nível de procura e investimento […] tem sido uma surpresa”, disse o engenheiro Danilo Silva. Ele destacou que os interessados se dividem entre logística, sistemas e material rodante.
Sustentabilidade e energia limpa
Em relação a impactos ambientais, a empresa cita a instalação de painéis solares para geração de energia e o compromisso de criar uma reserva ambiental entre Candeias e São Sebastião do Passé.
A expectativa é que a área protegida sirva a compensações e abrigue um parque voltado à pesquisa e ao turismo de base ecológica.
Segundo o engenheiro, “a ideia é recuperar uma mata importante […] e entregar um legado ambiental perene de responsabilidade da própria ferrovia”.
Licenciamento e próximos passos
O projeto se enquadra no marco legal ferroviário (Lei 14.273/2021) e, além da autorização federal, terá de obter licenças ambientais municipais ao longo do traçado.
Também será necessário comprovar viabilidade jurídica e orçamentária. A TIC Bahia prevê, em caso de aprovação, a assinatura do contrato ainda em 2025 e o início das obras em 2029.
Impacto para os passageiros
Se implantada como descrita, a ferrovia encurta um deslocamento hoje superior a uma hora para 35 minutos.
O sistema terá integração física e tarifária aos ônibus metropolitanos. O terminal de Águas Claras, em Salvador, deve funcionar como polo de conexões, reunindo rodoviária, VLT e acesso ao trem.
Transporte de cargas e competitividade logística
Além do transporte de pessoas, a operação mista permite atender fluxos de carga geral conectados a portos e distritos industriais.
A integração com a FIOL e a FCA deve aumentar a produtividade da cadeia logística baiana.
Essa característica é apontada como fator de equilíbrio econômico do empreendimento.
Etapas decisivas no cronograma
O cronograma depende de uma sequência de decisões.
Primeiro, a autorização da ANTT. Depois, o crivo do Ministério dos Transportes. Por fim, a etapa de licenciamento e contratação.
Enquanto isso, parâmetros de demanda, tarifa e traçado seguem em discussão com órgãos públicos e atores locais.
Considerando o desenho técnico, a promessa de tarifa pareada ao ônibus e o cronograma condicionado a aprovações, que ponto você considera mais determinante para o projeto sair do papel: a autorização regulatória, a definição tarifária ou a comprovação de demanda?