Projeto ferroviário busca reativar trecho entre o litoral e o Vale do Ribeira, com promessa de integrar turismo, cargas e transporte regional em um novo eixo de mobilidade mais rápido e sustentável no Estado de São Paulo.
O Governo de São Paulo colocou em marcha um projeto ferroviário para ligar Santos a Cajati, no Vale do Ribeira, sobre um traçado de 223,6 quilômetros e com operação voltada a passageiros e cargas.
A proposta, sob responsabilidade da CPTM, integra o programa de trens intercidades do estado e prevê a reativação de trechos hoje ociosos, com promessa de encurtar deslocamentos e reduzir a pressão sobre as rodovias do litoral sul.
Estudos funcionais publicados nas últimas semanas detalham o desenho do serviço e indicam estimativas preliminares de tempo e oferta.
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Tempo de viagem e operação do trem Santos–Cajati
O traçado em análise contempla três modalidades de operação, com um expresso Santos–Cajati realizando paradas estratégicas, além de dois serviços paradores — um entre Santos e Peruíbe e outro de Peruíbe a Cajati.
De acordo com o estudo funcional apresentado, a viagem completa do expresso é projetada para cerca de 2h20.
Para trens de carga, os técnicos consideram tempo de ciclo em torno de 3 horas, aproveitando a mesma faixa de domínio com adequações operacionais.
Os números ainda dependem do anteprojeto de engenharia e de simulações complementares, mas balizam a discussão pública sobre capacidade, frequência e investimentos.
Aproveitamento da malha ferroviária existente
A diretriz do estado é reaproveitar a malha ferroviária já implantada sempre que possível.
A recuperação de vias e pátios desativados no eixo da antiga ligação da Baixada com o Vale do Ribeira é vista como atalho para reduzir prazos e custos, além de limitar intervenções em áreas ambientalmente sensíveis.
Ao mesmo tempo, o estudo da CPTM aponta trechos que devem receber obras de correção geométrica, passagens em desnível e, em alguns pontos, soluções elevadas para aumentar a velocidade média e dar segurança à convivência com o tráfego urbano.
Benefícios esperados em mobilidade, economia e turismo
A expectativa oficial é de que a nova ligação diminua o fluxo de veículos nas rodovias, eleve o nível de segurança viária e reduza custos logísticos, sobretudo no escoamento de produtos agrícolas e industriais da região sul do estado.
Para o turismo, a leitura é de que a integração entre litoral e Vale do Ribeira pode ampliar o acesso a destinos de natureza e turismo histórico-cultural, com impacto direto em comércio e serviços locais.
A CPTM resume o objetivo em integrar mobilidade diária, turismo e logística em um único corredor sobre trilhos, com menor emissão de carbono por passageiro-quilômetro em relação ao transporte rodoviário.
Etapas do projeto e próximos estudos técnicos
O estudo funcional do Santos–Cajati foi divulgado neste fim de setembro e início de outubro, e a companhia indica como próximo marco a elaboração do anteprojeto de engenharia.
Essa etapa aprofunda traçado, estações, sistemas, material rodante, demanda e custos, além de apoiar licenciamento ambiental e consultas públicas.
O cronograma técnico divulgado menciona o início do anteprojeto ainda neste ano, o que abre caminho para modelagem de concessão ou definição do modo de contratação a partir de 2026, sujeito às aprovações de governo.
Municípios atendidos no trajeto
A rota liga Santos ao Vale do Ribeira, com atendimento a municípios do litoral sul e região de Registro.
Publicações recentes citam localidades como São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Itariri, Pedro de Toledo, Miracatu, Juquiá, Registro e Cajati, entre outras.
Parte dos materiais de divulgação fala em 11 municípios, enquanto reportagens e notas de redes sociais mencionam até 13 cidades no atendimento, diferença que decorre de ajustes de traçado e da contagem entre paradas técnicas e estações comerciais.
A relação final de estações será fechada no anteprojeto.
Inserção no programa de trens intercidades de São Paulo
O Santos–Cajati integra o pacote estadual de trens intercidades (TIC), que concentra estudos para ligações regionais nos eixos Norte, Oeste, Leste e Sul, além de conexões entre polos do interior.
No Eixo Norte (São Paulo–Campinas), o projeto é o mais adiantado: o leilão foi realizado no fim de fevereiro de 2024 e o contrato foi assinado em 29 de maio de 2024 com o Consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, formado pela Comporte e pela CRRC.
A modelagem prevê integração com a atual Linha 7-Rubi.
Nos eixos Sorocaba, São José dos Campos e Santos, os governos estadual e federal reportaram estudos em andamento, com consultas públicas e audiências técnicas previstas nas fases subsequentes antes de eventual licitação.
Governança e integração com o programa SP nos Trilhos
A Secretaria de Parcerias e Investimentos e a CPTM vinculam o Santos–Cajati ao guarda-chuva do programa SP nos Trilhos, que organiza iniciativas sobre mais de 1.000 quilômetros de malha, incluindo expansões metropolitanas, renovações de contrato e propostas regionais.
Nessa estrutura, cada corredor passa por qualificação, estudo, consulta e modelagem antes da decisão sobre concessão ou contratação pública direta.
O Santos–Cajati está nessa trilha metodológica: consolidou seu estudo funcional e progride para as definições de engenharia, demanda e custo.
Impacto no transporte rodoviário
Enquanto o projeto avança, os deslocamentos entre a Baixada Santista e o Vale do Ribeira seguem concentrados nas rodovias Anchieta/Imigrantes e Régis Bittencourt, com tempo sujeito a sazonalidade, obras, clima e acidentes.
A combinação de um trem regional expresso e dois serviços paradores tende a oferecer alternativa com tempos mais previsíveis em feriados, além de criar rotas de última milha via ônibus urbanos e intermunicipais integrados às estações.
A meta de transferir parte da demanda das pistas para os trilhos é central para os ganhos de segurança e emissões apontados nos estudos.
Prazos, riscos e próximos passos
Os prazos de implantação dependem de licenciamento ambiental, captação de investimentos e coordenação com cargas, já que a faixa de domínio tem uso ferroviário histórico.
O tempo de viagem projetado, a quantidade de paradas comerciais e a lista final de estações podem sofrer ajustes na passagem do estudo funcional para o anteprojeto.
O governo afirma que o desenho busca viabilidade técnica e financeira sem abrir mão de ganhos de mobilidade e desenvolvimento regional, especialmente no Vale do Ribeira, área que há décadas pleiteia integração mais eficiente com o restante do estado.
Com a reativação de um corredor ferroviário esquecido e a promessa de ligações mais rápidas entre litoral e interior, que aspecto você considera prioritário acompanhar daqui para frente: o traçado e as estações, o modelo de operação ou o impacto econômico ao longo do Vale do Ribeira?