Rede russa prepara ofensiva no varejo brasileiro com modelo de ultra desconto e 50 lojas de baixo custo, operação sem serviços tradicionais e foco em alta rotatividade de produtos para garantir preços mais baixos.
A rede russa Svetofor prepara a entrada no varejo alimentar brasileiro e planeja operar no país com a marca Vantajoso.
O projeto prevê 50 unidades em um formato de “ultra-hard discount”, com lojas de cerca de 1.000 m², operação enxuta e ausência de serviços como padaria e açougue.
As primeiras inaugurações estão previstas para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com promessa de preços mais baixos sustentados por margens fixas e alta rotatividade de produtos.
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Estratégia e público-alvo do Vantajoso
A estratégia anunciada tem como base uma margem de lucro fixa e reduzida para todas as categorias, aliada a custos operacionais comprimidos.
Para viabilizar o preço, a rede elimina áreas de serviço, simplifica a exposição de mercadorias e aposta em giro acelerado de estoque.
Em vez de foco em marcas e embalagens sofisticadas, a seleção privilegia itens com boa relação custo-benefício e apresentação direta nas gôndolas.
Segundo a empresa, o público-alvo inclui consumidores das classes B, C e D que buscam economizar sem abrir mão de padrões mínimos de qualidade.
A rede também mira pequenos comerciantes que fazem compras de reposição, embora o atendimento seja voltado ao consumo doméstico, com unidade de loja mais compacta do que as típicas de atacarejo.
O modelo “ultra-hard discount”
O Vantajoso pretende operar no Brasil sob um modelo de “ultra-hard discount”, mais radical que o hard discount tradicional.
Nesse formato, as lojas priorizam sortimento reduzido e dinâmico, negociação direta com fabricantes e ambientação simples, com poucas intervenções de merchandising.
O desenho da operação busca reduzir ao máximo despesas com pessoal, equipamentos e serviços de loja, concentrando esforços na compra, reposição e venda com preços estáveis e agressivos.
Para o consumidor, a promessa é de preço baixo todos os dias, sem depender de campanhas pontuais de folhetos ou “semanas de oferta”.
A empresa compara a experiência a um “depósito de preço baixo”, com ênfase em logística eficiente e tempo curto entre recebimento e venda.
Primeiras lojas no Sudeste
O plano de expansão inicial prioriza a região Sudeste, com São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais à frente do cronograma.
A seleção desses mercados considera concentração populacional, poder de consumo e infraestrutura logística.
A cadeia afirma já ter equipes em campo nas três praças para mapear pontos comerciais, negociar contratos e preparar a malha de fornecedores.
Embora o projeto mencione 50 unidades no Brasil, a companhia não detalhou publicamente o calendário completo de aberturas.
Relatos do setor falam em rampa com entregas em ondas, à medida que contratos de locação, reformas e licenciamentos avançam e que a base de fornecedores local ganha escala.
Tamanho e experiência de compra
As lojas do Vantajoso devem ter área de vendas média de 1.000 m², formato considerado compacto diante de grandes atacarejos, que costumam superar múltiplos dessa metragem.
A ambientação tende a ser minimalista, com exposição direta e poucos elementos de comunicação.
A ideia é que o cliente encontre, compare e finalize a compra rapidamente, com filas aceleradas e reposição contínua ao longo do dia.
Nessa proposta, não há padaria, açougue ou demais serviços assistidos.
A operação foca produtos industrializados, secos e não perecíveis, além de itens refrigerados de alto giro.
O mix é enxuto e muda com frequência, prática que ajuda a manter preços baixos e a evitar estoque parado, mas exige do consumidor flexibilidade na escolha entre marcas e apresentações.
Diferenças em relação ao atacarejo tradicional
Apesar de aproximações com o atacarejo, a própria empresa ressalta diferenças de escopo e de área ocupada.
“Apesar da semelhança com o modelo atacarejo, nossas lojas terão uma área de vendas menor do que unidades comparáveis como Assaí ou Tenda”, afirmou a diretora regional Karina Storozhenko, em declaração atribuída ao site especializado Giro News.
O comentário aponta para uma concorrência indireta: competir em preço e eficiência, porém com lojas menores e estrutura operacional mais leve do que as bandeiras líderes do atacarejo.
Essa abordagem coloca o Vantajoso em uma faixa híbrida entre supermercados de bairro econômicos e discounters, com foco em ticket rápido, compra recorrente e, potencialmente, menos dependência de vendas por volume do que o atacarejo clássico.
Ainda assim, a promessa de tabelas de preço inferiores às praticadas por líderes tende a gerar reação de mercado, sobretudo em regiões onde Assaí, Atacadão e Tenda concentram presença.
Abastecimento e fornecedores
Para sustentar preços baixos, a cadeia pretende privilegiar acordos diretos com fabricantes, reduzindo intermediários e prazos logísticos.
O desenho do sortimento valoriza SKUs com giro comprovado, embalagens econômicas e marcas próprias ou pouco conhecidas, desde que cumpram requisitos de qualidade e fornecimento.
A rotatividade alta é tratada como pilar do modelo: quanto mais rápido o produto passa pelo caixa, menor o custo financeiro e maior a capacidade de repassar condições ao consumidor.
Em paralelo, a rede indica que o padrão de compra não dependerá de promoções pontuais ou de campanhas massivas, e sim de preço sustentado ao longo do tempo.
Essa lógica exige disciplina na formação de preço, contratos mais longos com fornecedores e gestão rígida de despesas.
Presença global e marca no Brasil
No exterior, o grupo russo tem presença com as bandeiras Svetofor, Mere e, em alguns mercados europeus, MyPrice.
No Brasil, porém, a opção será operar sob a marca Vantajoso, escolha que facilita comunicação local e adequação a exigências de registro e marketing.
A decisão também ajuda a diferenciar a operação brasileira de movimentos anteriores do grupo em outros países, que variaram de ritmo conforme regulação, competição e contexto macroeconômico.
Expansão e desafios no mercado brasileiro
O avanço do Vantajoso dependerá da velocidade de abertura das primeiras lojas, da adesão de fornecedores locais, da receptividade do consumidor a um formato com menos serviços e do nível de resposta de concorrentes diretos e indiretos.
Padrões de ruptura, qualidade de perecíveis e execução na frente de caixa serão pontos de atenção para um modelo que se apoia em eficiência operacional.
Para o shopper, a novidade pode significar mais uma opção de preço baixo no dia a dia, com a contrapartida de menor conveniência em serviços e sortimento limitado.
A chegada simultânea a três estados permitirá avaliar, em realidades distintas, aceitação do conceito e ajustes no mix.
Com esse desenho, a entrada do Vantajoso deve pressionar a concorrência por faixas de preço e eficiência, ainda que com escopo de loja diferente do atacarejo tradicional.
A dúvida é como o formato vai se acomodar em praças onde redes consolidadas já disputam agressivamente o bolso do consumidor: que tipo de compra você faria primeiro para testar esse modelo de “preço baixo sempre”?