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Novo sistema de pagamentos global da China mira o Brasil e desafia o poder dos EUA, acelerando a desdolarização da economia mundial

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 28/09/2025 às 11:33
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A China expande o CIPS, alternativa ao SWIFT, e mira o Brasil para reduzir custos cambiais, ampliar liquidações em yuan e desafiar o domínio global do dólar

Pequim já não fala em criar uma “moeda dos BRICS”. O verdadeiro movimento estratégico está no CIPS (Cross-Border Interbank Payment System), a rede chinesa que pretende reduzir a dependência do SWIFT e abrir espaço para liquidações em yuan no comércio internacional.

E o Brasil, maior parceiro comercial da China na América Latina, surge como um dos pontos-chave para essa transformação.

O que é o CIPS e por que o Brasil importa

Criado em 2015, o CIPS já conecta mais de 170 instituições financeiras diretamente e quase 1.500 indiretamente, em 119 países. Só em 2024, processou o equivalente a US$ 24,5 trilhões em operações.

Diferente do SWIFT, que funciona apenas como mensageria, o CIPS combina mensagens e liquidação, permitindo que transações sejam feitas em yuan sem passar obrigatoriamente pelo dólar.

No caso do Brasil, isso significa que exportadores de soja, minério e petróleo poderiam receber diretamente em RMB, reduzindo custos com câmbio e diminuindo a exposição a sanções financeiras.

Para Pequim, integrar o Brasil ao sistema é estratégico: além do peso das commodities brasileiras, trata-se de consolidar um aliado na América Latina para fortalecer a internacionalização do yuan.

Esquema ilustrativo do funcionamento de uma transferência internacional via sistema SWIFT, onde o Banco A (remetente) envia a instrução de pagamento através da rede SWIFT ao banco correspondente (Banco C), que processa e intermedeia a operação, encaminhando os fundos ao Banco B (destinatário).

Geopolítica e riscos para os EUA

O avanço do CIPS tem um claro vetor político. Desde 2022, o uso do dólar como arma de sanção elevou a preocupação de vários países em criar alternativas.

A China já testa interconexões entre o CIPS e o SPFS, sistema russo, construindo uma rede paralela que escapa ao alcance direto de Washington.

Para os EUA, o perigo não está numa “moeda BRICS” inexistente, mas na capacidade de Brasil, China, Rússia e parceiros liquidarem fora do ecossistema do dólar.

Donald Trump já sinalizou tarifas de até 100% para países que apoiem alternativas ao dólar. Mas essa postura pode ter efeito inverso: acelerar a adesão de economias emergentes ao CIPS, justamente para proteger suas cadeias de exportação.

O que muda para bancos e empresas brasileiras

Na prática, o impacto será sentido no bolso. Hoje, empresas brasileiras que vendem para a China costumam liquidar via SWIFT, com conversão para dólar e depois para yuan. Esse processo encarece operações e alonga prazos.

Com o CIPS, o pagamento pode ser feito diretamente em RMB, reduzindo tarifas, aumentando velocidade e mitigando riscos cambiais.

Além disso, para bancos brasileiros, integrar-se ao CIPS abre espaço para captar parte dos fluxos financeiros globais em yuan.

Não à toa, já existem negociações para ampliar linhas de swap entre os dois países e instalar novos bancos de compensação em RMB no Brasil, como forma de dar liquidez à moeda chinesa no mercado local.

Desafios e próximos passos

Apesar do crescimento acelerado, o CIPS ainda enfrenta barreiras. Muitos dos participantes internacionais continuam expostos ao sistema americano, o que pode limitar a autonomia do projeto em cenários de sanções.

No Brasil, a adesão depende de ajustes regulatórios, interesse dos bancos privados e aceitação das empresas em assumir contratos diretamente em yuan.

Nos próximos dois anos, será decisivo acompanhar:

  • O aumento do comércio Brasil–China liquidado em RMB;
  • A instalação de bancos de compensação de yuan em território brasileiro;
  • A eventual integração do CIPS com plataformas digitais, como o mBridge, que testa liquidação instantânea entre bancos centrais.

O ponto central é que, para a China, não se trata de destruir o dólar de um dia para o outro, mas de criar margens de manobra.

Se o Brasil embarcar nesse movimento, pode se tornar peça-chave de uma arquitetura financeira global que reduz a centralidade dos EUA e inaugura um novo mapa de poder econômico.

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JP.
JP.
30/09/2025 19:50

Será que o povo brasileiro, estaria interessado, em viver refém de um sistema financeiro comunista.
Já param pra pensar que neste regime, o povo não tem o direito a liberdade de informação.
Exemplo do que estou falando, são as condenações que foram aplicadas pelo regime, 11 pessoas da mesma família foram condenadas a pena de morte .

Fernando
Fernando
Em resposta a  JP.
02/10/2025 21:41

Refém? Somos só refém do Swift, este sistema novo além de mais barato, deixaremos de ser refém, o Swift continua operacional para que quiser pagar fortunas a bancos e taxas para converter e desconverter dólar. Você está tão doutrinado com a falsa liberdade ocidental que por puro preconceito não consegue raciocinar que um sistema alternativo é liberdade. Alternativo significa o oposto de único! Falta de opção significa monopólio.

Ademir Rodrigues
Ademir Rodrigues
Em resposta a  JP.
04/10/2025 20:24

Uai? O Brasil é refém do capitalismo predatório ? Ademais, Comunismo não existe. As regras no mundo todo são as do capitalismo. Tanto Brasil, China, Índia e meio mundo, tentam saídas a esta situação de refém do dólar. Ah! Quanto mais sanções, mais o mundo tentará se desvencilhar delas. Isto não é pra amadores.

Ernesto
Ernesto
30/09/2025 13:23

CIPS. Aqui faço comentários sopre CIPS. seus nojentos. CIPS talvez curta a hegemonia de dólares quando tudo mundo presta atenção que China não pode entra na herança

Marcos
Marcos
30/09/2025 10:36

Esse presidente atual não me representa 🤮

Antifa
Antifa
Em resposta a  Marcos
30/09/2025 13:33

Se f0de aí, 0tário. Muda para o Afeganistão, exemplo de teocracia sem STF e com todo mundo armado. Vai adorar.

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, vivendo no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Escrevo artigos sobre temas complexos em uma linguagem acessível, mantendo rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico

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