Cientistas desenvolvem técnica para transformar CO2 da silvicultura em plásticos. Iniciativa pode reduzir emissões e gerar materiais sustentáveis
Cientistas da Finlândia encontraram uma forma de transformar dióxido de carbono liberado pela indústria florestal em matérias-primas para plásticos do dia a dia. A descoberta foi feita por um projeto de pesquisa de três anos, que envolveu o Centro de Pesquisa Técnica VTT e a Universidade LUT.
A pesquisa demonstrou ser possível capturar o CO₂ produzido durante a incineração de resíduos da indústria florestal e convertê-lo em polietileno e polipropileno. Esses dois materiais são amplamente usados na fabricação de plásticos, como embalagens e utensílios domésticos.
Hoje, polietileno e polipropileno são produzidos, em sua maioria, a partir de fontes fósseis. A proposta finlandesa, no entanto, busca mudar essa lógica. O objetivo é usar fontes renováveis, sem exigir mudanças drásticas nas fábricas atuais.
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Conversão de CO₂: adaptação da infraestrutura é chave para a substituição
Segundo o professor Juha Lehtonen, do VTT, os pesquisadores analisaram como adaptar a cadeia de recuperação do CO₂ biogênico às plantas petroquímicas já existentes. Para ele, isso é essencial para substituir rapidamente os combustíveis fósseis por fontes renováveis.
“Nós investigamos por meio de atividades piloto e modelagem, como a cadeia de recuperação de dióxido de carbono biogênico pode ser adaptada às plantas petroquímicas existentes e à produção de plásticos básicos essenciais. Para uma substituição rápida e significativa de matérias-primas fósseis por renováveis, as tecnologias precisam ser adaptadas às instalações de produção atualmente existentes”, disse Juha Lehtonen.
O projeto, chamado Forest CUMP, estudou diferentes tecnologias para produzir essas matérias-primas a partir do CO₂ e do hidrogênio verde. A ideia central é simples: se o processo puder ser encaixado na infraestrutura atual, a substituição será mais rápida e barata.
Processo Fischer-Tropsch de baixa temperatura ganha destaque
Um dos destaques do estudo é o processo Fischer-Tropsch de baixa temperatura. De acordo com Lehtonen, ele se mostrou promissor tanto do ponto de vista técnico quanto econômico.
Com esse processo, é possível produzir a nafta Fischer-Tropsch, que pode ser usada diretamente como insumo na fabricação de plásticos.
Essa adaptação evita a necessidade de grandes investimentos. Lehtonen explicou que outras rotas, como a produção de metanol ou o processo Fischer-Tropsch de alta temperatura, exigiriam novas instalações, o que tornaria o processo mais caro e demorado.
Região nórdica tem vantagem com CO₂ biogênico concentrado
Outro ponto importante do projeto é o papel dos países nórdicos. A região, especialmente a Finlândia, possui grandes reservas de CO₂ biogênico.
Esse tipo de dióxido de carbono vem de fontes renováveis, como a madeira, e está disponível em abundância e de forma concentrada, algo raro em outras partes da Europa.
Kaija Pehu-Lehtonen, gerente de projeto do conglomerado industrial florestal Metsä Group, destacou que essa fonte de CO₂ pode ajudar a criar novas cadeias de valor. Além disso, ela vê nessa oportunidade uma forma de reduzir a dependência de matérias-primas fósseis.
Durante o projeto Forest CUMP, foram realizados testes práticos e experimentais. Esses testes ofereceram uma visão mais clara de como o CO₂ capturado pode ser usado como base para a produção de plásticos.
Potencial energético e foco em produtos duráveis
A Finlândia também conta com infraestrutura energética preparada para apoiar essa transição. O país tem potencial para produzir hidrogênio verde em larga escala. Isso é possível graças ao uso de eletrólise da água com energia renovável.
Para se ter uma ideia do impacto energético, as pesquisas indicam que transformar 10 milhões de toneladas de CO₂ biogênico em produtos renováveis exigiria cerca de 60 TWh de energia elétrica renovável. Isso representa aproximadamente 70% do consumo anual de eletricidade da Finlândia.
Com a mesma quantidade de CO₂, seria possível produzir 3 milhões de toneladas de diesel — o equivalente ao consumo anual do país. A Finlândia possui cerca de 30 milhões de toneladas de fontes de CO₂ de origem biológica, mostrando o potencial de produção em escala industrial.
Mas o foco do projeto Forest CUMP não é produzir combustível. Em vez disso, a meta é capturar o CO₂ biológico e usá-lo em produtos duráveis, como os plásticos. O estudo conclui que essa estratégia pode ser uma alternativa viável para reduzir o uso de matérias-primas fósseis.
Com informações de Interesting Engineering.