Com plataforma 150 vezes maior que o Pix, governo planeja automatizar arrecadação com o Split Payments, reduzindo sonegação e alterando o fluxo de caixa das empresas, diz Lavínia Ramos Contabilista.
O novo sistema tributário que começa a ser testado em 2025 deve transformar completamente a forma como impostos são cobrados e pagos no Brasil. De acordo com a contabilista Lavínia Ramos, o modelo, descrito como 150 vezes maior que o Pix em volume de dados, permitirá que todas as transações comerciais sejam rastreadas em tempo real, com impostos descontados automaticamente através do mecanismo chamado Split Payments.
A tecnologia faz parte da implementação da reforma tributária, aprovada em 2024, e tem como objetivo substituir o recolhimento posterior de tributos por um sistema de cobrança instantânea e automática. Segundo estimativas de técnicos envolvidos no projeto, a arrecadação pode crescer entre R$ 400 e R$ 500 bilhões por ano, reduzindo fraudes e inadimplências.
Como funciona o novo sistema tributário
A plataforma foi desenhada para integrar pagamentos, emissão de notas fiscais e repasses automáticos aos cofres públicos federais, estaduais e municipais.
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Diferente do Pix, que registra apenas quem enviou e quem recebeu o dinheiro, o novo sistema registrará também o motivo da transação, vinculando automaticamente o pagamento à nota fiscal eletrônica.
Com isso, cada operação comercial passará a ser rastreável e auditável, dificultando fraudes, divergências e erros.
De acordo com Lavínia Ramos, o imposto será calculado e recolhido no mesmo momento da compra ou da prestação de serviço, eliminando o prazo que as empresas têm hoje para quitar tributos como PIS, Cofins, ISS ou ICMS.
O Split Payments, núcleo do sistema, divide automaticamente o valor pago: parte vai para o vendedor e parte é transferida diretamente aos entes federativos, sem necessidade de guia de recolhimento.
O empresário receberá o valor líquido, já descontados os tributos.
Impacto nas empresas e no fluxo de caixa
Atualmente, as empresas recebem o valor total das vendas e realizam o pagamento de impostos em datas posteriores, o que permite gerenciar o capital de giro e até investir temporariamente esses recursos.
Com o novo sistema tributário, essa dinâmica muda radicalmente.
O valor dos tributos será retido no ato da venda, impedindo que o empresário use esse dinheiro antes do recolhimento.
Para muitos negócios, especialmente pequenos e médios, isso pode significar perda de fôlego financeiro já que não haverá mais o “prazo de respiro” entre faturar e pagar impostos.
Especialistas apontam que o impacto deve variar conforme o setor.
Empresas que dependem de alto volume de compras de insumos podem sentir o efeito imediato, reajustando preços de produtos e serviços.
O sistema, porém, também promete reduzir erros contábeis e custos com burocracia, ao eliminar parte das obrigações acessórias e cálculos manuais.
Monitoramento em tempo real e combate à sonegação
O novo modelo tributário deve funcionar como uma plataforma central de rastreamento das transações nacionais, cruzando dados de pagamentos, notas fiscais e registros contábeis.
Qualquer divergência entre o valor pago e o valor declarado na nota será automaticamente identificada, impedindo o prosseguimento da operação até que o erro seja corrigido.
A Receita Federal afirma que o sistema deve reduzir drasticamente a sonegação e eliminar as chamadas “noteiras” empresas de fachada usadas para emitir notas falsas e mascarar operações irregulares.
Além disso, a automatização deve diminuir erros humanos e aumentar a eficiência no repasse de tributos aos três níveis de governo.
Cronograma e fases de implementação
O projeto começou a ser testado em 2025, em fase piloto, e deve entrar em operação parcial em 2026.
O cronograma prevê expansão progressiva até 2032, quando o sistema deverá estar 100% operacional.
Durante a transição, as empresas continuarão recolhendo impostos nos formatos atuais, mas gradualmente passarão a integrar o ambiente digital do novo modelo.
A longo prazo, a Receita Federal espera criar um ecossistema tributário totalmente automatizado, com possibilidade de cashback tributário para famílias de baixa renda devolvendo parte dos impostos pagos sobre o consumo.
O lado do contribuinte
Além das mudanças para as empresas, o novo sistema também vai impactar o cidadão comum.
Com todas as compras e serviços rastreados em tempo real, as transações pessoais serão mais transparentes, mas também mais expostas ao controle fiscal.
Por outro lado, a automatização promete simplificar a vida do consumidor, eliminando a necessidade de declarar manualmente informações sobre gastos e tributos em alguns casos.
A integração entre pagamentos, notas e impostos deve tornar o sistema mais previsível e menos sujeito a erros, embora levante preocupações sobre privacidade e concentração de dados.
O novo sistema tributário representa um marco na modernização da arrecadação brasileira, combinando tecnologia, automação e rastreabilidade total das transações.
Enquanto o governo aposta em eficiência e transparência, o setor produtivo teme perda de autonomia financeira e aumento indireto de custos.
E você, o que pensa sobre isso? Acredita que esse novo modelo vai simplificar o pagamento de impostos ou aumentar o controle do Estado sobre as finanças das empresas e cidadãos? Compartilhe sua opinião sua visão ajuda a entender o impacto real dessa transformação.