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‘Novo pré-sal’ tem 5,6 bilhões de barris de petróleo e pode transformar a Petrobras em uma das maiores potência no setor, mas aval do Ibama ainda não veio: “Continua tudo na mesma”, diz CEO da estatal sobre a Foz do Amazonas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 08/09/2025 às 19:36
Petrobras aguarda aval do Ibama para explorar 5,6 bilhões de barris na Foz do Amazonas após simulado de emergência no Amapá.
Petrobras aguarda aval do Ibama para explorar 5,6 bilhões de barris na Foz do Amazonas após simulado de emergência no Amapá.
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Exploração na Margem Equatorial desperta expectativa por reservas bilionárias, mas depende de licenciamento ambiental em análise pelo Ibama. Petrobras concluiu simulado de emergência no Amapá e aguarda decisão para avançar com a perfuração.

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (05), que não houve avanço no licenciamento ambiental para perfuração na Bacia da Foz do Amazonas.

“Continua tudo na mesma”, disse a executiva, ao comentar o andamento do processo que depende de parecer do Ibama.

Na semana anterior, a estatal concluiu um simulado de emergência em águas profundas do Amapá, etapa prevista nas exigências para a análise ambiental.

Licenciamento na Foz do Amazonas segue sem decisão

Chambriard deu a declaração após participar da posse de diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo ela, a companhia cumpriu as providências técnicas que estavam sob sua responsabilidade e agora aguarda a manifestação do órgão ambiental federal.

A executiva não indicou prazo para a decisão e reforçou que a empresa continuará respondendo a eventuais pedidos complementares de informação.

O licenciamento contempla um poço exploratório em área offshore da Margem Equatorial, faixa geológica que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte.

A Foz do Amazonas concentra parte do interesse da petroleira por apresentar semelhanças com províncias petrolíferas de países vizinhos.

Ainda assim, a autorização formal para perfurar segue condicionada aos pareceres técnicos do Ibama, que avaliam riscos operacionais e a efetividade dos planos de resposta.

Simulado de emergência no Amapá

Como parte do rito de licenciamento, a Petrobras realizou, entre 25 e 28 de agosto de 2025, um exercício de resposta a incidentes na Foz do Amazonas.

A companhia informou que a atividade ocorreu em águas profundas do Amapá, com participação de equipes embarcadas e apoio aéreo e marítimo.

De acordo com relatos internos citados por fontes da empresa, não houve registro de intercorrências relevantes durante a simulação.

Esse tipo de exercício testa a mobilização de recursos, a comunicação entre as frentes de resposta e a capacidade de contenção em cenários de vazamento de petróleo.

O resultado compõe a “avaliação pré-operacional” exigida pelo Ibama e serve para verificar se os procedimentos descritos no plano de emergência conseguem ser executados em condições reais.

Encerrada a etapa prática, o relatório técnico segue para análise do órgão ambiental.

O potencial do “novo pré-sal”

A Margem Equatorial tem sido chamada por autoridades e especialistas de “novo pré-sal” pela expectativa de grandes volumes de óleo em águas profundas e ultraprofundas.

Em 2023, integrantes do governo citaram estudos segundo os quais um bloco na costa do Amapá poderia somar mais de 5,6 bilhões de barris em recursos potenciais de petróleo.

O número posicionou a região como uma das principais apostas exploratórias do país e alimentou projeções sobre impacto na produção nacional ao longo da próxima década.

Embora o título desta reportagem remeta a esse potencial, a Petrobras e os órgãos reguladores reiteram que a confirmação de volumes depende de perfuração e avaliação de dados de poços.

Em outras palavras, a estimativa não substitui a etapa exploratória.

Por isso, o foco atual da estatal está em vencer o trâmite de licenciamento para realizar a primeira perfuração e, a partir dos resultados, calibrar cenários de investimento.

O que o Ibama avalia

O Ibama analisa aspectos como sensibilidade ambiental da área, rotas de fauna, correntes marinhas, distância da costa, logística de resposta e estrutura dedicada à fauna afetada em caso de acidente.

Entram nessa verificação o plano de emergência, os recursos materiais e humanos previstos, além dos protocolos de integração com autoridades locais e federais.

Enquanto a análise segue em curso, não há liberação para iniciar a atividade de perfuração.

A Petrobras afirma que vem incorporando condicionantes solicitadas pelo órgão ao longo do processo.

Entre as medidas estão centros de atendimento à fauna, contratos de embarcações de apoio de alto porte, equipamentos de contenção e monitoramento e a realização de simulados específicos para o ambiente sensível da foz do rio.

A empresa sustenta que esses elementos elevam a robustez da resposta e reduzem o risco residual.

Histórico e contexto regulatório

Em 2023, um pedido anterior de perfuração na região foi rejeitado e retornou para complementações técnicas.

Desde então, a estatal reformulou documentos, ajustou procedimentos e reapresentou o projeto, que passou a prever exercícios práticos e infraestrutura adicional de resposta a incidentes.

Em 2025, com a conclusão do simulado e a entrega de relatórios, a tramitação alcançou nova fase, ainda dependente do crivo técnico do Ibama.

Do lado setorial, a Agência Nacional do Petróleo acompanha o processo como reguladora e, ao mesmo tempo, conduz agendas próprias, como o planejamento de oferta de áreas e o monitoramento das bacias sedimentares.

A decisão ambiental, no entanto, é determinante para qualquer avanço operacional no bloco específico da Foz do Amazonas.

Impactos para a Petrobras e para a produção nacional

Caso a perfuração seja autorizada e confirme volumes economicamente viáveis, a Petrobras poderá consolidar uma nova frente de exploração em paralelo ao pré-sal consolidado do Sudeste.

Esse movimento tem potencial de diversificar a carteira de ativos, diluir riscos geológicos e sustentar a curva de produção no médio e no longo prazo.

Além disso, a abertura de uma nova província pode atrair fornecedores e investimentos em cadeias de bens e serviços ligadas à indústria de óleo e gás.

Por outro lado, a inexistência de licença impede o início do ciclo exploratório e adia decisões de alocação de capital.

A estatal vem afirmando que mantém seus compromissos com metas ambientais e que a estratégia empresarial considera cenários de transição energética, mas ressalta a necessidade de repor reservas para assegurar segurança energética.

O equilíbrio entre esses objetivos passa, necessariamente, pelo desfecho do licenciamento ambiental.

O que esperar dos próximos passos

A partir da entrega do relatório do simulado, o Ibama deve consolidar pareceres internos sobre a conformidade do plano de emergência, a prontidão de recursos e a adequação das salvaguardas ambientais. Não há prazo público definido para a decisão.

Enquanto isso, a Petrobras permanece em estado de prontidão para ajustes adicionais que venham a ser solicitados.

A empresa também acompanha a agenda regulatória e mantém diálogo com autoridades federais e estaduais.

A discussão sobre a Foz do Amazonas ocorre em um momento em que o governo federal alinha metas ambientais com a política energética.

O desafio é compatibilizar a ambição de reduzir emissões e preservar biomas sensíveis com a necessidade de garantir oferta de energia e receitas.

Nessa equação, a transparência do processo de licenciamento e a aderência a parâmetros técnicos serão determinantes para o ritmo das próximas etapas.

Por fim, a expectativa sobre o “novo pré-sal” mantém o tema no centro do debate econômico e ambiental do país.

A confirmação de reservas relevantes poderia redefinir a trajetória de produção e de investimentos da estatal, mas tudo depende do aval ambiental e da primeira perfuração exploratória.

A pergunta que permanece é: o sinal verde do Ibama chegará a tempo de transformar essa promessa em fronteira concreta de produção?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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